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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

UP realiza primeiro Curso Anticapacitista no Rio de Janeiro

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Baseado no texto de Marta Russell, o curso mostra a responsabilidade da burguesia pelo capacitismo. Ao todo, participaram 50 pessoas na atividade que foi realizada em modo híbrido (online e presencial).

Acauã Pozino | Redação RJ


No último fim de semana, a Unidade Popular do Rio de Janeiro realizou o curso “O Capitalismo e o Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência”, baseado no texto de mesmo nome da militante Marta Russell. O texto aborda a situação das pessoas com deficiência no capitalismo, usando como referência a conjuntura dos Estados Unidos dos anos 2000, e apresenta uma breve trajetória histórica dos movimentos por inclusão. Ao texto foi acrescentada uma explanação sobre a conjuntura atual das PcDs no Brasil e o papel dos socialistas diante dela.

O texto aborda a necessidade de uma organização que tenha o materialismo histórico como guia de análise da realidade, já que muitas vezes movimentos com potencial transformador desperdiçam sua capacidade ao aderirem a agendas ideológicas estranhas aos interesses do povo e das PcDs. A explanação mostrou que no Brasil não é diferente, já que a grande maioria dos movimentos por inclusão são iludidos pelas mentiras liberais de esforço individual, empreendedorismo e seus semelhantes; isto quando não aderem ao governismo acrítico, como tem sido o caso desde a eleição de Lula ou são cooptados pela ideologia fascista através de pastores reacionários e políticos demagogos como Michele Bolsonaro.

Durante o debate ficou evidente que, diante dessa conjuntura, o papel do partido do povo pobre é organizar as pessoas com deficiência e combater a influência dos liberais e fascistas, já que estes não têm outro interesse senão o próprio lucro; provar, na prática, que o caminho da vitória popular não são as negociatas a portas fechadas em gabinetes do governo, mas a mobilização coletiva das massas populares a exemplo da ocupação do Departamento de Saúde e Bem-estar dos Estados Unidos, em 1977, por militantes com deficiência que lutavam pela criminalização do capacitismo em seu país; educar, cada vez mais, os lutadores populares nas consequências do capacitismo para a população com deficiência e no quão nociva, destrutiva e desumana é essa opressão no dia-a-dia dos PcDs para valorizar essa luta. Foi sublinhado o quão atrasado está o debate da deficiência dentro da academia, onde a deficiência ainda é vista sob a ótica médica e onde mesmo as iniciativas que se propõem a solucionar o problema são, muitas vezes, continuações dessa mesma violência. É muito comum, por exemplo, o uso de cripface (equivalente de blackface para pessoas com deficiência) para estimular uma suposta empatia que, nas mais das vezes, serve à mesma ideologia burguesa de pôr as PcDs no lugar de “coitades”.

O curso foi realizado na modalidade híbrida (online e presencial). Ao todo, participaram em torno de 50 pessoas, mesmo estando o RJ sendo assolado por fortes chuvas desde sexta. Estiveram presentes não só a militância do Rio de Janeiro, mas também pessoas não-organizadas (com deficiência em sua maioria) e membros da direção do partido em outros estados como Ceará, Goiás e São Paulo. 

Ao fim do curso, foi anunciada uma plenária aberta de pessoas com deficiência para abril, e mencionou-se a possibilidade de reprodução do curso em outros espaços. O espírito final do curso foi o de transformar, dia após dia, a Unidade Popular no partido que represente, acolha e seja dirigido por todas as camadas do povo — inclusive as pessoas com deficiência.

Curso contou com mais de 50 pessoas nas modalidades presencial e online. Foto: UP/RJ.
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