Redação RN
MULHERES – Na última quarta-feira (06), o Movimento de Mulheres Olga Benario, Movimento Correnteza e os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ocuparam a sala de aula do professor Jordi Julia Casas, do setor de Geofísica da Universidade. Jordi está sendo investigado por assédio e stalking contra estudantes do curso e se tornou réu em inquérito aberto no Ministério Público do Rio Grande do Norte (Processos nº 0803517-87.2022.8.20.5300 e nº 0914674-89.2022.8.20.5001).
A denúncia principal foi exigir o afastamento imediato de Jordi de sala de aula e a instauração de um comitê de investigação e combate aos casos de violência contra a mulher dentro da UFRN.
O professor decidiu cancelar a aula quando percebeu que ali haviam mais de 30 alunos e alunas manifestando em favor do seu afastamento da universidade, deixando o espaço com quem de fato deveria estar: com os estudantes. Nem uma aluna deve ser expulsa de seu espaço de ensino, de pesquisa por conta dos assédios. E, por isso, quem deve sair da sala de aula são os assediadores. Foram agitadas palavras de ordem contra a violência às mulheres e o assédio, falas sobre a luta pela permanência estudantil e, especialmente, das alunas.
“Esse ato é importante porque foi a primeira vez que um professor, acusado de assédio, foi constrangido a pisar na universidade. É simbólico, porque normalmente são as estudantes que são constrangidas em voltar às salas de aula após episódios de violência. Esse é um exemplo do que iremos fazer a partir de agora sobre os casos de assédio na universidade,” Relata Alice Morais, da Coordenação Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario e estudante de Direito da UFRN.
A UFRN até então, não se posicionou publicamente e tampouco se responsabilizou em tomar providência. Nesse objetivo, após a ação na sala de aula e a conquista da saída do professor, os estudantes ocuparam a Reitoria da Universidade, na tentativa de obter uma resposta de quem realmente deve ser cobrado. Porém, ao tentar diálogo, o gabinete da UFRN decidiu fechar as portas e não permitiu o protocolo do ofício dos alunos que exigia o afastamento imediato desse professor e pelo pedido de instauração do comitê.
O Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza continuarão na luta pela permanência das mulheres, dos estudantes para uma UFRN ser um espaço livre do assédio.