Na quarta-feira (18/2), a solidariedade popular barrou uma tentativa de reintegração de posse do imóvel da Ocupação da Mulher Operária Alceri Gomes. O Movimento de Mulheres Olga Benario também conquistou uma reunião com a Prefeitura de São Caetano (SP) para apresentar suas demandas
Movimento de Mulheres Olga Benario
Nesta quarta-feira (18/2), foi barrada uma ameaça de reintegração de posse contra a Ocupação da Mulher Operária Alceri Gomes, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario em São Caetano do Sul (SP).
No dia, marcado pelas autoridades para a reintegração do imóvel, o movimento mobilizou dezenas de mulheres e apoiadores para resistir ao despejo ilegal, contando com deputada estadual, vereadores das cidades, coletivos progressistas e muito apoio do bairro que fica no entorno da ocupação.
A casa existe desde 23 de novembro do ano passado e é uma das 26 ocupações organizadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario em todo o país. Desde o primeiro dia, a Ocupação Alceri Gomes tem realizado um trabalho de acolhimento das mulheres em situação de violência e organizado mulheres da cidade para lutar em defesa de seus direitos. Porém, em um processo acelerado, que a própria Defensoria Pública do Estado de São Paulo apontou ilegalidades, um juiz autorizou a reintegração de posse com uso de violência policial.
Ao jornal A Verdade, uma das vizinhas que se somou à resistência contra a reintegração afirmou: “Durante todos os 30 anos em que ficou abandonado, esse prédio era, na verdade, lugar para criação de praga, invasão para usuário de droga. Depois que veio a ocupação e vocês limparam o espaço, a gente teve redução de pragas e, para a vizinhança, o prédio ocupado é muito melhor do que o prédio abandonado, desocupado e suscetível a qualquer tipo de ocupação sem nenhum propósito. Há um propósito e eu acho que tem que continuar a ocupação!”
O ato contra a reintegração contou com palavras de ordem e muita agitação denunciando a violência contra as mulheres na região, o despejo ilegal e o descaso de Tite Campanella (PL), prefeito de São Caetano do Sul, que até o momento não havia atendido o movimento. Vereadores da cidade junto a grupo de fascistas tentaram obrigar a Guarda Civil Municipal (GCM) a realizar a reintegração mesmo sem o documento do mandado, sem sucesso, as mulheres organizadas barraram essa tentativa de despejo.
No mesmo dia, o Movimento de Mulheres Olga Benario mobilizou um ato na Câmara dos vereadores da cidade, que teve sua sessão encerrada devido à presença das mulheres.
Ainda no dia 18, a Justiça determinou um novo prazo de 24 horas para a polícia concretizar o despejo. Por isso, a mobilização se manteve para o dia seguinte, crescendo em número de apoiadores. Fruto dessa pressão, as mulheres conseguiram o adiamento da reintegração de posse: ao entrar no processo, a Polícia Militar solicitou a prorrogação do prazo em 30 dias, o que é acatado pelo juiz.
Com a força da manifestação, o movimento foi atendido pela Prefeitura e se reuniu com o chefe de gabinete do prefeito. Suas representantes apresentaram as demandas da ocupação e das mulheres da cidade às autoridades, que se comprometeram a receber o movimento novamente em uma semana.
Para o Movimento de Mulheres Olga Benario, essas importantes vitórias deixam claro que só com mobilização e luta é possível vencer. Para consolidar essas conquistas, o movimento segue mobilizado e realizando atividades na ocupação e nos entornos, chamando as mulheres a se organizarem no núcleo da ocupação que acontece todo domingo, às 10h.
Além disso, para garantir o avanço dessa luta e acolher mais mulheres, o movimento tem realizado uma campanha de arrecadação através do Pix movimentoolgabenario.sp@gmail.com e no link apoia.se/pelavidadasmulheres.