Carta enviada por professor da Rede Municipal e Estadual
O país enfrenta seu pior momento na pandemia até agora, e o estado de São Paulo encontra-se na Fase Vermelha do plano controle, onde é permitida apenas a abertura de serviços essenciais, como farmácias e mercados. Contudo, na contra mão das restrições de circulação e do isolamento social propagado pelas autoridades sanitárias, as escolas encontram-se em plena atividade como se, de fato, fossem o ambiente ideal e seguro para as crianças e toda a comunidade escolar circularem, como querem fazer parecer o prefeito Bruno Covas e o governador João Dória.
Desta maneira, entendendo ser inviável a manutenção das atividades escolares presenciais com a devida responsabilidade e zelo à vida, que o momento demanda, os profissionais de educação do município iniciaram greve no dia 10 de fevereiro reivindicando o imediato retorno às atividades remotas. O fato de o estado inteiro estar enquadrado na “fase vermelha” e as escolas permanecerem abertas sem medidas efetivas de controle como a testagem em massa de profissionais e estudantes e, a vacinação em toda a comunidade escolar, demonstram o descaso e o desrespeito do prefeito Bruno Covas em relação à saúde e vida da população. Foi só agora, depois de muita luta e reivindicações, que os profissionais da educação foram colocados no calendário de vacinação, ainda longe de ser o ideal, pois serão vacinados, inicialmente, apenas maiores de 47 anos, o que deixa parcela considerável dos profissionais sem perspectiva de vacinação. Além disso, nada foi falado a respeito da saúde e segurança dos trabalhadores terceirizados que partilham o mesmo ambiente escolar.
Para agravar ainda mais o quadro, a Secretaria Municipal de Educação descontou os dias parados dos grevistas que tiveram suas faltas apontadas dentro de suas unidades escolares. Essa é uma arbitrariedade absurda, mas não inédita do governo do PSDB frente à prefeitura de São Paulo. Inúmeros trabalhadores da educação tiveram sua folha de pagamento em branco por exercerem seu direito constitucional à greve, em especial essa que se trata de uma greve sanitária pela saúde e vida da população. Os professores abominam essa atitude autoritária da prefeitura de São Paulo em deixar sem pagamento trabalhadores dispostos a continuar suas atividades à distância, mas que lutam por sua saúde, neste difícil momento de pandemia, onde a carestia de vida só aumenta. A greve é uma conquista e um direito de toda a classe trabalhadora, negar esse direito é uma afronta. Não podemos aceitar esse ultraje do prefeito Bruno Covas. Os profissionais da educação permanecem em greve cobrando da prefeitura um enfrentamento efetivo à pandemia e, exigindo o pagamento dos dias parados e o fim das atividades presenciais enquanto não houver vacinação para toda a comunidade escolar e um ambiente seguro e saudável para todos.