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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

MLC organiza trabalhadores técnicos industriais em Santa Catarina

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O Sindicato dos Técnicos Industriais de Santa Catarina (Sintec) está há mais de 20 anos sob uma direção que não faz lutas. Mesmo diante de um cenário difícil, militantes do MLC e da Unidade Popular visitaram fábricas por todo estado e conseguiram inscrever uma chapa de oposição, organizando os trabalhadores da categoria.

Coordenação Estadual MLC | Santa Catarina


TRABALHADOR UNIDO – O Sintec representa trabalhadores de empresas de extrema importância e que oferecem qualidade de vida ao povo catarinense a custos acessíveis. Dentre elas, a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), uma das duas últimas companhias elétricas públicas¹ e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). Estas empresas estão na mira da privatização, e a necessidade de um sindicato que vá até o chão de fábrica para fazer a campanha pela manutenção das companhias públicas fica ainda mais evidente após os apagões de São Paulo e a tragédia no RS, em que a Casan teve um papel fundamental de atuação em apoio aos gaúchos, enviando mais de 100 mil litros de água para a capital Porto Alegre. 

Os técnicos industriais são uma parte muito importante na linha de produção das fábricas mundo afora. Seu papel está diretamente ligado aos setores da construção civil, arquitetura, minas e geologia, no saneamento e na elétrica. Ou seja, cada um desses trabalhadores são fundamentais para que a água chegue límpida nas torneiras, para que a energia seja gerada, transmitida das geradoras para as redes de distribuição e em cada casa deste país.

Dessa forma, se torna fundamental para toda sociedade um sindicato que tenha uma direção consequente e popular, que apresente suas contas, trave lutas pela melhoria da vida dos trabalhadores, que não esteja voltado aos interesses do patrão e portanto não abandone a sua base. Porém, esta não é a realidade dos filiados ao Sindicato dos Técnicos Industriais de Santa Catarina (Sintec-SC). 

Eleições antidemocráticas 

Contudo, o cenário caótico gerado pelas privatizações não parecem preocupar os atuais diretores do Sintec. Após a privatização da Eletrobras, mais de 2.000 funcionários da empresa foram demitidos, muitos destes eram da CGT Eletrosul, empresa em que o Sintec também representa e fez pouco caso deste episódio. Nas greves dos trabalhadores da Celesc e na greve da Casan, o Sintec rodou panfletos direcionando os técnicos a não aderirem a greve convocada pelos sindicatos majoritários – que representam outras categorias de trabalhadores destas empresas – e assim, criando uma divisão entre os próprios trabalhadores. Diante de todo esse imobilismo, muitas pessoas perderam a vontade de participar e deixaram o Sintec, e quem permaneceu estava demonstrando a vontade por mudança. Surge então uma demanda por renovação da direção dentro da sua base – algo que não acontecia há pelo menos 20 anos.

Com medo da provável organização de uma oposição para a disputa, a diretoria executiva, o conselho fiscal e os delegados da atual gestão utilizaram de métodos para dificultar a formação de chapas. As regras eleitorais conhecidas foram suprimidas deliberadamente do estatuto em dezembro de 2023, em uma assembleia esvaziada. Quase um ano depois, faltando poucos dias para o início do processo eleitoral, indica-se arbitrariamente uma comissão eleitoral – formada pelos seus comparsas de outros sindicatos – publica-se então um regulamento eleitoral forjado em reunião fechada, antidemocrático, que restringia ainda mais as chances de formar uma chapa de oposição. 

Essas alterações impostas nas vésperas do processo eleitoral e sem a devida transparência mostra a falta de compromisso do sindicato com os que pagam a contribuição sindical mas não se sentem representados. Em entrevista ao jornal A Verdade, Jaime Weber, técnico da Casan, nos conta como se deu esse processo: 

“Foi após uma companheira nossa cobrar no grupo de WhatsApp que a direção foi atrás de publicar o edital. Tudo foi feito de uma forma muito antidemocrática, a começar pela publicação tardia do edital, do prazo de apenas quatro dias (menos da metade do tempo) para inscrever as chapas e da exigência de tempo de filiação para inscrições, que triplicou em relação ao estatuto anterior, de 1 para 3 anos de filiação. Qual trabalhador vai estar a três anos pagando a contribuição em um sindicado ao qual ele não confia? Achar os 24 nomes para compor a chapa foi quase como procurar uma agulha num palheiro.” 

Outra movimentação que dificultou o acesso à informação foi a mudança recente do website do Sintec-SC para um novo endereço, sem uma ampla divulgação dessa mudança. E mais: a diretoria mantém até a presente data a conta do sindicato na rede social Instagram em modo privado, o que restringe o acesso às informações exclusivamente aos seguidores aceitos. 

A importância do trabalho contínuo e sistemático

Apresentar uma alternativa de luta para um sindicato de tamanha importância foi algo que animou muito a categoria. Porém, a dificuldade da tarefa em achar os 24 nomes em apenas quatro dias fez com que muitos pensassem que seria impossível inscrever a chapa. Porém, a militância do MLC se propõe a cumprir uma missão histórica: a de construir uma nova sociedade em que a exploração do ser humano não existirá mais – a sociedade socialista. Esta tarefa consiste em, literalmente, mudar o curso da história e, para aqueles que se propõem em cumprir essa tarefa, nada deve parecer impossível de mudar. 

Foi com esse espírito de abnegação e trabalho árduo que a militância do MLC em conjunto com os núcleos da Unidade Popular em todo estado visitaram mais de 30 fábricas, distribuíram mais de 2.000 panfletos, estiveram em 16 cidades e não só conseguiram inscrever os 24 nomes, mas também organizar um verdadeiro movimento que abraçou centenas de trabalhadores e trabalhadoras da categoria.  

Além disso, até a justiça trabalhista burguesa reconheceu que a condução das eleições foi enviesada e determinou a suspensão do processo eleitoral e a instalação de novas eleições, com base no estatuto anterior. Ou seja, além da vitória política da inscrição da chapa, obtivemos uma vitória jurídica por mais democracia nas eleições e contra aqueles que abandonaram a luta de classes e escolheram se aliar aos patrões. 

O prazo de inscrições foi reaberto, dessa vez com 10 dias de tempo em vez de 4. O requisito de tempo de filiação é de um ano novamente. Agora a luta é para manter a mobilização da categoria, garantir que a comissão eleitoral seja neutra e que o processo de votação seja presencial, para facilitar a fiscalização no processo.

Todas estas vitórias só foram possíveis por conta do trabalho contínuo e sistemático desse núcleo e das brigadas semanais do jornal A Verdade nas portas da Celesc e da Casan que o que parecia impossível se materializou em uma vitória concreta.


¹ As duas únicas companhias públicas remanescentes são a Celesc e a Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig. 

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