O último mês de novembro foi marcado pela luta das mulheres pelo fim da violência e contra o fascismo, com atos, ocupações, panfletagens e agitações políticas nas brigadas do jornal A Verdade.
Redação
MULHERES – No fim de semana do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, tornou-se pública a Ocupação Cleone Santos, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, em São Bernardo do Campo (SP).
Em defesa dos direitos das mulheres e das crianças, Roseli Simão, coordenadora da ocupação, afirma que “em São Bernardo, o prefeito está fechando creches, mas a gente quer mais creches! A gente reivindica que os aparelhos que atendem as mulheres tenham mais profissionais. Os serviços estão sucateados, as servidoras estão cansadas, estão com doenças mentais”.
No Nordeste, no dia 21 de novembro, em Salvador (BA), as mulheres ocuparam um prédio que estava abandonado há mais de 10 anos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde funcionava a antiga Residência Universitária Feminina, uma vez que centenas de estudantes mulheres não têm acesso a uma moradia para garantir sua permanência na universidade e concluir a graduação.
A ocupação foi organizada pelo Movimento Olga Benario e pelo Movimento Correnteza “para reivindicar mais assistência estudantil, ampliação e reforma nas residências universitárias e melhores condições para receber as mulheres que são mães e gestantes, visto que hoje, ao engravidarem, são retiradas das residências, recebendo um auxílio de R$ 300 reais apenas”, afirma Giovana Ferreira, da Coordenação Nacional do Olga.
Já na madrugada do dia 25 de novembro, nasceu a primeira ocupação de mulheres no Rio Grande do Norte, onde a violência contra a mulher aumentou em mais de 31% no primeiro semestre de 2023. Com o nome de Anatália de Souza Melo Alves, o Movimento de Mulheres Olga Benario ocupou o prédio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal, que estava abandonado há mais de 10 anos, sem nenhuma função social.
“Diante de tanta precarização, a Ocupação Anatália de Souza nasce do grito de socorro das mulheres potiguares, na luta pelo direito à saúde, moradia, dignidade e, sobretudo, à vida”, afirma Kivia Moreira, coordenadora da ocupação.
Em 2022, o movimento fundou a Rede Acolher Anatália de Souza, uma rede voluntária itinerante de acolhimento às mulheres, que faz atendimentos especialmente nas periferias de Natal. Contando com psicólogas, advogadas e assistentes sociais, a Rede atendeu centenas de mulheres, buscando encaminhá-las da melhor forma para sair da situação de violência e denunciar a falta de espaços de acolhimento às mulheres no estado. Agora, com a ocupação, existe um espaço físico para seguir atuando com a rede de acolhimento e, em poucas semanas, a nova casa já virou referência na cidade, recebendo diariamente visitas de apoiadores e de mulheres em busca de atendimento.
Há meses, na Região dos Lagos, uma das mais violentas para as mulheres no Estado do Rio de Janeiro, as mulheres têm organizado atos e mobilizações para denunciar a falta de políticas públicas, lutar pela resolução dos casos e para manter viva a memória das vítimas. No dia 25 de novembro, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou a Ocupação Inês Etienne Romeu, em um imóvel que se encontrava sem função social há mais de uma década.
“A gente viu o feminicídio da Pâmela, da Ana Júlia, de todas as mulheres da nossa região que não têm mais condições de sonhar agora, mas a gente vai conseguir dar andamento a esse sonho, acolhendo as mulheres na nossa ocupação e organizando as lutas para falar que o poder popular é quando é construído pela mão das mulheres”, afirma Pétala Cormann, da Coordenação da ocupação. Fruto dessa luta, as mulheres conquistaram a concessão de um espaço público para organizar um centro de referência para seguir acolhendo as mulheres em situação de violência.
Com o jornal A Verdade no centro das lutas, o Movimento de Mulheres Olga Benario tem dado exemplo de como enfrentar a violência machista e o fascismo. Realizando formação política nas reuniões de núcleo, mobilizando as militantes para fazer agitações políticas para convocar mais mulheres para a luta e, principalmente, organizando ocupações para denunciar a violência e organizar mais companheiras na luta pelo socialismo.
Matéria publicada na edição nº 284 do Jornal A Verdade