Após uma série de lutas e a organização de dezenas de estudantes, Movimento Correnteza vence eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFMT.
Ana Pistori | Cuiabá
JUVENTUDE – No último dia 2 de abril, aconteceram as eleições para uma das entidades estudantis mais importantes do Mato Grosso: o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso Campus Cuiabá. O Movimento Correnteza, o Movimento de Mulheres Olga Benario e a União da Juventude Rebelião saíram vitoriosos da disputa, com 62% da votação.
Defendendo principalmente as pautas do RU gratuito e da construção da creche universitária, a chapa do Movimento Correnteza, do Movimento de Mulheres Olga Benario e de diversos estudantes independentes, vanguardeados pela União da Juventude Rebelião, disputaram o processo que elegeu democraticamente a nova gestão do DCE da UFMT.
Da inscrição até o dia de pedir votos, a chapa eleita demonstrou ousadia ao propor a construção de um DCE combativo, que organiza os estudantes na luta por uma universidade gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
O contato cotidiano e contínuo na UFMT
Ao longo dos últimos anos, o Movimento Correnteza tem lutado pelas condições de permanecer na UFMT. Em 2023, organizou os estudantes na ocupação de guarita, barrando a retirada de mais de 400 bolsas de permanência e a ameaça de aumento no preço do RU.
Além disso, no mesmo ano, organiza um abaixo-assinado pela volta do transporte interno da universidade – carinhosamente apelidado de Ligeirão. E como quem luta conquista, o Ligeirão tem circulado na UFMT há dois anos.
Em 2024, na direção do CALET conquistou a contratação de intérpretes de LIBRAS para o curso de Letras – LIBRAS, que estava há meses sofrendo com a falta de acessibilidade no principal curso para formar pessoas que trabalham na inclusão linguística de pessoas surdas.
Da mesma forma, ao longo de 3 anos, o Movimento de Mulheres Olga Benario tem se colocado à frente das lutas contra a evasão de mulheres na UFMT. Por meio de campanhas de denúncia ao assédio, de pesquisas de opinião e de abaixo-assinado a respeito da creche universitária, as estudantes do Olga têm procurado se organizar na luta!
A vitória das eleições é fruto desse trabalho cotidiano, junto aos estudantes da UFMT.
Atividades de lazer, esporte e cultura para os estudantes
Com menos de três semanas de campanha eleitoral, a chapa de oposição esteve presente no I Fórum de Violência Contra a Mulher em Mato Grosso, organizado pelo curso de Psicologia, e no Café com A Verdade, em frente ao Restaurante Universitário. Nesses espaços, foram feitas as defesas do programa da chapa para a UFMT e para a comunidade externa.
Durante a campanha a chapa também organizou um cinedebate sobre a importância da luta pela legalização do aborto a partir do filme Verde-Esperanza (2022); uma prática de exercício físico coletiva (a Queimada da Chapa 2) e o Sarau da Chapa 2, que reuniu estudantes artistas de todos os cantos da UFMT em um momento de apreciação da cultura mato-grossense.
O trabalho com o Jornal durante as eleições
Durante toda a campanha, o trabalho com o jornal foi colocado no centro pelos militantes. Fruto dessa luta política, foram vendidos 218 jornais em apenas duas semanas e meia.
Isso significa que os membros da chapa foram ganhando a consciência das pessoas a cada dia, a partir da evidência das contradições existentes no nosso país, que se baseia suas relações na lógica do lucro, e da associação direta do programa político para um DCE combativo ao Jornal A Verdade.
A imprensa popular cumpriu seu papel de disputa política com os estudantes e evidenciou a necessidade de se dar mais atenção ao trabalho com o Jornal A Verdade nas universidades.
Os estudantes das universidades federais, como um todo, têm sofrido com a falta de investimentos na educação. O novo teto de gastos estrangula o orçamento necessário para manter as políticas de permanência estudantil, mas não só isso.
Atualmente, as bolsas de iniciação científica, extensão e iniciação à docência, assim como as de permanência, estão sendo pagas no valor de R$ 700,00. Valor este que não chega nem aos pés de 1 salário mínimo e que é absurdamente insuficiente se considerarmos a pesquisa do DIEESE, que aponta que o salário mínimo deveria ser de R$ 7,1 mil para se viver dignamente.
Portanto, vencer a eleição foi só o começo. Como disse a nova coordenadora geral do DCE da UFMT, Rayssa Piovani: “a gente precisa ter a firmeza e a esperança de que o movimento estudantil pode fazer coisas muito grandes, então, o que a gente tá fazendo aqui é um ponta-pé inicial!”.