Empresa de mineração ameaça território de Aredes

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Cerca de 50 quilômetros de Belo Horizonte, o território, desde 2010, compõe a unidade de conservação Estação Ecológica Aredes, onde se encontra um complexo arqueológico, grande biodiversidade e reservas hídricas.

Thomás Toledo | Itabirito (MG)


LUTA POPULAR – Ao longo dos anos, o território de Aredes, localizado no Município de Itabirito (MG), tem sido marcado por muitas lutas e resistências em favor de sua preservação. A cerca de 50 quilômetros de Belo Horizonte, o território, desde 2010, compõe a unidade de conservação Estação Ecológica Aredes, onde se encontra um complexo arqueológico, grande biodiversidade e reservas hídricas. A unidade de conservação de Aredes é um dos principais exemplos de recuperação ambiental e de reconversão de território, métodos científicos centralizados na preservação e recuperação ambiental e patrimonial. Focada na proteção da biodiversidade, dos recursos hídricos e na profunda história carregada por ali, no local existem ruínas da época do chamado “Ciclo do Ouro” e do genocídio dos povos indígenas e negros escravizados no Brasil.

Na desenfreada busca pelo lucro e domínio ideológico, a mineração está atacando a região. A mineradora Minar e seus donos querem aprovar um projeto de lei “goela abaixo” do povo mineiro, na Assembleia Legislativa. São evidentes todos os “buracos” e inconsistências técnicas e jurídicas do Projeto de Lei 387/2023, que propõe a retirada de um pedaço fundamental da área de preservação daquele local. Uma violência sem precedentes apoiada por um grupo de pessoas e empresas liberais que reproduzem práticas anticientíficas e negacionistas.

A violência de atividades minerárias tem sido uma crescente no entorno da Região Metropolitana de Belo Horizonte, principalmente com o apoio do governador fascista Romeu Zema. A Minar, inclusive, já foi autuada pelo Ministério Público por atuação ilegal, num passado recente, em Aredes, com barragem irregular e falta de apresentação de estudos.

Mineração é um império no país

O setor da mineração é um dos grandes pilares para a profunda concentração de renda e uma economia de segregação praticada no Brasil, tamanho são os privilégios que a classe dominante continua reproduzindo em nosso país. Os números que este setor alcança são astronômicos, incentivados pelo verdadeiro paraíso fiscal de leis federais que isentam seus lucros de quaisquer impostos.

As mineradoras são amparadas também pelas decisões de governos e prefeituras, como é o caso atual do governo Zema, em Minas Gerais. A lógica funciona da mesma forma que no agronegócio e em outras economias e territórios, sob esses impérios que violentam as pessoas e todo o meio ambiente integrado. Florestas, animais, bacias, serras, sítios arqueológicos, rios, nascentes, culturas, povos. Todos gritam por alternativas diferentes da colonização como forma de produzir e organizar a sociedade.

A luta pela preservação de Aredes

Uma informação importante: todas as questões envolvendo Aredes e a sua preservação são baseadas em estudos científicos, conhecimentos baseados em comprovação técnica, que se transformam em sólidos argumentos para expurgar o Projeto de Lei apresentado, que é mentiroso e inconsequente. Nesses territórios, aquíferos e toda uma corrente hídrica abastecem, por exemplo, a bacia do rio das Velhas e o rio São Francisco. Assim, não faltam motivos para que esse PL seja barrado e a mineradora seja retirada do território. 

Por entre ruínas e árvores, a paisagem remanescente do lugar, uma linda serra que faz parte da reserva da biosfera, emoldurou e reforçou o direito de permanecer ali e de continuar a emanar as suas águas e as profundas memórias, não só de Itabirito, mas de todo o país. A exploração colonial da mineração segue como uma ferramenta central para a burguesia nacional e internacional, feito uma “pedra no meio do caminho” do poeta Carlos Drummond de Andrade e do povo brasileiro.

E quais são as perspectivas? Com certeza, a constante luta pela preservação e pela soberania dos povos para que a mineração seja retirada dos territórios. Para que isso aconteça, é necessário que haja uma união de forças coletivas, centralizando as mais variadas formas de ações, incluindo nossa imensa classe trabalhadora. Memória, verdade, justiça e preservação resistem em Aredes!

Matéria publicada na edição nº 279 do Jornal A Verdade.