Mossoró enfrenta uma grave crise no transporte coletivo, com apenas 12 linhas de ônibus para atender 278 mil habitantes, resultando em superlotação e exclusão de diversos bairros, especialmente os periféricos e rurais.
Clarice Oliveira | Redação RN
BRASIL – Sendo a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, com 278 mil habitantes, Mossoró sofre com um dos piores sistemas de ônibus de todo o estado. Com ônibus superlotados, baixa frota de veículos em circulação e diversos bairros que são privados do acesso à cidade, a população sofre uma verdadeira calamidade no transporte coletivo.
Atualmente, existem apenas 12 linhas de ônibus para abarcar toda a cidade, deixando muitos bairros periféricos de fora. A população da zona rural é ainda mais excluída, precisando pagar mais de R$ 30,00 para se locomover até o centro da cidade, pois não existe ônibus.
Não bastasse isso, os bairros que hoje são englobados pelas linhas de ônibus possuem uma baixa frota de veículos, fazendo com que, em determinados horários, os ônibus fiquem extremamente superlotados.
Todo esse sucateamento ocorre pelo fato de o transporte coletivo da cidade de Mossoró está nas mãos do setor privado, sendo gerido apenas pela empresa Cidade do Sol, que deixa o povo trabalhador no sufoco enquanto lucra, ano após ano, recebendo financiamento público da Prefeitura e arrecadando as tarifas pagas pelos usuários.
Segundo Bruna Morais, assistente social e presidente do Diretório Municipal da Unidade Popular, o sucateamento é extremamente sentido: “Quando a gente vê os horários, percebe que a maioria é em horário de pico. Não são ônibus para a população usar, apenas para ir e voltar do trabalho. Às vezes, nem isso”. Bruna também comenta como vários bairros não possuem rotas: “Se você mora no Odete Rosado, no Planalto ou no Santo Antônio, você praticamente não vai ver ônibus”.
Os capitalistas e sua grande mídia privada defendem que a solução para esse grave problema é colocar mais empresas para gerir o sistema de transporte, pois, segundo essa lógica, mais empresas significa mais concorrência e, portanto, mais linhas. Só que, no sistema capitalista, existe sempre a tendência ao monopólio na mão de uma empresa ou de uma associação de empresas.
Por exemplo, na capital do estado, Natal, a lógica de “mais empresas” foi aplicada e isso apenas fortaleceu as empresas de transporte através do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Rio Grande do Norte (Seturn), que sucateou o serviço ainda mais: hoje, a tarifa de ônibus é de R$ 4,50 e diversas linhas foram cortadas desde a pandemia.
A única solução para o problema do transporte coletivo é a criação de uma empresa pública de ônibus, sob total controle do povo. Dessa forma, o próprio povo poderá dizer quantos ônibus devem passar em quais bairros e quais rotas devem ser realizadas para abarcar toda a cidade, de fato. Se o povo vive a cidade, é o povo que deveria dizer os rumos dela, e não um punhado de engravatados que nunca pegaram um ônibus.
Matéria publicada na edição impressa nº 300 do jornal A Verdade