Qual deve ser a relação do indivíduo com o Partido?

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Edson Victor
Militante da Unidade Popular (DF)


OPINIÃO – Muito se debate sobre qual deve ser a relação entre o individuo com o partido a qual ele faz parte. Pois bem, camaradas, o intuito desse texto é traçar as noções básicas acerca do tema pois para abranger toda a complexidade do tema é necessário mais que uma matéria.

Essa relação deve ser entendida como uma vivência em unidade. Efetivamente, nós, os comunistas, devemos ter entendimento das nossas responsabilidades para com o partido, e que de forma entrelaçada existem as responsabilidades coletivas: defender e construir a teoria política e a prática do partido como também realizar as tarefas ao qual se assumiu, essas responsabilidades dizem respeito a construção das lutas políticas que o partido venha travar de forma externa, por exemplo, panfletagens, atos e manifestações, “decorações” dos muros das cidades, dentre diversas outras tarefas que o partido possa realizar;

E as responsabilidades individuais: essas por sua vez se dizem respeito ao comprometimento do individuo com o avanço e bem estar interno do partido, isso é, ter compromisso em praticar a crítica a um companheiro ou companheira com respeito e afeto de maneira que busque a melhora através da crítica como também entender que comportamentos e ideias que foram por anos fortalecidas pela ideologia liberal não serão de forma instantânea esquecidas e superadas pois cada indivíduo tem seu nível de consciência, mas a disputa política para o combate a ideologia liberal deve ser constante, um trabalho cotidiano. Outro fundamental comprometimento para com as responsabilidades individuais que devemos ter é a prática da autocrítica de forma sincera e consciente, devemos ter em mente que ninguém está livre da ideologia liberal e a sua reprodução pode ocorrer em todos os indivíduos que compõe o partido, inclusive, em nós.

Para que isso aconteça, essa relação entre as responsabilidades coletivas e individuais no ceio do Partido é indispensável que sejamos humildes, e abdiquemos radicalmente de todo traço de “individualismo”. Não digo que não podemos ter opiniões próprias, gostos particulares, saberes individuais, mas sim que devemos ter claro que nenhuma pessoa esta acima de outra e muito menos acima do coletivo. O “individualismo” se manifesta na soberba de se entender superior aos outros militantes quando não se aceita crítica; quando não aceita ajuda de outros para realização de uma tarefa, e quando aceita é de uma forma que coloque o outro de forma subsidiária; quando se tem uma grande dificuldade em aceitar que uma ideia que se teve foi superada pelo coletivo. E todas essas tendências devem ser duramente combatida.

Como muito bem apontou o grande revolucionário vietnamita Ho Chi Mihn sobre estas manifestações de individualismo:

“Por não terem ainda eliminado em si mesmos o individualismo, alguns falam ainda de “seus méritos” com relação ao Partido. Querem que o Partido lhes “agradeça”. Reclamam um tratamento privilegiado, honrarias, postos importantes. Reclamam vantagens. Como suas exigências não são satisfeitas, zangam-se com o Partido, queixam-se dizendo que não têm futuro, que são “sacrificados”. Afastam-se aos poucos do Partido e chegam inclusive a sabotar sua política e sua disciplina.”

E complementa, “prisioneiros de seu individualismo, tornaram-se altivos, demasiado orgulhosos de seus méritos e passaram a ter opinião boa demais de si mesmos. Criticam os outros, ‘mas não querem ser criticados; não praticam a autocrítica ou praticam-na sem sinceridade nem seriedade. Temem perder prestígio, desacreditar-se. Não dão atenção às opiniões das massas, fazem pouco caso dos quadros sem partido. Não compreendem que é muito difícil não cometer erros quando se milita. Não temamos em reconhecer nossos erros; o que devemos temer é não estarmos decididos a corrigi-los. Para isso é necessário prestar-se de bom grado à crítica das massas e praticar sinceramente a autocrítica. Rejeitar a autocrítica e abster-se da crítica conduzirá infalivelmente à degradação moral, ao retrocesso. E aquele que cair nisso será rejeitado pelas massas. É uma conseqüência inevitável do individualismo.”

E a qualidade no cumprimento dessas responsabilidades está ligada ao grau de consciência do indivíduo, e como tática para a elevação da nossa consciência e da dos nossos companheiros e companheiras são os estudos individuais e coletivos com textos que tratem sobre o combate a ideologia liberal e refina nosso alinhamento com a política do partido como também nossa participação nas atividades e reuniões do partido.

Portanto, o caráter da relação do indivíduo com o partido é um caráter revolucionário, superamos a ideia individualista e nos tornamos homens e mulheres coletivas. Nesse sentido devemos compreender que nós, os comunistas, e o partido somos apenas um único organismo. Você é o partido e o partido é você, nas palavras do poeta Bertolt Brecht:

“Mas quem é o Partido?

Ele fica sentado em uma casa com telefones?

Seus pensamentos são secretos? Suas decisões desconhecidas?

Quem é ele?

 

Nós somos ele.

Você, eu, vocês – nós todos.

Ele veste sua roupa, camarada, e pensa com sua cabeça

Onde eu moro é a casa dele, e quando você é atacado

Ele luta!”