Estudantes organizam atos no Rio de Janeiro para lutar pela climatização das salas de aula. Principal causa da falta de climatização é negligência do Governo do Estado
Yasmin Farias | Presidente da AERJ
JUVENTUDE – Um movimento crescente de estudantes e educadores tem se intensificado no Rio de Janeiro, cobrando do Governo Estadual melhores condições nas escolas públicas, principalmente em relação à climatização das salas de aula. A alta temperatura e a falta de infraestrutura nas unidades escolares têm afetado diretamente o aprendizado e o bem-estar dos alunos e professores.
A falta de recursos e o orçamento insuficiente para a educação são os principais fatores para o cenário de precariedade nas escolas. Enquanto isso, as medidas emergenciais propostas pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) são rodízio de turmas nas poucas salas climatizadas, indicação de que os estudantes bebam água e comam frutas. Mas, na maioria das escolas, os bebedouros estão quentes e sem manutenção regular, além do prejuízo da perda de aulas durante o rodízio.
Nos últimos meses, diversas escolas públicas no Rio de Janeiro têm sido palco de atos e mobilizações estudantis de várias regiões. Na zona norte da capital, estudantes realizaram manifestações dentro das escolas e nas ruas, bloqueando vias e cobrando providências imediatas do governo. “A gente não consegue mais estudar com esse calor insuportável. Algumas salas tem ar-condicionado, mas não funcionam, e temos que ligar os ventiladores e com o calor que faz não é suficiente. Não dá para estudar”, afirmou Alice Ribeiro, estudante do Colégio Estadual Olavo Bilac, em São Cristóvão.
A pressão nas escolas também se estendeu para a Secretaria. Em um grande ato realizado no início de março, estudantes foram até a sede do órgão para exigir a implementação de sistemas de climatização e melhores condições de infraestrutura nas escolas, além da elaboração de um plano emergencial que autorize uso de uniforme de verão e a revisão dos cardápios escolares.
Falta de orçamento para a educação
A falta de um orçamento adequado para a educação no Estado do Rio de Janeiro tem sido uma das principais causas do cenário precário. O orçamento destinado para a área é insuficiente. O governador Cláudio Castro (PL) prefere gastar a verba que deveria ir para a educação com a Polícia Militar, que realiza operações cotidianas nas favelas, que não geram nada além da morte de diversos jovens e trabalhadores e a suspensão das aulas nas escolas das comunidades.
Em novembro do ano passado, o Governo foi proibido pelo Tribunal de Justiça de usar o orçamento da educação para ações de segurança pública e pagamento de policiais através do Programa Estadual de Integração na Segurança ou similares. Além disso, foi condenado a devolver para educação R$ 147 milhões que foram gastos com esses fins.
“A nossa luta é não apenas pela climatização, mas por uma educação de qualidade. Quando o Governo ignora nossas demandas, ele está condenando vários estudantes a uma educação precarizada. Estamos aqui para cobrar que esse direito seja respeitado”, afirma Mariana Lopes, diretora da Associação dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (Aerj).
Matéria publicada na edição impressa nº 309 de A Verdade