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domingo, 21 de dezembro de 2025

Plano Safra do governo Lula prioriza fazendeiros

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“O novo texto do Plano Safra veio após críticas da bancada ruralista sobre a suspensão das linhas de financiamento em texto da MP anteriormente encaminhado.”

Wildally Souza | São Paulo (SP)


O Governo Federal publicou, no dia 25 de fevereiro, a Medida Provisória (MP) que garante R$ 4,18 bilhões em crédito extraordinário para o Plano Safra 2024/2025. Do valor total do plano, apenas R$ 645 milhões (15,4%) serão destinados para a agricultura familiar – os verdadeiros responsáveis pela comida nas mesas do povo brasileiro –, enquanto R$ 3,5 bilhões foram destinados ao agronegócio – que exporta carne, soja e ovo e financia campanhas de partidos fascistas e golpes de Estado.

O novo texto do Plano Safra veio após críticas da bancada ruralista sobre a suspensão das linhas de financiamento em texto da MP anteriormente encaminhado.

Eleito tendo como bandeiras fundamentais a defesa da democracia, o combate ao golpismo e reforma agrária, o governo Lula caminha na contramão dos interesses do povo pobre e mostra que sua prioridade é a chamada governabilidade, fazendo afagos ao agronegócio e aos grandes empresários golpistas.

Alto custo de vida

Com rios de dinheiro investidos em grandes campanhas de marketing, o agronegócio vende ao povo brasileiro a mentira insustentável de que alimenta o mundo e gera mais empregos, produzindo de forma sustentável.

Os dados e as notícias diárias nos mostram outra realidade. O agro é o principal responsável pela devastação florestal, envenenamento dos solos, das águas e dos ataques constantes e mortes dos povos indígenas e quilombolas, além do assassinato de ambientalistas e defensores da terra. Usam ainda força de trabalho escravo em suas propriedades para garantir as altas taxas de lucro.

A agropecuária no Brasil representa algo em torno de 8% do PIB brasileiro apenas. Muito diferente dos 28% que costumam afirmar. Isso se dá porque o crescimento da produção é extremamente concentrado nas chamadas commodities agrícolas, ou seja, no comércio internacional do que é produzido em nossas terras.

Em 2004, as propriedades rurais com mais de 100 mil hectares ocupavam apenas 2% da área total registrada pelo Incra. Em 2018, essas mega propriedades já correspondiam a 18% da área total (1 hectare equivale a aproximadamente um campo de futebol). Vale ressaltar que essas áreas, verdadeiros países dentro do Brasil, pertencem a apenas 424 imóveis rurais. Ou seja, na estrutura fundiária brasileira, 0,006% das propriedades concentram 18% da área total! Só os três maiores conglomerados capitalistas (Bom Futuro, SLC Agrícola e Amaggi) são donos de 1,5 milhão de hectares.

Prioridade é o povo

São os trabalhadores do campo e a agricultura familiar os responsáveis por mais de 75% de toda a comida que chega às mesas brasileiras. Portanto, se é a agricultura familiar quem gera emprego e renda no campo e garante a produção de comida saudável e sustentável para a população brasileira, por que a atividade só recebe cerca de 15% do financiamento da produção agrícola? Isso só prova que é a lógica neoliberal que tem guiado as decisões econômicas do Governo Lula, que constantemente cede aos interesses dos ricos do país e não atende aos interesses dos trabalhadores.

Não há outra saída senão a mobilização e a organização da classe trabalhadora para derrubar esse sistema capitalista imundo, que promove fome e desigualdades sociais. É urgente a construção de uma sociedade em que a comida não sirva ao lucro dos grandes empresários a partir da fome do povo pobre. É preciso, no campo e na cidade, erguer a bandeira do socialismo!

Matéria publicada na edição impressa nº 309 do jornal A Verdade

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