Nos colégios estaduais amazonenses, faltam professores, merenda e até banheiro. Enquanto isso, para forçar as famílias a enviarem seus filhos para a doutrinação fascista, escolas militares da PM são indevidamente favorecidas com mais recursos e estrutura pelo governo do Amazonas
Redação Amazonas
Vivemos hoje uma tentativa fascista de militarizar as escolas em diversos estados do país. Porém, este movimento já é algo cuja juventude amazonense convive há décadas. As escolas cívico-militares administradas pela Polícia Militar têm como propósito “disciplinar” os jovens a partir da prática de abusos e violências contra alunos e professores, envolvendo ainda esquemas com o dinheiro público.
Esse projeto começou, no Estado do Amazonas, em 1994, com a inauguração do primeiro colégio militar da PM, durante o governo de Gilberto Mestrinho. Conhecidos como CMPM, estes colégios seguem a cartilha da “disciplina”, fazendo os alunos passarem horas no sol escaldante de Manaus antes de entrarem em sala; tratando os jovens como soldados; promovem uma cultura ultracompetitiva entre alunos por melhores notas. Também ameaçam os alunos com revistas, inclusive com o uso cães farejadores, e impedem a organização dos grêmios estudantis, direito garantido por lei e conquistado na luta pelos estudantes após a ditadura militar.
O grande discurso dos defensores desse projeto fascista, junto com a falsa ideia de “disciplina”, é o alto desempenho dessas escolas nos rankings educacionais. Porém, este resultado é justamente porque essas escolas têm o que outras não têm: investimentos maiores do que o das escolas públicas estaduais.
Um exemplo desta realidade é ter professores para todas as matérias, algo básico, mas que não acontece nas outras escolas, onde os alunos são liberados muito mais cedo, pois faltam professores ou mesmo a merenda. Além do mais, os CMPMs possuem quadras reformadas, laboratórios de ciências, projetos de artes, enquanto nas escolas do estado faltam até banheiros decentes.
No cenário nacional, a burguesia vem utilizando o Estado do Amazonas como um laboratório de suas políticas fascistas para aprofundar a exploração da classe trabalhadora de todas as formas possíveis, e este projeto fascista de militarização é mais um exemplo, usando seu aparato ideológico e violento para cooptar os trabalhadores a matricularem seus filhos nessas escolas. Na prática, querem submeter os jovens a uma educação que não questiona a realidade de desemprego, fome e falta de lazer para a juventude, ao mesmo tempo que desmonta a escola pública.
A militância da UJR está presente no Amazonas e vem organizando os estudantes contra a militarização da educação.
Educação é caso de investimento e estrutura, não de polícia!
Matéria publicada na edição impressa nº 300 do jornal A Verdade