O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Norte votou a retirada dos títulos dos golpistas concedidos na época da ditadura militar, em uma movimentação importante na luta por memória, verdade e justiça.
Redação RN
No último dia 25 de abril, o Conselho Universitário da UFRN votou a revogação das propostas que concediam o título de doutor honoris causa aos fascistas da ditadura, Emílio Garrastazu Médici e Humberto de Alencar Castello Branco. A pauta é discutida desde a criação da Comissão da Verdade da UFRN, instalada em 2012, sendo publicado as recomendações em 2015. Diante das recomendações pautadas durante o trabalho da comissão, a luta pela retirada dos nomes que foram consignados por meio de homenagem, foi pautada como a 4ª recomendação.
“A concessão desses títulos foi uma injustiça, então não faz sentido mantê-los. Acredito que um dos pilares da UFRN é a democracia, então a revogação desses títulos hoje coloca a universidade novamente nos trilhos da democracia. Isso é o início, e a gente precisa rever outros títulos e outras homenagens, e acho que não existe momento mais oportuno para mostrar esse posicionamento politico, que a universidade precisa ter”, relata o professor Jefferson, que faz parte do CONSUNI e foi o autor da proposta de retirada dos títulos.
O título honoris causa é uma homenagem prestada por uma instituição, geralmente universidades, a uma pessoa que se destacou em alguma área do conhecimento e ofereceu uma contribuição positiva para a sociedade. Nesse sentido, a revogação é um ato de reconhecimento por parte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte do erro que cometeu contra os estudantes e professores que lutavam pela liberdade em nosso país. Estudantes e professores, entre eles Emmanuel Bezerra dos Santos, dirigente do Partido Comunista Revolucionário, foram perseguidos, torturados e assassinados com auxílio dos órgãos de espionagem da ditadura que funcionavam na UFRN à época do regime militar. Enquanto entregava os lutadores do povo, a universidade prestou homenagens aos carrascos fascistas da ditadura, que tanto oprimiram o povo trabalhador.
Essa revogação é resultado da luta e mobilização dos movimentos sociais e estudantes, que, no ano passado, conquistaram a diplomação dos estudantes da UFRN perseguidos pela ditadura, Emmanuel Bezerra dos Santos e José Silton Pinheiro. Nesse sentido, o debate sobre memória, verdade, justiça e reparação tomou mais força na Universidade, sendo a revogação desses títulos outro passo importante para combater a impunidade dos golpistas e o crescimento do fascismo em nosso país. Com a participação do Comitê Estadual da Verdade do RN e o Movimento Correnteza na votação e mobilização, por unanimidade foi votado a recomendação da Comissão da Verdade.
A luta continua para a retirada do nome do fascista Onofre Lopes do hospital da UFRN e o cumprimento da função social do antigo prédio da faculdade direito, ocupado pelo MLB em 2020 com intuito de moradia popular.
Ditadura nunca mais!