Adilah Raquel Brito
Movimento Correnteza – Bahia
No dia 31 de outubro, um dia após o resultado das eleições que marcaram a derrota do fascismo nas urnas, estudantes da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) – Campus I foram à Reitoria da universidade reivindicar a abertura do restaurante universitário, que tinha o prazo de ser aberto até Outubro deste ano e exigir que o valor das refeições seja subsidiado, pois caso contrário cada estudante terá que pagar R$ 16 por refeição, como foi informado pela distribuidora. Num momento em que 33 milhões de brasileiros passam fome e mais da metade da população está sob insegurança alimentar, não é difícil de imaginar que dentro da universidade também existam estudantes inclusos nessa vulnerabilidade social.
Na UNEB, estudantes lutam cotidianamente para permanecer na universidade. Não garantir a alimentação é um dos principais fatores para a evasão na universidade. Dessa forma, após uma plenária realizada pelo Movimento Correnteza no dia 25 do mesmo mês, estudantes de diversos cursos do campus UNEB I em Salvador se juntaram para manifestar sua indignação e revolta pela falta de políticas de permanência estudantil que sejam eficientes para que consigam ter uma educação digna e uma formação de qualidade.
Após uma greve estudantil em 2019, os estudantes conquistaram a construção do restaurante universitário, que foi inaugurado em Agosto de 2022, entretanto, essa inauguração não passou de uma estratégia de marketing da reitoria, pois inauguraram um prédio vazio, sem mesas, fogão e muito menos comida para atender os estudantes que passam fome. Também no mês de Agosto, as aulas retornaram a ser 100% presenciais, fazendo com que estudantes do interior que se mudaram permanentemente para a capital tenham encontrado muita dificuldade para se manter na cidade, com a alta na inflação dos alimentos e custo de vida. A promessa de 2 mil refeições diárias ajudaria na permanência desses estudantes, que ao longo de dois meses entram no quadro de insegurança alimentar, por vezes acabam por retornar às suas cidades de origem aos seus lares e seus sonhos de concluir o ensino superior são deixados para trás.
Porém, de nada adianta um restaurante universitário aberto que não tenha um preço acessível para os estudantes se alimentarem. A Bahia é o estado que lidera o ranking com mais de 1 milhão de pessoas desempregadas, o maior número de desempregados do país. Diante disso, o valor absurdo de R$16 por refeição em uma universidade que é conhecida por ser diversa e inclusiva, é completamente contraditório. Dessa forma, os estudantes cobram do Governo do Estado e da reitoria um posicionamento para subsidiar esse valor e com palavras de ordem afirmaram “Não vai ter sossego, libera o RU, eu quero o meu direito!”.