Moradores de Sepetiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, sofrem com o sumiço das linhas de ônibus. A justificativa dos cortes se baseia na mentira deslavada de que com a pandemia “menos passageiros pegam ônibus”. Grandes empresários da máfia dos transportes se importam com o superlucro de suas fortunas, não com as vidas dos habitantes da região.
Igor Barradas | Redação Rio
DESCASO – Tarifas caras, falta de ar-condicionado, transportes mal cuidados e lotados. Essas são algumas das dificuldades enfrentadas pelos moradores do bairro de Sepetiba, no Rio. Ao mesmo tempo que estas pessoas comem “o pão que o diabo amassou”, um pequeno grupo de ricos manda e desmanda nos transportes públicos da cidade. A prefeitura segue alinhada com essa política, subsidiando os gestores e dando benefícios fiscais para os milionários.
A verdade é que os moradores não pararam de pegar ônibus por vontade própria. Eles são em sua maioria jovens, estudantes, operários e diaristas que necessitam de transporte público diário para locomoção até seus locais de trabalho.
Na última quinta (24), seis linhas foram retiradas de circulação. Desde maio do ano passado, nas 17 linhas operadas pela empresa Expresso Pégaso, uma das maiores da Zona Oeste, apenas cinco ônibus convencionais estavam circulando. Para os donos destas empresas, é pouco interessante manter frotas de transporte em locais que não sejam lucrativos.
Rio de Janeiro tem o pior sistema de transporte do mundo
Apenas na capital, mais de sete mil rodoviários foram demitidos nos últimos 14 meses. Os motoristas de ônibus fazem parte dos trabalhadores que não pararam de atuar durante a pandemia, mesmo recebendo salário atrasado, sem fornecimento de equipamentos de proteção sanitária adequados e ganhando pouco.
Um estudo realizado em 2018 aponta o Rio de Janeiro como a cidade com o pior sistema de transporte do mundo, entre 74 outras avaliadas. O problema é antigo, não surgiu somente durante a pandemia. A única solução que os trabalhadores podem encontrar para vencer esse descaso é a luta pela estatização imediata de todos os ônibus, para de fato atender às necessidades da população.