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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Empresa terceirizada atrasa pagamentos e ameaça trabalhadoras da limpeza do IFSP

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DESVALORIZAÇÃO – apesar de essenciais, trabalhadoras terceirizadas seguem sendo desrespeitadas e sofrendo assédio moral (Foto: Reprodução)

Biana Polito | Presidente da Associação Independente de Trabalhadoras Terceirizadas (AIT)

SÃO PAULO – As trabalhadoras terceirizadas do serviço de limpeza são essenciais em qualquer setor produtivo, sem elas nenhuma fábrica, hospital, empresa, mercado, escola ou universidade funcionariam. Apesar de fundamentais, as trabalhadoras são tratadas com desrespeito e desprezo por parte, principalmente, das próprias empresas terceirizadas, que muitas vezes lhes negam os direitos estabelecidos nas leis trabalhistas. 

Esse é o caso da empresa R&V Serviços Técnicos e Conservação Ltda, que presta serviço de limpeza há quase 6 anos ao câmpus São Paulo do Instituto Federal de SP (IFSP). Nos últimos meses, considerando que o prazo de seu contrato está chegando ao fim, a empresa decidiu atrasar ou mesmo não pagar os benefícios às trabalhadoras que, apesar da pandemia e do esvaziamento do campus, continuam exercendo suas funções presencialmente. 

Mesmo com um contrato milionário firmado com o IFSP, mais especificamente de parcelas mensais equivalentes à R$ 122.750,00, totalizando o enorme valor anual de R$ 1.473.000,00 de acordo com os dados disponíveis no site do IFSP, a R&V parou de depositar o vale alimentação, o vale refeição e o vale transporte das trabalhadoras a partir de março. O vale alimentação representa apenas 3,2% dos ganhos mensais da empresa no contrato com o Instituo Federal, ainda assim os patrões decidiram deixar as trabalhadoras sem receber o dinheiro que é fruto de seu trabalho.

Não bastasse, quando os atrasos são questionados, a supervisora representante da empresa assedia as funcionárias para que elas aceitem um acordo de demissão onde recebem apenas 20% e não 40% de multa sobre o FGTS, apenas 50% do valor das verbas rescisórias, entre outras injustiças. Esse “acordo”, que não passa de uma imposição, é totalmente prejudicial e injusto para as funcionárias e beneficia apenas o patrão; no entanto é permitido devido às mudanças aprovadas pela também injusta Reforma Trabalhista.

 Além disso, outra ameaça é feita sobre uma possível falência que deixaria as funcionárias na mão, mas que na verdade é um golpe antigo de empresas terceirizadas: para não demitir os trabalhadores e pagar as verbas rescisórias, abrem um processo de falência, não pagam os direitos e depois reabrem com outro nome mas com o mesmo dono.

. Tudo isso mostra que o objetivo deles é fazer com que os atrasos causem medo e sirvam como uma ferramenta que impõe as trabalhadoras um acordo que elas não têm intenção de aceitar. A R&V, não à toa, mesmo sendo cobrada pelo IFSP, não consegue apresentar nenhuma justificativa para a falta de pagamento e atrasos, pois claramente a única explicação é acumular riqueza enquanto nega o pagamento dos direitos trabalhistas. Isso demonstra como a vida dessas, e de outras mulheres, é desprezada pelos patrões, pois esse não é um caso isolado. Elas são mães trabalhadoras que têm apenas a renda do seu trabalho para se sustentar, por isso se sentem angustiadas quando não recebem pelo trabalho que exercem durante todo o mês.

A responsabilidade do descaso que se comete contra essas mulheres é obrigatoriamente da R&V Serviços Técnicos e Conservação Ltda, empresa terceirizada que sempre colocará o lucro acima da vida. Por isso, é necessário que as trabalhadoras se unam contra esse tipo de exploração e é também urgente que a comunidade do IFSP se solidarize e questione se é correto tornar essa injusta prática trabalhista comum ou aceitável.

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