Governadores e prefeitos de diversas capitais brasileiras iniciaram 2025 com reajustes significativos nas tarifas de transporte coletivo, gerando protestos e indignação popular.
Julia Cacho | Diretora da FENET
JUVENTUDE – Numa tática já conhecida, vários governadores e prefeitos por todo o Brasil iniciaram o ano com aumentos abusivos nas tarifas do transporte coletivo. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), conhecido por seus projetos de privatização e precarização da vida do povo, após entregar várias linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô aos empresários, aumentou a passagem de R$ 5,00 para R$ 5,20. Seu aliado, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ordenou o aumento da tarifa de ônibus de R$ 4,40 para R$ 5,00. O mesmo acontece em várias cidades da região metropolitana e do interior de São Paulo. Em Campinas, que já tinha uma das passagens mais caras do país, passou a custar R$ 6,20 para os trabalhadores que utilizam vale-transporte e R$ 5,70 para os que utilizam o bilhete único.
Em Belo Horizonte (MG), a passagem passou de R$ 5,25 para R$ 5,75. A justificativa da Prefeitura foi que o aumento seria necessário para melhorar a qualidade do transporte. Já para circular entre BH e as cidades da região metropolitana, os R$ 7,70 não são mais suficientes; agora custa R$ 8,20.
Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes, anunciou, no primeiro dia do ano, que a passagem aumentaria de R$ 4,30 para R$ 4,70. O Rio continua tendo uma das tarifas mais caras de metrô, custando R$ 7,50.
Das capitais que iniciaram o ano com aumento da tarifa, Florianópolis (SC) ocupa o primeiro lugar, passou de R$ 6,00 para incríveis R$ 6,90! No segundo semestre de 2024, o jornal A Verdade já havia denunciado a precarização do transporte na cidade e os efeitos na vida da classe mais pobre.
Em Recife (PE), passou de R$ 4,10 para R$ 4,30. Em João Pessoa (PB), de R$ 4,90 para R$ 5,20. Em Natal (RN), a tarifa passou de R$ 4,40 para R$ 4,90. O anunciou aconteceu próximo das festas de fim de ano, porém, isso não impediu que a população organizasse um ato no dia 26 de dezembro, dia em que ocorreu o conselho para deliberar sobre o aumento ou não da tarifa. O ato foi reprimido para impedir a mobilização dos trabalhadores e estudantes. E em Salvador (BA) aumentou de R$ 5,20 para R$ 5,60. Por isso, o ano na capital baiana começou com um ato organizado pelos movimentos sociais para denunciar o aumento criminoso da tarifa.
Revoltados pelo aumento da tarifa, várias organizações convocaram atos nas cidades para defender a redução do preço das passagens e transporte coletivo gratuito e de qualidade. Em São Paulo, um ato foi realizado e milhares de estudantes e trabalhadores foram às ruas. A PM de Tarcísio tentou prender um grupo de jovens e intimidar os que se manifestavam, mas nem isso foi capaz de parar a revolta. A militância da União da Juventude Rebelião (UJR) e da Unidade Popular (UP) fizeram uma agitação no metrô, Estação da Sé, denunciando o aumento. Em Florianópolis, o ato denunciou que o aumento da tarifa significa que o povo não vai acessar o Centro da cidade para lazer e cultura, expulsando cada vez mais os trabalhadores e jovens das periferias.
O aumento das tarifas não beneficia os que utilizam o transporte público todos os dias, mas sim, àqueles que lucram com a precarização do serviço, com seus contratos absurdos e subsídios gigantes que as prefeituras e governos dão para as empresas de transporte coletivo.
O acesso à cidade só será de forma pública, gratuita e de qualidade quando aqueles que constroem todas as riquezas do nosso país puderem acessar o transporte sem gastar 1/3 de seu salário todos os meses para chegar ao trabalho ou à escola. Quando o povo puder controlar, será possível tirar as garras dos capitalistas e privatistas sob as empresas de transporte, será possível a gratuidade das tarifas e a expansão e melhoria dos serviços.