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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Moradores do Passo da Pátria exigem justiça por Bárbara, assassinada pela polícia militar em Natal (RN)

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Assassinato de Bárbara Nascimento, 34 anos, pela polícia militar revolta moradores da comunidade do Passo da Pátria em Natal (RN). A população denuncia a truculência da polícia no bairro.

Alice Morais | Redação (RN)


LUTA POPULAR – No último sábado, dia 12 de abril, a polícia militar matou uma mulher na comunidade Passo da Pátria, na zona leste de Natal (RN). Bárbara Nascimento, mulher negra, formada em Administração, foi baleada pela Polícia Militar na porta de sua casa enquanto brincava com sua filha de 4 anos. Bárbara foi socorrida e levada ao hospital, mas não resistiu.

Não é de hoje que a polícia oprime os moradores do Passo da Pátria. O caso gerou muita comoção da população, que há muito tempo denuncia a truculência da polícia na comunidade. “O mais indignante é que foi com minha irmã, mas poderia ter sido com qualquer um aqui dessa comunidade. Aqui tem gente de bem, que é oprimido por quem deveria nos proteger. A gente só quer justiça” relatou Fabrício, irmão de Bárbara. A população organizou diversas ações em protesto, exigindo justiça por Bárbara e punição para os assassinos; o último ato aconteceu nesta segunda-feira (14), organizado pela família, e contou com centenas de moradores.

A violência policial triplicou no país nos últimos 10 anos. No Rio Grande do Norte, apesar dos investimentos na área da segurança pública, parece acompanhar a estatística. No mês de março, o governo de Fátima Bezerra (PT)  recebeu R$ 11,4 milhões de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, para contratação de 793 dispositivos de câmeras para fardamento de policiais. Além disso, foram doadas 463 armas de incapacitação neuromuscular e 7.120 espargidores de spray de pimenta, ao custo de R$ 2,6 milhões. Ao todo, os investimentos imediatos somam mais de 14 milhões. Apesar dos dados apontarem queda nos casos de homicídios dolosos e latrocínio no RN, essa estatística não conta com a violência que parte dos próprios agentes, cujas vítimas são o povo que mora na periferia.

As mulheres e crianças – sobretudo negras – são as mais afetadas pelo crescimento da violência policial. Um estudo da Rede de Observatórios de Segurança identificou, no ano de 2024, 60 casos de violência contra mulheres cometidos por policiais em somente 8 estados do país. No mesmo ano, a UNICEF divulgou que 16,5% dos casos de mortes violentas de crianças e adolescentes no Brasil foram causadas pela polícia. A maioria desses jovens eram negros e moradores de bairros periféricos.

Ato dos moradores do Passo da Pátria pede justiça por Bárbara e fim da violência policial

Porque a polícia oprime moradores do Passo da Pátria?

O Passo da Pátria é uma das comunidades mais antigas de Natal, localizada na zona leste, próxima ao centro da cidade. É uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), isso quer dizer que é um território destinado à moradia digna para a população, protegido por lei. As ZEIS combatem diretamente a especulação imobiliária, uma vez que promovem a regularização fundiária em favor da população, impedindo a existência de reservas especulativas naquela região. Por isso, o Passo da Pátria é um espaço de disputa latente entre a burguesia da cidade – que não mede esforços para expulsar o povo de suas casas para dar lugar à propriedade privada -, e a classe trabalhadora – que luta para morar com dignidade. 

No sistema em que vivemos, o sistema capitalista, o Estado não é nada mais que um gabinete para gerir os negócios que mais favorecem à classe dominante, no caso a burguesia. A polícia, portanto, não existe para proteger a população – existe para proteger o Estado, as posses da burguesia, e assegurar que o sistema continue existindo, por isso oprime a população com uso da violência, em especial nas periferias do país.

Para a classe dominante, não importa quantos trabalhadores morram para garantir o seu poder enquanto classe. Por isso, em particular a violência de Estado, atinge milhões de pessoas em nosso país. Desse modo, para acabar de fato com a opressão e garantir que ninguém mais seja vítima da violência da polícia, é preciso lutar pela desmilitarização da polícia e pelo fim do sistema capitalista.

 

Justiça por Bárbara Nascimento!

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