Estudante e dirigente da UP é vítima de ataques racistas na UFAL

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Mensagens publicadas depois de um rompimento na direção do DCE UFAL revelaram comportamento criminoso de integrantes da entidade.

Redação Alagoas


JUVENTUDE – Um desentendimento entre os integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), cuja atual gestão tomou posse no dia 18 de maio, revelou atitudes inadmissíveis entre dirigentes do movimento estudantil, que deixaram estarrecida a comunidade universitária e provocaram reações de protesto.

Composta por militantes da Juventude do PT, pela UJS e por independentes, a gestão do DCE passa, no momento, por um rompimento entre esses grupos e, em virtude disso, foram divulgadas mensagens de conteúdo misógino, racista e homofóbico.

Estudantes da chapa “DCE a todo vapor” (Correnteza/UJC), que participou do último pleito eleitoral, são atacados de forma vergonhosa. Entre os alvos mais visados está a companheira Thatiana Machado, membro da gestão anterior do DCE, militante do Movimento Correnteza e vice-presidenta da Unidade Popular (UP) de Maceió.

Numa das mensagens reveladas, alguns estudantes ofendem a companheira Thatiana perguntando “Por que ela ainda existe?”. Logo em seguida, publicaram a imagem de uma galinha preta e depois comentam ofensas como “sapo”, “joga sal grosso nela”.

Em outro trecho, no dia 7 de junho, alguém comenta que vai para uma reunião com representantes da UJC e do PCR e outra pessoa diz: “vá de máscara, pois eles fedem igual à peste”.

Thatiana ficou estarrecida com o nível dos comentários revelados. “É extremamente repugnante ver essas mensagens, o teor de racismo, de LGBTfoa, machismo e misoginia, contra mim e outros estudantes da UFAL. Lamento ter um DCE que carrega o nome do maior Quilombo que já existiu no Brasil, atualmente com uma gestão onde há pessoas que não respeitam as diferenças e propagam o ódio em suas falas, cometendo inclusive crimes absurdos”, declarou a companheira.

Nenhuma divergência política justifica esse tipo de comportamento, que se assemelha à postura da extrema-direita e não pode ser a postura de dirigentes de uma entidade estudantil. A Unidade Popular de Alagoas emitiu nota de repúdio. Confira.

NOTA DE REPÚDIO DA UP SOBRE O CASO DE RACISMO NA UFAL

A Unidade Popular (UP) vem a público repudiar as ofensas racistas, homofóbicas e misóginas proferidas por integrantes da gestão Todos os Cantos, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), reveladas através de um dossiê apresentado no último Conselho de Entidades de Base, realizado no início do mês.

Manifestamos, ao mesmo tempo, solidariedade à companheira Thatiana Machado, liderança estudantil que esteve à frente das lutas na Ufal no último ano, na gestão anterior do DCE e é vice-presidente municipal da Unidade Popular. Como também, aos demais estudantes citados em comentários que mais parecem ter nascido no submundo da extrema-direita e não coadunam com os princípios de respeito e igualdade defendidos no Movimento Estudantil ao longo de décadas.

É com grande indignação e revolta que testemunhamos a existência de tais atitudes dentro de uma entidade que deveria ser um espaço de inclusão, diversidade e representatividade para todos os estudantes. O racismo, o preconceito e a discriminação são inaceitáveis em qualquer circunstância, e não podem de forma alguma ser tolerados em uma instituição que tem a responsabilidade de lutar pelos direitos e interesses dos estudantes.

Reafirmamos nosso compromisso com a luta contra as injustiças sociais, nesta caminhada pela promoção da igualdade, do respeito e de uma sociedade socialista. Nós, da Unidade Popular, acreditamos firmemente que a educação deve ser um espaço onde todos os indivíduos são tratados com dignidade, independentemente de sua raça, gênero, orientação sexual ou qualquer outra característica pessoal.

Reivindicamos às autoridades da Ufal que tomem medidas imediatas e enérgicas para investigar esses incidentes e responsabilizar os envolvidos de acordo com as normas e regulamentos da instituição. Além disso, toda a comunidade universitária e a sociedade em geral deve se posicionar de maneira clara e contundente contra qualquer forma de discriminação.

A Unidade Popular permanecerá firme em sua missão de lutar por uma sociedade justa, inclusiva para todas as pessoas. Não toleraremos o racismo, o preconceito ou qualquer forma de discriminação, e continuaremos trabalhando incansavelmente para construir uma sociedade mais igualitária.  

Neste sentido, a UP vai acompanhar juridicamente o ocorrido e apoiar as vítimas no registro de queixa junto às autoridades policiais, para que esse crime tenha punição, como previsto em lei.

É hora de nos unirmos em solidariedade contra o racismo e o preconceito, e de trabalharmos juntos para construir um mundo onde todos os indivíduos sejam respeitados e valorizados.

Maceió, 11 de setembro de 2023.