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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Moradores do Jardim Pantanal fazem ato contra ameaça de despejo

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No sábado (15/2), a população do Jardim Pantanal se manifestou em defesa de suas moradias, com o apoio do MLB e da UP. As famílias do bairro rejeitam a proposta de remoção com indenização baixíssima, apresentada pela prefeitura do fascista Ricardo Nunes após as enchentes

Gabriel Zerbinato | São Paulo (SP)


As famílias do Jardim Pantanal, bairro da Zona Leste de São Paulo, realizaram neste sábado (15/2), um protesto contra o completo abandono do governo e da prefeitura frente às enchentes que têm destruído os seus lares. A situação ficou ainda mais crítica quando o prefeito Ricardo Nunes (MDB) expressou, no começo do mês, a intenção de expulsar os moradores mediante um pagamento ínfimo de até R$50 mil.

O bairro, que nasceu na década de 1980 às margens do Rio Tietê e hoje abriga cerca de 45 mil trabalhadores, historicamente carece de obras públicas que impeçam alagamentos como os deste ano, e o povo se diz cansado de ver essas cenas se repetindo através das gerações. “Mudei para cá em 1991 com meus quatro filhos pequenos. Criei eles aqui com muito sofrimento. Foram muitas enchentes, era sempre um mar de água, perdíamos tudo para a água. Até agora não vimos melhora”, relatou a moradora Fernanda ao jornal A Verdade, que esteve presente no protesto.

Por sua vez, se identificando com a manifestação enquanto ela passava pelas ruas do bairro, a moradora Rosa Maria declarou: “Quando eu vim para cá, nem sabia que existia pantanal, era tudo mato. É o seguinte: se estamos aqui, se construímos nossas casas, não vamos aceitar R$50 mil como estão propondo para sair daqui. Com esse dinheiro não dá nem para comprar um pedacinho de terra para fazer um banheiro. Temos que ir à luta, porque mesmo saindo daqui você vai achar enchente em tudo quanto é lugar. Melhoria eu não vejo ainda, e por isso mesmo não podemos deixar tirar ninguém daqui”.

Moradores devem decidir

Esse quadro demonstra a falsidade do discurso do prefeito Ricardo Nunes, que alega que as enchentes são um fenômeno natural recente, e por isso não seriam controláveis nem podem ser prevenidas. Na realidade, a recusa de implementar medidas de prevenção contra os alagamentos na região e ainda propor a expulsão de uma comunidade inteira se mostra uma escolha política da gestão do fascista Nunes. Por isso, os moradores exigem ser ouvidos e estar à frente de qualquer processo de urbanização que ocorra na região.

A Unidade Popular (UP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) tiveram uma participação massiva na manifestação, somando-se à luta coletiva dos moradores em defesa da moradia digna. Léo Péricles, presidente nacional da UP, esteve presente e ressaltou a importância do protagonismo do povo na urbanização do Jardim Pantanal.

“É um absurdo a cidade mais rica da América Latina largar milhares de pessoas à sua própria sorte como estamos vendo aqui. No bairro dos ricos não ouvimos falar de alagamento, de lares destruídos, porque o prefeito governa para essa meia dúzia de ricos que mandam nele. A urbanização daqui dessa comunidade deve ser feita, com certeza o povo vai conquistar, mas deve ser feita com a opinião dos moradores. O povo não deve mais ficar pedindo, deve exigir”, disse Léo Péricles.

O jornal A Verdade também ouviu Manoel Pereira, morador do bairro e militante do MLB, que sintetizou a importância da mobilização ocorrida no dia e a luta por moradia nos bairros em geral: “Sou operário e moro aqui no Jardim Pantanal desde 1991. Foi a situação de exploração que vivemos enquanto trabalhadores que nos levou a ocupar essas terras na margem do rio, e o poder público nunca se interessou em resolver o problema de moradia daqui. Por isso manifestações como essa são necessárias para conscientizar os moradores que foram afetados e caminhar, com o povo à frente, para a solução definitiva, que é a construção do poder popular e do socialismo”.

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