A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco na jornada de luta contra a escala 6×1.
Redação SP
A luta pelo fim da escala 6×1 tem se provado um ponto de virada no debate político a respeito da jornada de trabalho no Brasil. Justamente por expor o estado cruel de exploração ao qual milhões de brasileiros estão submetidos, a pauta tem dado um novo fôlego para a luta histórica da classe trabalhadora no país.
A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco nessa jornada. Encerrada no dia 02 de dezembro, a greve contou com enorme adesão da categoria, forte solidariedade por parte de partidos, movimentos sociais e outros sindicatos (embora a CUT, a Força Sindical e a CTB não tenham sido favoráveis à greve), além de grande repercussão midiática. Trabalhadores de todo o Brasil se identificaram com a luta dos bravos operários e operárias da PepsiCo e viram neles a sua própria imagem enquanto irmãos de classe.
A burguesia, é claro, defendeu com afinco o “direito” de explorar os trabalhadores que, com coragem, cruzaram os braços nas unidades de Itaquera e Sorocaba (SP). Vouchers de R$ 200,00 para serem utilizados em aplicativos foram oferecidos a quem estivesse disposto a cumprir o papel de fura-greve e diversas matérias foram plantadas na mídia comercial para descaracterizar a legitimidade da greve. Mesmo assim, os trabalhadores foram até o fim.
A proposta aprovada ao fim da greve não foi favorável aos trabalhadores, como noticiamos em matéria publicada no site do jornal A Verdade no dia 30/11. Entretanto, há de se frisar o que foi positivo nesse processo: a primeira greve operária pelo fim da escala 6×1 parou duas fábricas de uma empresa multinacional. Este salto qualitativo não pode ser ignorado, afinal, cada trabalhador se deu conta de que o fim da exploração não vai se dar por meio de acordos de gabinete, de uma conciliação entre patrão e empregado mediada pelo Estado burguês. Tal conquista deve ser arrancada das mãos da burguesia pela classe trabalhadora organizada.
Nesse sentido, torna-se cada vez mais importante não perder as rédeas da mobilização. Da luta de hoje, deve-se tirar os planos para as lutas futuras. Aprender com os exemplos que os companheiros grevistas nos deram e estar ao lado deles todos os dias. Em cada panfletagem e em cada brigada em porta de fábrica, o exemplo dos trabalhadores da PepsiCo deve ser lembrado e deve-se apresentar a Unidade Popular e o seu programa, que reivindica a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias a todos os trabalhadores. É preciso trabalhar para que mais greves se espalhem pelo Brasil, com o objetivo político de fortalecer o proletariado na luta pelos seus direitos.
Apoio popular
Pesquisa publicada pela Folha de São Paulo revelou que 70% da população brasileira apoia o fim da escala 6×1. Não para por aí: 65,8% dos entrevistados demonstram ter consciência de que os patrões se opõem à PEC porque o modelo vigente permite maior exploração do trabalhador, resultando em grandes margens de lucro, e 77% entendem que a produtividade do trabalhador aumentaria com mais tempo de descanso. Além disso, o apoio ao fim da jornada chega a ser até 10% maior entre as mulheres (86%) do que entre os homens (76%).
Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade