Vereadores da base do prefeito de Natal Paulinho Freire, que está sendo cassado por assédio eleitoral, abrem Comissão Especial de Inquérito para criminalizar as famílias do MLB
Redação RN
No último dia 26 de março, um grupo de vereadores da Câmara Municipal de Natal iniciou um ataque contra os trabalhadores pobres organizados nos movimentos sociais e que lutam por moradia, contra a fome e pela dignidade humana.
A medida de criminalização do MLB foi concretizada com a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as “recorrentes invasões” (segundo eles) a propriedades privadas, especialmente estabelecimentos comerciais. Hoje, para esses vereadores, a propriedade privada é mais importante que a vida de milhões de famílias que lutam pelo direito à moradia e à alimentação.
A “santa” propriedade privada da terra no Brasil foi constituída na base do roubo, do saque, do extermínio dos povos indígenas, da escravização do povo negro sequestrado, acorrentado e violentado para que genocidas e bandidos construíssem sua riqueza sobre o sangue e suor de quem realmente trabalha.
Não por coincidência, a maioria dos pobres e sem ter onde morar são negros e negras.
A tentativa de criminalizar o MLB veio a partir do vereador Matheus Faustino, do Movimento Brasil Livre e do partido União Brasil, o mesmo que apoiou e ainda apoia o réu Jair Bolsonaro, e está envolvido na Operação Overclean, investigação da PF que revela conexões entre cúpula do União Brasil e um esquema de corrupção, no qual pelo menos cinco membros do Diretório Nacional do partido e empresas estariam envolvidos para desviar recursos públicos.
O vereador fascista Fúlvio Saulo (Solidariedade) tentou defender a CEI evocando a Constituição, mas se esqueceu que oito milhões de pessoas vivem sem uma casa, enquanto existem 11 milhões de imóveis vazios no Brasil. Também não fez menção aos 428 mil potiguares que passam fome, segundo os dados do IBGE, e que os supermercados jogam no lixo cerca de 13 milhões de toneladas de alimentos todos os anos.
Esqueceu também que a Polícia Federal fez operação contra o seu partido, o Solidariedade, por desvios nos fundos partidário e eleitoral de 2022, assim como do presidente do seu partido, que foi alvo de mandado de prisão da PF por desvio de R$ 36 milhões.
Além disso, esses vereadores são da base do atual prefeito e nada dizem das denúncias de abuso do poder econômico e político da atual gestão da Prefeitura nas últimas eleições. Silenciam também diante da longa lista de crimes cometidos por Bolsonaro e pelos generais fascistas.
Portanto, não se trata de defender a Constituição, mas sim de uma tentativa de criminalizar a luta por justiça social. Vivemos em um sistema que favorece os ricos e persegue o povo pobre que luta pelo direito a uma vida com o mínimo de dignidade.
A notícia dessa perseguição ao MLB foi propagada em questão de minutos, quase ao vivo pelos jornais e mídia burgueses, mostrando que os meios de comunicação hoje são controlados e financiados pelos ricos e seus fantoches.
Não nos intimidaremos diante desse ataque covarde, que deixa claro de que lado estão esses vereadores, ou seja, do lado da especulação imobiliária, dos imóveis vazios, dos altos preços dos aluguéis, dos ricos e contra os pobres.
O que eles querem é mais e mais pessoas morando nas ruas, enquanto há imóveis vazios. O que querem é mais pessoas passando fome, enquanto as prateleiras dos supermercados estão abarrotadas, e toneladas de alimentos são jogadas no lixo para manter os altos preços.
Lutamos contra as injustiças sociais, lutamos para que cada brasileiro e brasileira tenha o direito a um lugar para morar e dar proteção a sua família e para que nenhum homem, mulher, criança ou idoso passe fome nesse país.
O MLB luta há mais de 25 anos porque, como diz seu lema: “Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!”.