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terça-feira, 15 de abril de 2025

Professores da rede estadual de São Paulo aprovam greve

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Professores de São Paulo aprovaram greve para 25 de abril contra falta de reajuste salarial, privatização e militarização escolar. Sob governo Tarcísio, cortes de R$11 bi precarizaram ensino, ampliaram terceirizações e sobrecarga de trabalho. Movimentos denunciam mortes como a da professora Analu e organizam resistência.

Thais Gasparini | MLC SP


Em assembleia, milhares de professores da rede estadual de São Paulo se reuniram no dia 21 de março e aprovaram a greve da categoria para o dia 25 de abril. A categoria reivindica o reajuste imediato do piso nacional, fim da plataformização, da privatização e militarização das escolas estaduais.

O cenário de greve se dá a partir da precarização que os professores vêm sofrendo há anos, debaixo de governos tucanos (PSDB) e, agora, aprofundada pelo governo fascista de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Só no último ano, a educação paulista sofreu um corte de R$11 bilhões resultando em ainda mais sucateamento da educação pública no estado. Não à toa, São Paulo teve o pior índice de desempenho em anos.

Declarando a educação como inimiga número um, Tarcísio e seu secretário da educação, Renato Feder, promovem um pacote de hostilidades contra os professores. Apenas após 10 anos, foi aberto o edital que prometia efetivar 15 mil professores por meio de concurso público. Acontece que, mais de 60% (110 mil) da categoria é contratada de forma temporária, ou seja, com direitos a menos quando comparada com um professor efetivo. Os chamados “categoria O” penam todo fim de ano com a incerteza se terão aulas para o próximo ano letivo.

“Essa é a minha situação, tenho minha especialização e dou aula há anos, mas você pode ver que estou com uma ‘bag’ nas costas. Estou sem aulas e uma das maneiras de pagar as contas é fazendo entrega por aplicativo”, relata Pablo Cavichini, professor categoria O em Diadema (SP). Esse é um dos milhares de exemplos de professores que tiveram suas aulas perdidas por conta da falta de transparência nas atribuições de aula, além de promover um corte de 62% nas disciplinas de ciências das humanidades.

Não contente, o governador abriu edital para privatização da gestão de 143 escolas. Isso significa que empresários de quaisquer outros ramos poderão gerir as escolas. Como foi o caso da empresa de serviço funerário na capital paulista, que arrematou o leilão e possui inúmeras irregularidades em sua gestão. Indo ao contrário das metas propostas pelo Plano Nacional de Educação, que garante a gestão democrática das escolas, a privatização visa garantir os interesses dos empresários e seguir a ideologia mercadológica da educação. Ou seja, Tarcísio e seus comparsas querem enterrar de vez a educação pública.

Cresce também o nível de sobrecarga de trabalho e de assédio. Só de 2024 para 2025, centenas de salas de aulas foram fechadas e em muitas escolas, períodos noturnos inteiros foram fechados. Além de diminuir a quantidade de aulas ofertadas para os professores, as salas de aula ficam superlotadas. “São 41 alunos dentro de uma sala, entre esses, 3 são portadores de necessidades especiais. Dividir a atenção dessa maneira, para cada necessidade, é muito difícil. Não tem a mínima condição de ensinar assim”, diz a professora Lara, da Zona Leste. Já a professora Maria relata que se sente impotente e culpada por não ver os resultados que a Seduc (Secretaria de Educação) espera. Segunda ela: “A Seduc colocou essas várias metas, professor Ouro, professor Diamante, e não possibilitam a gente trabalhar da maneira que nós sabemos que é o melhor. Fui chamada atenção por não garantir a redação de todos na plataforma”, desabafa.

Com tamanho assédio e carga de trabalho, cresce o número de afastamento e licenças de cunho psicológico dos professores, sendo contabilizados 112 professores afastados diariamente. Não é possível esquecer o caso da professora Analu, da EE Maria Carolina em Diadema, que faleceu ao ser levada para o hospital após ter passado mal durante uma reunião pedagógica, em que questionava a quantidade de cobrança recebida.

Segundo João Suzigan, conselheiro da APEOESP em Campinas pelo Movimento Luta de Classes, “é preciso lembrar que a precarização da educação é um plano arquitetado para garantir a manutenção desse sistema de exploração que promove miséria para a sociedade. O governo pode tentar jogar com todos os seus peões, mas nada pode deter uma categoria mobilizada, unida e em luta por seus direitos, em defesa da educação e dos nossos empregos. Por isso, a construção da greve em cada escola é fundamental, para transformar as escolas em trincheiras de luta contra o governo fascista. Faremos assembleias nas nossas escolas, para discutir e encaminhar a greve por tempo indeterminado”.

A voz de professora Analu não será silenciada. Em memória de Analu e tantas outras que se dedicaram cotidianamente pela construção de uma educação que liberte das amarras deste sistema falido, os professores construirão uma forte greve em resposta aos desmandos do governo.

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