A cota individual, uma tarefa militante

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Se o “poder material só pode ser derrubado pelo poder material”, como dizia Marx, é preciso de um método que sustente uma poderosa estrutura revolucionária. Por isso, a cota individual de cada militante é essencial para o avanço das lutas da UJR

Coordenação Nacional da UJR


A sociedade capitalista, baseada na exploração de um ser humano pelo outro, é dividida em classes sociais com interesses antagônicos. Nesta sociedade, tudo, do alfinete à grande fábrica, e até mesmo a força de trabalho humana, é transformado em mercadoria. Desta forma, a classe dos capitalistas, aqueles que são donos dos meios de produção, não trabalham e enriquecem à custa da exploração da classe dos proletários, aqueles que nada tem a chamar de seu e são obrigados a vender sua força de trabalho para sobreviver.

Exploradores e explorados vivem numa constante luta entre si. Uns para manter seu regime de exploração, sua riqueza e seus privilégios; outros para destruir essa velha sociedade e construir uma nova sociedade sem exploração, onde todos trabalhem e a riqueza da sociedade seja produto coletivo. Nesta luta “exploradores unem-se com exploradores, explorados unem-se aos explorados. Do choque de interesses entre ambos surgem as organizações com a finalidade de defender as aspirações e os anseios que eles representam” (Declaro-me marxista-leninista, Manoel Lisboa).

Assim, a burguesia cria seus próprios partidos, coloca seu imenso poder material e usa o Estado e seus aparatos repressivos para manter sua dominação. Por outro lado, o proletariado cria seu próprio partido comunista revolucionário, que deve ser sua principal arma na luta pela tomada do poder, pela destruição do Estado burguês e pela construção da sociedade socialista.

Desta forma, pode o Partido do proletariado cumprir sua missão histórica se não possuir as condições materiais para isso? Da mesma forma, a União da Juventude Rebelião, organização revolucionária da juventude brasileira, pode ser uma poderosa organização se não tiver os recursos financeiros que possibilitem sua estruturação, seu crescimento e desenvolvimento? Não.

Para ser capaz de fazer uma revolução que derrube o capitalismo, as organizações proletárias devem ser dotadas dos recursos materiais para isso. Para desenvolver essas organizações e fazer sua propaganda junto ao povo é necessário promover reuniões, plenárias, produzir milhões de panfletos, jornais, cartazes, etc. Para construir uma grande organização revolucionária é preciso ter centenas e até milhares de quadros profissionais, ou seja, pessoas cuja tarefa seja a construção da revolução. Mas, sem dinheiro, como é possível realizar reuniões em um país de dimensões continentais como o Brasil em que as passagens ficam cada vez mais caras? Como vamos produzir materiais de propaganda, adquirir megafones, equipar as sedes e sustentar militantes profissionais? Trata-se de idealismo acreditar que só com a “força de vontade” e sem a força material conseguiremos derrubar o poder da burguesia.

Desta forma, a história do movimento comunista é repleta de exemplos de como devemos financiar as organizações revolucionárias. Já na primeira década do século passado, o Partido Operário Social-Democrata Russo, o partido de Lênin, definiu em seus estatutos que um dos critérios para ser militante é fazer uma contribuição financeira ao Partido. Portanto, a cota individual deve ser a principal fonte de financiamento de uma organização revolucionária. Trata-se de uma fonte de recursos segura, que depende apenas do convencimento ideológico do militante. No entanto, não devemos achar que isso acontecerá de forma espontânea. É necessário discussão cotidiana, luta ideológica, cobrança e controle para que esta política seja efetivada.

Desde a sua criação, em 1995, a UJR definiu que é dever de cada camarada dar uma contribuição financeira à revolução. É evidente que os membros de uma organização revolucionária são, em geral, pobres. No entanto, cada um, de acordo com as suas condições, deve colocar os seus recursos à serviço da revolução e da luta contra a exploração.

No primeiro semestre deste ano, a militância da UJR deu provas de que a luta política e ideológica é capaz de superar obstáculos e a grande maioria da militância da UJR cumpriu com o seu compromisso de contribuir financeiramente. Agora, a campanha de arrecadação do segundo semestre precisa ser colocada em movimento. É necessário pautar nas reuniões e discutir individualmente com cada militante a sua contribuição para que 100% dos camaradas fiquem em dia com este compromisso revolucionário da cota individual.

Esta não é uma tarefa simples, exige um alto grau de concentração, de luta ideológica em todos os coletivos, controle (da cobrança e da execução), prazo, etc. No entanto, é uma tarefa fundamental, das mais coletivas e importantes para a nossa luta. Somente agindo assim, compreendendo de maneira profunda o significado da autossustentação para a libertação da classe trabalhadora e construção do Socialismo, é que desenvolveremos cada vez mais a ação e a influência da UJR, a juventude revolucionária do Brasil.

Matéria publicada na edição nº 297 do jornal A Verdade