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sábado, 21 de dezembro de 2024

Ocupação de Mulheres Anatália de Souza completa um ano e conquista imóvel

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A Ocupação de Mulheres Anatália de Souza, organizada pelo Movimento Olga Benario, completa um ano neste mês em Natal (RN).

Movimento Olga Benario (RN)


MULHERES – “Ocupar, resistir, organizar”. Essa é a palavra de ordem do Movimento de Mulheres Olga Benario, que realiza ocupações em todo o Brasil para denunciar a violência de gênero e a especulação imobiliária de prédios abandonados pelo país. 

Diante de um cenário de precarização sobre a vida das mulheres, falta de políticas públicas e com o aumento constante da violência, o Movimento realizou, em Natal (RN), no dia 25 de novembro de 2023 (Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher), a Ocupação de Mulheres Anatália de Souza Melo Alves.

A Ocupação aconteceu no prédio da antiga Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abandonado há dez anos. Desde o início, foram muitos os embates travados, pois a Reitoria, além de não querer dialogar, ainda solicitou a reintegração imediata do prédio, mesmo dizendo que não tinha interesse em manter o imóvel que “só onerava a instituição”.

Assim, em paralelo aos atendimentos realizados, o movimento organizou uma frente de apoio à Ocupação Anatália, dentro e fora da UFRN, onde as militantes do Movimento foram às salas de aula denunciar a arbitrariedade da Reitoria com a iminência do despejo, além do abandono de anos do prédio, movimento este que contou com apoio de centenas de estudantes e servidores.

Diante da repercussão na cidade, o Movimento foi convidado para denunciar a reintegração na Câmara Municipal de Natal e na Assembleia Legislativa do Estado, aumentando, assim, a rede de apoio.

Uma audiência de mediação foi chamada, a fim de resolver a questão de maneira que atendesse a demanda das mulheres. Nesta ocasião, Kivia Moreira, coordenadora estadual do Olga e da Ocupação, fez um discurso emocionado e persuasivo, defendendo as mulheres e a importância da Ocupação, expondo os dados da violência contra mulheres em Natal e no Estado.

Foi conquistado um espaço provisório para o funcionamento, assim como um terreno cedido pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU) para construção do local definitivo, além do compromisso de emenda parlamentar para construção do prédio. Neste dia, as mulheres que corriam o risco de serem despejadas, violentadas mais uma vez, arrancaram uma grande vitória para a luta e resistência das mulheres. 

Porém, o espaço temporário cedido pelo Governo para que a ocupação seguisse desenvolvendo suas atividades era insalubre – faltava energia, água, segurança. Tamanho descaso colocou o Movimento na condição de continuar a luta e ocupar, dessa vez o Governo do Estado, para reivindicar duas demandas fundamentais: a realocação do prédio e a cessão do imóvel para o espaço definitivo ser construído. A luta foi vitoriosa.

Lutamos para existir

Hoje, após um ano de resistência e vários reveses desde a decisão judicial que assegurou a permanência da Ocupação, realizamos dezenas de acolhimentos e diversas atividades e lutas contra a violência, bem como diversas atividades lúdicas, políticas e culturais para as mulheres na cidade.

Por isso, a Ocupação Anatália de Souza se tornou símbolo de luta e resistência das mulheres na cidade. Em visita ao espaço para produção de documentário sobre prédios antigos, Brenda (nome fictício), estudante de Artes Visuais, afirmou que nunca tinha parado para pensar que ocupar também é revitalizar a cidade. “O espaço é referência às mulheres na cidade e consegue mostrar às pessoas que é possível revitalizar os prédios abandonados”, afirma. 

A Ocupação de Mulheres Anatália de Souza comemora um ano de luta e de resistência das mulheres no Estado, honrando o nome de Anatália, militante comunista torturada pela Ditadura Militar fascista de 1964, e todas as mulheres que sofreram de feminicídio, que viveram ou vivem a violência todos os dias no estado do Rio Grande do Norte e no país. Ocupar, resistir e organizar!

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