Em visita ao estado de Pernambuco em novembro, Rui Costa (PT), Ministro da Casa Civil, confirmou que o estudo que viabiliza a privatização do metrô do Recife será entregue em dezembro e aponta para entregar aos empresários do transporte no estado o metrô.
Clóvis Maia | Redação PE
BRASIL – Em visita ao estado de Pernambuco no início de novembro, Rui Costa (PT), Ministro da Casa Civil confirmou que os estudos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será finalizado em dezembro desse ano.
Pago pelo novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 3), o estudo faz parte do Programa Nacional de Desestatização (PND) e visa privatizar as linhas do metrô pertencentes a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que possuem linhas também em Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Natal (RN) e é uma política que vem sendo fortalecida desde o governo golpista de Michel Temer e ampliado por Jair Bolsonaro. Vale lembrar que em 2022 o metrô de Belo Horizonte (MG) já tinha sido privatizado.
Privatizar não resolve
Não é novidade para ninguém o projeto privatista da governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB) para Pernambuco. Ela, que é de família ligada a empresários do transporte, subsidia as empresas de transporte em mais de R$400 milhões e almeja entregar para esses mesmos empresários o metrô, que já possui um sistema totalmente integrado aos ônibus na Região Metropolitana do Recife.
O pior é ver o governo federal, que tem interesse em trazer para a base do governo Lula a governadora, usar a privatização de um serviço tão essencial como moeda de troca política. Mais: indo na contramão da própria população, que apoiou em massa as mobilizações e as recentes greves da categoria em defesa de um serviço público e de qualidade, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SINDMETRO-PE) lançou uma nota publica comemorando um Acordo Coletivo Especial (ACE) que garante que os servidores da CBTU não serão demitidos, caso a concessão pública seja confirmada.
No lugar de seguir a luta como os metroviários de Porto Alegre, que barraram o processo de privatização em maio do ano passado, preferiram jogar a toalha. Lembrando que o processo de privatização em Belo Horizonte foi marcado por demissão em massa, aumento das tarifas (de R$4,50 para R$5,50), piora dos serviços e perseguição para os trabalhadores, mesmo tendo recebido R$2,8 bilhões do Ministério das Cidades após privatizado.
A tática nesse caso é sempre a mesma: sucatear, jogar a população contra o serviço e divulgar a propaganda de que apenas a privatização pode resolver o problema. O governo federal garantiu a manutenção do valor das passagens para os mais de 200 mil usuários por dia no metrô do Recife (dados da própria CBTU) mas de boas intenções, como sabemos, o inferno está cheio.
A solução é priorizar um transporte realmente público
A pergunta que temos que fazer é a seguinte: se a situação do metrô é tão ruim, por que os empresários tem tanto interesse em adquirir esse serviço? Segundo a Casa Civil, o governo faria um investimento público para melhorar o serviço do metrô antes de entregar para o setor privado num contrato de no mínimo 30 anos. E o lucro vai pra quem?
Para a imprensa o Ministro Rui Costa também afirmou que o governo irá consultar a população antes de privatizar. Agora, em setembro desse ano, a CBTU, sem dialogar de nenhuma forma com a população, encerrou os serviços do metrô aos domingos deixando trabalhadores e famílias com dificuldades para se deslocarem para o trabalho ou para o lazer com a família. Ironicamente, após os empresários pressionarem, o metrô voltou a funcionar aos domingos agora em dezembro, para garantir o comércio no centro aos domingos.
Assim como no metrô do Rio de Janeiro, privatizado em 1997, o futuro do metrô em Recife na mão do setor privado é de dificuldade para os usuários, que sofrem diariamente com vagões superlotados e quentes, metrôs atrasados e quebrando quase toda a semana. Como canta o MC Demo, “socializando o prejuízo e privatizando o lucro”. Essa é a ótica dos empresários e deve ser combatida.