No próximo dia 8 de março, mulheres e movimentos sociais de diversas regiões do Brasil sairão às ruas para protestar contra a violência de gênero, a desigualdade social e a ameaça de retrocessos nos direitos das mulheres.
Coordenação Nacional do Movimento Olga Benario
MULHERES – No próximo 8 de Março, mulheres de todo o Brasil se unirão nas ruas para lutar contra a violência, a fome, o fascismo, o genocídio palestino e em memória das que tombaram na luta por um Brasil democrático e socialista durante a ditadura militar. O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, celebrado como marco na emancipação feminina, ocorre em um cenário de crise do capitalismo, ascensão de ameaças fascistas e guerra global que desafia a dignidade humana.
O Governo Bolsonaro espalhou a ideologia fascista, com tentativas de golpe e ataques à democracia e aos direitos das mulheres. Hoje, enfrentamos a PEC 164/2012, que proíbe o aborto nos casos previstos por lei. Diante disso, é urgente fortalecer a organização das mulheres contra a agenda reacionária que visa a retroceder conquistas essenciais.
O Brasil ocupa a triste posição de 5º país no ranking mundial de feminicídios. Diariamente, ao menos quatro mulheres são assassinadas por serem mulheres, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A violência contra as mulheres, especialmente negras e periféricas, está enraizada em um sistema capitalista e patriarcal. Além disso, enfrentamos a falta de creches, aumento dos preços de alimentos e itens básicos, e desigualdade salarial – com as mulheres ganhando 20% a menos que os homens, mesmo realizando as mesmas funções.
Essa realidade é parte do projeto da burguesia, que amplia seus lucros à custa da exploração das mulheres trabalhadoras. Violências físicas, econômicas e psicológicas, assim como a violação de direitos, funcionam como mecanismos de controle e dominação.
A violência de Estado não se limita ao Brasil. O genocídio palestino, intensificado pelo Exército de Israel e financiado pelos EUA, já resultou em cerca de 60 mil mortes, em sua maioria, mulheres e crianças, como aponta o Ministério da Saúde da Palestina. Segundo Reem Alsalem, da ONU, “os ataques de Israel às mulheres palestinas são parte de uma estratégia sistemática de genocídio”. As agressões contra as mulheres palestinas, incluindo ataques à capacidade reprodutiva e destruição de hospitais, visam a aniquilar não só a vida, mas a continuidade do povo palestino.
Devemos lutar como as mulheres palestinas, que, mesmo sob os escombros de sua terra e a ameaça das bombas, seguem na luta para reconstruir seu país, liderando iniciativas de construção de hospitais, escolas e centros de apoio psicológico.
Marcharemos em nome das mulheres que tombaram nas mãos do Estado, seja pela violência direta, pela negligência ou em defesa de seu povo. Marcharemos por Preta Zeferina, Tereza de Benguela, Helenira Resende, Inês Etienne, Soledad Barrett, Olga Benario, Sarah Domingues, Edineia Ribeiro e Janaína Silva.
Portanto, o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora de 2025 será muito mais do que uma data simbólica. É um chamado para construir uma jornada de lutas que traga novas possibilidades de vida para as mulheres e toda a classe trabalhadora. Em um cenário de adversidades, a mobilização das mulheres continua a ser um farol de esperança e uma força essencial para a construção do socialismo no Brasil e no mundo.
Matéria publicada no jornal A Verdade impresso edição nº 307