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sábado, 29 de março de 2025

Sobre “A Mulher e a Educação” na luta por uma nova sociedade

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O artigo “A mulher e a educação das crianças”, de Nadejda Krupskaya, revolucionária russa e dirigente bolchevique, lançado em 1901, é uma profunda análise da situação e das condições em que as mulheres da classe trabalhadora são lançadas.

Larissa Vanessa | Recife – PE


MULHERES – Escrito para uma brochura chamada “A mulher operária” e publicado pela primeira vez em 1901 como um folheto separado no jornal Iskra, em Monique, o texto de Nadejda K. Krupskaya, “A mulher e a educação das crianças”, é uma leitura essencial para quem luta por educação de qualidade e por uma sociedade justa. Nesse texto, a companheira — que foi secretária do Iskra e membro do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética em 1924, além de ter atuado como Comissária da Educação na União Soviética entre 1919 e 1939, ano de sua morte —, uma das principais lideranças responsáveis pela criação do novo sistema educativo da URSS, descreve a situação em que se encontravam as mulheres operárias da Rússia em sua época.

Em “A mulher e a educação das crianças” vemos um recorte histórico cruel que, infelizmente não é de todo diferente da atual situação das mulheres e mães trabalhadoras de nossos dias. Nos é apresentado de forma crua como lidavam as operárias e camponesas com a forma que a maternidade lhes era imposta. Além da situação das mulheres, forçadas a vender sua força de trabalho, e ao mesmo tempo responsabilizadas pelo cuidado da casa e da família. As operárias utilizavam de todos os meios ao seu alcance para desempenhar seu papel social enquanto eram exploradas ao limite de suas capacidades físicas para conseguir o mínimo necessário para sobreviver. 

Sem preparo ou formação, sem apoio ou condições materiais concretas, eram incapazes de fornecer ao bebê os cuidados necessários. “Ao cuidar da criança, a camponesa orienta-se mais por costumes e preconceitos”. Num período em que, para manter-se, toda a família trabalhava sem descanso — incluindo crianças, idosos e gestantes —, a escola e a educação adequada pública das crianças pareciam inviáveis. Os trabalhadores, porém, se sublevaram e puseram abaixo o sistema de opressão, dando um exemplo de como podemos pensar melhor nossas prioridades na formação do indivíduo. “A operária se diferencia por sua saúde debilitada… E mulheres fracas, doentes, dão à luz crianças fracas”, são “geradoras, assim como elas mesmas, de uma geração fraca, semimorta, sobrecarregada por uma série de doenças que as levam a uma morte prematura”.

O olhar atencioso com o qual Krupskaya se dedica a elaborar os argumentos para a defesa de uma sociedade solidária e socialista nos faz refletir sobre como ainda hoje encontramos empecilhos para o desenvolvimento pleno de nossas habilidades intelectuais e físicas. Assim como na Rússia pré-revolucionária, a tarefa de manter vivas as crianças até sua idade laboral ainda recai sobre as mulheres. Uma sociedade que não reconhece que o desenvolvimento de suas próximas gerações é de interesse social, e não apenas particular, aceita a única tarefa de garantir a próxima leva de trabalhadores explorados, exaustos e mão de obra barata.

Sem considerar que a obrigação de cada sociedade é garantir as melhores condições de vida possíveis de sua época, fechamos os olhos para a opressão que enfrentam os trabalhadores, a exploração em que vivem e as dificuldades que vivenciam, apesar das possibilidades tecnológicas existentes. No lugar de melhorar nossas condições de existência, a tecnologia e os avanços científicos tornam-se ferramentas para perpetuar condições de vida cada vez mais degradantes, priorizando, sempre, a garantia da exploração da força de trabalho em troca de lucro aos super-ricos e dos privilégios burgueses.

A educação das crianças é uma tarefa social, uma vez que formamos agentes sociais responsáveis por dar continuidade à existência da humanidade. É direito da criança e obrigação de qualquer Estado que se proponha a representar os interesses da população. E a experiência socialista nos comprova que, no capitalismo, isso é inalcançável. Sendo assim, é pauta fundamental na elaboração de qualquer sociedade e prioritária no sistema socialista. E é nossa a missão de tornar possível esse modelo social o quanto antes. Pela vida das mulheres, por uma existência digna, pelo melhor desenvolvimento do nosso povo.

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