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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A Construção do Poder Popular além das capitais

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Manifestação de estudantes em Cabo Frio, uma das principais cidades do interior do Rio. Foto: Jornal A Verdade

Para construção de um Poder Popular em um país continental como o Brasil é tarefa dos revolucionários apresentar ao povo do interior a construção de uma sociedade mais justa e a possibilidade de ter esperança na mudança advinda do nosso esforço e trabalho coletivo. 

Rafael Figueira

CABO FRIO/RJ – O Brasil, hoje tem 213 milhões de habitantes divididos em 5500 cidades nos seus 26 estados mais o Distrito Federal. Historicamente as indústrias, empregos, oportunidades e principais disputas políticas se concentram nas capitais fazendo com que hoje 23,87% da população Brasileira se concentre em 27 cidades. 

As capitais estão acostumadas com mais mobilizações de rua em busca de direitos, mais repressão e inúmeras novidades no decorrer da história que escreveram os episódios da construção da sociedade brasileira como é hoje. As grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Brasília concentram favelas, desigualdades e os embates sociais que já conhecemos muito bem. 

Além disso, contando com as capitais, somam 49 cidades do país que tem mais de 500 mil habitantes, juntando elas aproximadamente 72 milhões de habitantes, 31% da população brasileira. Todas essas cidades concentram as disputas políticas públicas do cotidiano fazendo com que a velha política brasileira, de coronelismo barato e violento, seja mais enfrentada nas maiores e mais ricas cidades. Porém 69% da população brasileira segue residindo no interior do nosso país.

Cidades pequenas, com pouquíssima referência de organização, lutas sindicais por falta de categorias organizadas, a maioria esmagadora sem Universidades Públicas, com índices de feminicídio grotesco e sem nenhum indício de política pública entre outras mazelas do sistema capitalista que crescem de forma majoritária quando não se tem questionamentos de rua, públicos e organizados.

Todas as localidades têm suas características próprias que devemos entender, vivenciar e pensar ao máximo de como temos condições de intervir na realidade. É muito familiar a disputa do espaço político das ruas e o grau de vitórias que esse meio de luta nos trás, porém, nos interiores nossa ousadia pode ser maior ainda.

Trabalhadores de Carpina, interior de Pernambuco, em mobilização contra o governo Temer, em 2017. Foto: Jornal A Verdade

O papel dos revolucionários nos interiores

Ao organizar uma categoria que nunca teve acesso a um sindicato, as mulheres para pensar políticas públicas municipais de combate ao machismo, a juventude em busca por alternativas de educação perto da sua casa e de qualidade, temos total condições de disputar os espaços parlamentares dessas cidades e regiões. Como tudo no capitalismo o dinheiro dá as primeiras cartas, mas pelas dimensões dessas localidades temos mais condições de através do trabalho explorar uma massa que irá nos conhecer e criar referências de lutas da cidade e não só de um segmento específico. 

As cidades relativamente pequenas são um terreno fértil para o trabalho revolucionário, com muita descrença na política “tradicional” e normalmente sem opções revolucionárias e até social democratas de organização para o povo trabalhador e a juventude. Desde o interior turístico até o interior agrário a denúncia da exploração capitalista sempre vai ter uma conotação local mais firme e que doa na realidade das pessoas locais.

O turismo predatório, a falta de condições estruturais para as populações sobrevivem sem uma política mínima de geração de empregos fora de temporada e estabilidade financeira. É muito comum nessas cidades a maior empregadora ser a Prefeitura e a grande maioria sendo contratados temporariamente, um alvo fácil pro assédio moral e a velha barganha em troca de votos e favores que se nas capitais acontecem muito nas cidades pequenas a covardia das famílias tradicionais da política é maior ainda botando nosso povo em situação de dependência e precarização maior ainda.

Não precisa estar no interior para visualizar como a grande maioria dos partidos políticos do Brasil são tratados de forma fisiológica e movida por interesses individuais. Essa dança das cadeiras das famílias tradicionais e o descrédito pesa muito nas cidades pequenas, disputar no meio do povo a referência coletiva de um projeto com a de grandes salvadores da pátria que ficam longe de fazer o mínimo da resultado com a mistura da denúncia política e a construção de alternativas de combate a fome (como as redes de solidariedade do MLB) e também de soluções para a falta de política pública eficiente dos governos entre todos os segmentos.

Construir o Poder Popular em um país continental como o Brasil é tarefa dos revolucionários. Por isso, é importante apresentar ao povo do interior a construção de uma sociedade mais justa e a possibilidade de ter esperança na mudança advinda do nosso esforço e trabalho coletivo como em todos os nossos trabalhos, explorando a energia e a referência que só uma juventude combativa e com perspectiva de dirigir um processo revolucionário pode ter.

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