Durante toda a atividade, ficou evidente a necessidade de aumentar o número de lutas e de greves, de montar oposição nos sindicatos pelegos e fortalecer a presença do MLC em sindicatos em que o movimento já esteja atuando.
Pedro Vieira | Movimento Luta de Classes
TRABALHADORES – O 2º Congresso Nacional do Movimento Luta de Classes (MLC) foi realizado nos dias 18, 19 e 20 de agosto, no Estado de São Paulo, nas dependências do Sintaema, sindicato que representa os trabalhadores da água. Para iniciar a atividade, o grupo Cantorias Populares entoou A Internacional, hino mundial dos trabalhadores, acompanhado por cerca de 500 pessoas que lotavam o auditório. Logo em seguida, participaram da mesa de abertura representantes de diversas entidades sindicais, movimentos e partidos.
O clima de entusiasmo e combatividade da abertura foi a tônica de todo o evento, fortalecendo em cada pessoa ali presente a certeza da força revolucionária da classe trabalhadora.
Já no Município de Nazaré Paulista, o segundo dia começou com as saudações internacionais de Centrais Sindicais da Argentina, Equador e México. Em seguida, foi composta a mesa de conjuntura, tendo como debatedores Luiz Falcão (diretor de Redação do jornal A Verdade e membro do Comitê Central do PCR) e Leonardo Péricles (presidente da UP).
Na continuidade do segundo dia, o debate se concentrou sobre a organicidade e a tática do MLC, com um informe da Coordenação Nacional feito por Vanieverton Anselmo, que destacou a importância dos sindicatos como estrutura de poder na luta contra a burguesia. Mais tarde, os delegados foram divididos em grupos para estudo do texto “Sobre as Greves”, de Vladimir Lênin.
No último dia, debateu-se o papel das mulheres no movimento sindical pela manhã, com a participação na mesa de Camila Félix (coordenadora de Mulheres do Sinasefe Nacional); Karina Albuquerque (Sindicato dos Servidores da Casa da Moeda); e Joyce Alves (Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana da Paraíba).
As companheiras relataram as condições das mulheres em seus locais de trabalho, e como os sindicatos precisam se tornar espaços acolhedores e dirigidos também por mulheres. Foram compartilhados exemplos práticos de como os sindicatos podem construir espaços que permitam a participação feminina, garantindo, por exemplo, local de creche e recreação para os filhos das trabalhadoras. Outro tema abordado foi a participação das mulheres trans no movimento sindical. Tema esse que permanece invisibilizado, o que contribui para que o preconceito se perpetue através de “piadas” e subestimação das dirigentes sindicais.
No período da tarde, ocorreu a plenária final com a aprovação de um plano de lutas e a eleição da nova Coordenação Nacional do MLC, que estará nessa tarefa até 2027, quando o 3º Congresso Nacional será realizado.
Algumas das principais tarefas aprovadas no plano de lutas foram: punição dos fascistas de ontem e de hoje; revogação das Reformas Trabalhista e Previdenciária; construção de um abaixo-assinado, que será entregue, em dezembro, ao Ministério do Trabalho cobrando redução da jornada de trabalho, aumento de 100% do salário mínimo, fim das privatizações, revogação das reformas, fim do arcabouço fiscal. A meta é de coletar ao menos 100 mil assinaturas.
Outra tarefa assumida pelo Congresso foi a de construir uma frente de atuação do MLC entre os trabalhadores do campo, como forma de avançarmos a luta socialista no Brasil e de homenagear Manoel Aleixo, dirigente do PCR assassinado pela ditadura militar em 1973, quando organizava o trabalho revolucionário no campo, em Pernambuco.
Para encerrar a plenária final, foi eleita uma nova Coordenação Nacional do Movimento. “Conseguimos colocar em prática a discussão que fizemos no Congresso, de uma maior participação das mulheres na direção, sendo nossa Coordenação Geral composta praticamente só por companheiras”, relata Ludmila Outtes, presidenta do Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe) e umas das eleitas como coordenadora do MLC.
Participaram do Congresso 115 delegados, eleitos nas etapas estaduais, sendo 42% de mulheres. A média de idade foi de 36 anos, mostrando que o MLC é um movimento compostos especialmente por jovens sindicalistas. Durante toda a atividade, ficou evidente a necessidade de aumentar o número de lutas e de greves, de montar oposição nos sindicatos pelegos e fortalecer a presença do MLC em sindicatos em que o movimento já esteja atuando.
O avanço do MLC
Fundado em maio de 2005, o Movimento Luta de Classes (MLC) nasceu com a defesa de um sindicalismo classista e revolucionário, tendo a luta pelo socialismo como objetivo principal. Naquele momento, estava presente em três estados (Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro) e sua criação se deu pela necessidade de romper com a burocracia sindical e a conciliação de classes no sindicalismo brasileiro, ressaltando o papel decisivo da classe trabalhadora na transformação da sociedade, da tática das greves e dos sindicatos como escolas do socialismo.
Foram anos de muito trabalho para que o Movimento chegasse a 2010 com atuação em sete estados, realizando, então o seu 1º Congresso Nacional, em Belo Horizonte (MG). Entre as resoluções do Congresso estava a necessidade de crescer e nacionalizar o movimento, mantendo o espírito combativo, organizando mais greves, disputando e fundando sindicatos.
Aplicando a política definida em 2010, a Coordenação Nacional do MLC construiu uma militância aguerrida e vem expandindo cada vez mais sua força no movimento sindical brasileiro. Atualmente, o MLC tem atuação nas cinco regiões do país, presente em 19 estados.
Resolução Política do 2º Congresso do Movimento Luta de Classes (MLC)
Agosto de 2023 – Nazaré Paulista (SP)
Em um clima de muita organização revolucionária, combatividade e companheirismo, centenas de integrantes do Movimento Luta de Classes (MLC) se reuniram nos dias 18, 19 e 20 de agosto, em Nazaré Paulista, São Paulo, para debater a organização do MLC nos estados e organizar os núcleos em cada local de trabalho e moradia nas cidades. Afirmamos que a classe trabalhadora está mais consciente e determinada do que nunca a lutar por seus direitos, por salários dignos, redução da jornada de trabalho e principalmente contra a escravidão assalariada e toda a forma de opressão.
Nosso 2° Congresso foi uma mostra viva do crescimento das ideias do MLC junto a toda classe trabalhadora, com a presença de dezenas de sindicatos, pela participação entusiasmada e a certeza de que nossa luta será vitoriosa.
O Congresso também combateu as falsas teses de que é possível conquistar melhores salários e tirar o país da fome e do desemprego com a conciliação de classes. Esta é a maior fake news do nosso tempo. Toda a história comprova que, enquanto existir classes sociais, haverá luta de classes. A classe trabalhadora é a verdadeira responsável pela construção dos edifícios, das casas, das estradas, é quem produz os alimentos, os sapatos, as roupas, quem educa as crianças e os jovens, garante o funcionamento dos hospitais e dos transportes e, por isso mesmo, precisa ter seus direitos respeitados. Hoje, enquanto 30 milhões de pessoas passam fome, apenas 2.322 pessoas possuem mais de R$ 2 trilhões. Essa injustiça precisa acabar e acabará com a nossa luta.
Sindicato é para lutar!
Devemos lutar e lutaremos. A greve não é nosso direito apenas, é nossa principal forma de luta para enfrentar a exploração dos patrões. A greve mostra aos homens e mulheres que são mais fortes, que são a maioria e que os patrões são minoria e não podem nos vencer.
Os sindicatos são para lutar, esse é um princípio do MLC e que será honrado por cada um de nós e por nossa militância. Reafirmamos também que os patrões têm seus partidos e a classe operária também tem direito de construir seus partidos políticos. Esse partido que luta e defende de forma intransigente o fim da exploração do homem pelo homem.
Em 2018, foi realizado um crime contra os trabalhadores brasileiros, a fascista Reforma Trabalhista. Esta reforma retirou vários de nossos direitos. O 2º Congresso do MLC reafirma o compromisso de que não descansaremos enquanto a reforma não for revogada. Vamos trabalhar diariamente para convencer operários e operárias de todo o país para a necessidade de revogar a Reforma Trabalhista.
O 2° Congresso do Movimento Luta de Classes representou uma grande vitória dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros e a demonstração de que a organização e a luta são as nossas principais armas para derrotar os patrões e pôr fim ao capitalismo!
Matéria publicada na edição nº 278 do Jornal A Verdade.