Itajaí (SC) atingiu o 5° lugar no preço de metro quadrado mais caro do Brasil, superando a cidade de São Paulo, e a cidade sofre com os efeitos e a violência da especulação imobiliária.
Davi Sperzel | Itajaí (SC)
LUTA POPULAR – Pelos últimos dados liberados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Itajaí atingiu o 5° lugar no preço de metro quadrado mais caro do Brasil (R$ 10.814/m²), superando a cidade de São Paulo (R$ 10.794/m²), que desceu de posição. As cidades da região próximas à Itajaí, Balneário Camboriú e Itapema são ranqueadas em primeiro e segundo lugar, respectivamente.
Porém, historicamente, esse aumento do preço, fruto da especulação imobiliária, não acompanha outros dados socioeconômicos importantes, tal como a renda média do trabalhador. Entre os anos de 2002 e 2012, em São Paulo, houve uma valorização de quase 200% no preço do m² e, entretanto, a renda média do trabalhador assalariado nesse mesmo período teve uma variação de 84,3%.
A grande mídia noticia esse feito com muito orgulho e até mesmo funcionários do governo demonstram felicidade ao falar sobre. Essas foram as palavras de Thiago Morastoni, secretário de Desenvolvimento Econômico e também filho do atual prefeito de Itajaí: “Essa valorização nos deixa muito felizes e cientes de que estamos no caminho do desenvolvimento […] uma vez que as pessoas buscam uma cidade com economia sólida para investir”. Essa declaração absurda apenas reafirma que a burguesia pensa a cidade como uma grande mercadoria e como uma oportunidade de explorar ainda mais a classe trabalhadora.
Não só Itajaí, mas toda a região, sofre com um processo de higienização e gentrificação brutal, em que os preços dos aluguéis e imóveis encontram-se extremamente caros. Essa realidade de especulação imobiliária vista em Itajaí torna praticamente impossível a vida de famílias que recebem um salário de miséria, sendo reservado para elas a expulsão dos centros das cidades em moradias muito precárias e afastadas. Um processo muito comum que ocorre em todo país.
O papel da polícia no processo de gentrificação da cidade
A maior prova disso foi uma operação clandestina que ocorreu no dia 29 de outubro de 2023, em que policiais da Polícia Militar de Santa Catarina levaram mais de 30 moradores de rua com o objetivo de levá-los para a cidade vizinha Balneário Camboriú, sendo escoltados por ao menos 7 viaturas. As vítimas contam que foram abordados sem motivo nenhum e quem desobedecesse as ordens sofria agressões físicas, além de diversas ameaças. A secretária de Assistência Social de Balneário Camboriú relata que os moradores de rua chegaram com sede, fome e machucados.
Dados mostram que em São Paulo, por exemplo, existem mais imóveis/terrenos vazios do que pessoas sem moradia. Isso é reflexo de uma democracia burguesa que é cúmplice de empresas como a FG Empreendimentos, que transformou Balneário Camboriú em um mar de prédios para que a elite brasileira pudesse fazer seu playground particular, enquanto os trabalhadores que constroem e sustentam toda essa cidade são jogados para longe dela.
Enquanto tivermos governantes que comemoram lucros em detrimento da exploração da vida e um prefeito negacionista que está mais preocupado em distribuir remédios sem comprovação científica do que com políticas de habitação, teremos que nos organizar enquanto classe trabalhadora para exigir nossos direitos até nos apropriarmos de tudo aquilo que é construído por nós, ou seja, os meios de produção.