O papel dos grêmios estudantis na luta contra o capitalismo

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O grêmio é a voz do estudante. Foto: AERJ

Durante o último período, foram diversos os ataques do governo fascista: cortes e intervenções na rede federal, negação do direito ao estudo dos estudantes pobres, por meio da falta de suporte tecnológico e financeiro, negação ao direito à alimentação e tantos outros.  Mas onde e como os estudantes secundaristas podem resistir e lutar por seus direitos?

Gabriel Puga, Rio de Janeiro

JUVENTUDE – A cada dia que passa, a conjuntura política no país se acirra mais. O governo do fascista Jair Bolsonaro e seus aliados políticos e econômicos buscam, a todo custo,  o avanço das políticas antipovo e uma tentativa de golpe no país. 

Em contraposição, a parcela consequente do movimento popular há tempos se esforça para construir o único meio eficiente para derrotar o governo: as mobilizações de rua E a radicalização das lutas.

Diante de uma conjuntura como essa, os revolucionário tem afirmado que para derrotar o fascismo, é necessária a construção de uma frente que una a classe trabalhadora. Mas além da classe trabalhadora, os estudantes também tem sido importantes para engrossar as mobilizações populares.

É no Grêmio Estudantil que a luta começa

Os Grêmios Estudantis são a representação dos estudantes dentro e fora da escola. Embora tenha uma diretoria eleita, são sócios do Grêmio todos os estudantes da escola, que têm o direito de opinar sobre tudo o que é relativo a ele.

Na maioria das vezes, os grêmios são a primeira referência do Movimento Estudantil que as pessoas conhecem. No entanto, não basta o Grêmio existir, é imprescindível que ele seja ativo e democrático. Segundo a Cartilha de Grêmios do Movimento Rebele-se: A força do grêmio está na participação dos estudantes. Quanto mais estudantes participarem do grêmio e de suas atividades, mais coisas ele será capaz de conquistar”

O Grêmio não pode estar distante dos estudantes, mas deve fundir seus interesses aos deles. Ele precisa ser capaz de organizar os alunos da escola por suas demandas específicas, mostrando o caráter político mais geral que aquelas demandas inevitavelmente apresentam.

Somente assim, mais e mais estudantes se convenceram da necessidade da luta contra o capitalismo. Além disso, muitos serão capazes de tornarem-se quadros revolucionários que defendam o socialismo. Quantos não foram os revolucionários que foram encontrados quando ainda secundaristas? Para citar apenas alguns: Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra e Stálin.

Mas qual, então, o caráter das lutas que o Grêmio deve tocar para avançar a consciência estudantil?

Sobre as formas de luta

Essencialmente, existem duas principais formas de luta: a luta reivindicatória e a luta política, que não se contradizem entre si, mas, pelo contrário, são inseparáveis.

Quando as meninas de um colégio apresentam denúncias de casos de assédio envolvendo um professor, o aspecto imediato é o da reivindicação pela demissão e substituição do professor, embora seja claro que o assédio representa apenas um sintoma do machismo, inerente à sociedade capitalista.

À medida que a luta avança, a reivindicação vai demonstrando também seu caráter político, de maneira cada vez mais evidente, e em geral transforma-se em uma luta política quando, por exemplo, a direção da escola ignora as denúncias, a acusação volta-se contra as vítimas e a reivindicação não é atendida, mas oprimida. Dessa forma, o central passa a ser, agora, a denúncia do machismo.

“Assim, não existe luta reivindicatória pura como também não existe luta política pura. Toda luta política encerra um aspecto reivindicatório, toda luta reivindicatória encerra um aspecto político.”, trás o importante documento “Sobre o Movimento Estudantil”.

Essencialmente, as lutas apresentam caráter pedagógico: é a partir da luta por mais vagas nas universidades que se perceberá a necessidade do fim do vestibular. É a partir da luta contra o assédio que será possível perceber que o assédio é parte de um projeto sistêmico, e por aí vai.

Os elementos mais conscientes devem ser capazes de demonstrar ao conjunto dos estudantes as contradições, mas sem se colocar acima deles. Uma luta imposta, convocada apenas por seu caráter político, terá tão somente a adesão desses mais conscientes, e não envolverá o todos os estudantes. As lutas do Grêmio precisam ser as lutas da base.

A necessidade de fundação de mais grêmios

Para que possamos mobilizar cada vez mais jovens para a grandiosa tarefa de derrotar o fascismo e construir o socialismo no Brasil, o crescimento quantitativo e qualitativo é urgente. 

A propagação da linha política do movimento estudantil combativo precisa intensificar-se e, portanto, precisamos construir uma enorme campanha nacional de fundação de grêmios estudantis, como já convoca o Movimento Rebele-se.

Em cada escola que abriga jovens capazes de tremer de indignação frente às injustiças, lá devemos estar a organizar a fundação do Grêmio e, nesse Grêmio, devem ser impulsionadas diversas lutas. Esse será um diferencial crucial para o crescimento do movimento de massas entre os secundaristas, na luta pelo Fora Bolsonaro e pelo Poder Popular.