Nos últimos dias, terremotos atingiram o Afeganistão e deixaram milhares de mortos. O país, que sofreu com 20 anos de invasão imperialista, vê-se hoje como uma das nações mais pobres do mundo.
Igor Marques | Redação RJ
INTERNACIONAL – No último sábado (7), o Afeganistão foi atingido por um terremoto de magnitude 6.3, além de uma série de tremores menores. Hoje, quarta-feira (11), foi sentido ainda mais um forte tremor.
O epicentro do terremoto foi a cerca de 30km da cidade de Herat – a terceira maior do país – próximo à fronteira com o Turcomenistão e o Irã. Dados iniciais apontam, ao menos, 3 mil pessoas mortas, além de milhares de feridos.
Segundo grupos de ajuda humanitária, a tragédia é maior do que o noticiado e o governo Taliban não presta o apoio necessário à população. O país é frequentemente atingido por terremotos, devido a sua posição geográfica no encontro das placas tectônicas Eurasiana e Indiana, porém os últimos tremores vistos foram especialmente devastadores.
Cerca de 20 vilarejos foram completamente destruídos e milhares seguem desaparecidos. Segundo a UNICEF, 90% das mortes foram de mulheres e crianças. O país, que sofre desde o início do século com a destruição Imperialista e com o governo de grupos fundamentalistas como o Taliban, não teve essa tragédia humanitária noticiada pela grande mídia.
Afeganistão sofre ataques do Imperialismo há mais de 20 anos
O Afeganistão tem sido vítimas de ataques do Imperialismo desde o final da década de 1970, além de ter passado por duas Guerras Civis. Porém, nesse século, o país foi alvo das ações brutais do Imperialismo estadunidense na chamada “Guerra ao Terror”.
A ação do Imperialismo no país foi feita sob o pretexto dos ataques sofridos pelo país no 11 de Setembro, e servia para ampliar a presença dos EUA em um país rico em minérios e terras raras e de importante posição estratégica como o Afeganistão.
A Invasão do Afeganistão pelos EUA (2001-2021) foi a mais longa guerra na qual os Estados Unidos já participaram. Como resultado de um suposto esforço Imperialista de “pacificação”, “luta contra o terrorismo” e “construção de nação”, o Afeganistão é, hoje, um dos países mais pobres do mundo, com uma infraestrutura completamente arrasada e sob governo do Taliban, grupo fundamentalista islâmico que oprime mulheres e persegue movimentos progressistas.
Atualmente, cerca de 34 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, totalizando mais de 80% da população do país. Ainda hoje o Imperialismo mantém congelados bilhões de dólares do país que estavam em bancos estrangeiros, ampliando a catástrofe humanitária que o país vive hoje.
Afeganistão ainda sofre com a destruição Imperialista
Hoje em dia, após a invasão do Imperialismo estadunidense e da OTAN, o país não possui qualquer tipo de indústria e ainda sofre com a falta de integração, fruto da destruição de estradas. Além disso, há um aumento considerável da dependência do país do cultivo da papoula, planta que dá origem ao ópio, inclusive com anuência e participação da CIA e dos militares da OTAN que estavam no país.
Os EUA e o governo Biden, ao se retirar do Afeganistão em 2021, sofrem grande derrota. O país, ainda hoje, vê-se fragmentado e com conflitos entre o Taliban e a fração do Estado Islâmico no Afeganistão. No entanto, é certo que o Taliban nunca deteve tanto território quanto do que em qualquer momento desde 2001.
Com a saída do Imperialismo estadunidense do país, há cada vez mais um esforço do Imperialismo russo e chinês de aproveitar os espaços deixados para a exploração dos seus monopólios. A China, por exemplo, negocia com o Taliban para que o país passe a fazer parte da sua iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, que busca integrar os países da Ásia Central, Oriente Médio e Sudeste Asiático ao capital chinês.
Tragédias como essa vista pelo terremoto no Afeganistão escancaram a brutalidade da destruição do país pelo Imperialismo, após E a luta pela libertação do povo afegão passa pela necessidade de derrotar o governo reacionário do Taliban, que oprime seu povo e o coloca na imanência de mais uma guerra civil, e lutar contra o avanço do Imperialismo chinês e russo no país.