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quinta-feira, 22 de maio de 2025

6º Congresso do MLB foi um marco na luta popular no Brasil

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Congresso do MLB reúne representantes de todo país para debater avanço na luta em defesa da moradia e do socialismo.

Tiago Lourenço | Contagem (MG)


LUTA POPULAR – Entre os dias 10 e 13 de abril, ocorreu o 6º Congresso Nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), na cidade de Contagem (MG), local histórico da primeira grande greve operária na ditadura militar fascista. Com a palavra de ordem “Unir o povo na luta pela moradia e o socialismo”, o evento contou com mais de 220 delegados e delegadas, de 18 estados brasileiros. Foi marcante a troca de experiências entre os participantes, mostrando o acúmulo alcançado em cada região, para desenvolver a linha política do Movimento e traçar os planos para o avanço da organização e das lutas nos próximos anos.

A abertura do evento contou quase 500 pessoas na Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte, com falas carregadas de espírito de combatividade, que reforçaram as tarefas que a conjuntura nos coloca: construir grandes lutas e ocupações. O próprio local da abertura simboliza muito para o MLB como um território livre da fome e do analfabetismo, exemplo de experiência de poder popular.

O segundo dia do Congresso debateu a conjuntura e as tarefas, principalmente a importância das lutas para o avanço e crescimento da organização. Mobilizar os núcleos para enfrentar a escala 6×1, para reivindicar a redução dos preços dos alimentos, reforçando que o MLB é um movimento social e político que levanta alto a bandeira da moradia, da reforma urbana e do socialismo. 

Falando pelo Movimento de Mulheres Olga Benario e pela Unidade Popular (UP), Indira Xavier, lembrou: “O nosso trabalho cotidiano é de levar esperança para o povo, de que é possível ter moradia, ter alimento, ter dignidade através da luta”. Já a companheira Poliana Souza, da Coordenação Nacional do MLB, afirmou: “enquanto existir um sem-teto, nós não temos o direito de abandonar a luta. Nossa tarefa é clara: transformar o MLB em um movimento de 8 milhões de famílias”, numa referência ao déficit habitacional no Brasil.

Fernando Alves, da Redação do jornal A Verdade, fez uma exposição sobre a conjuntura internacional e nacional, ressaltando que o acirramento da luta de classes no mundo, com guerras e genocídios contra os povos e aumento da concentração da riqueza nas mãos dos bilionários deve nos manter em alerta para aprofundarmos ainda mais nossa ligação com as massas trabalhadoras no Brasil.

Em seguida, foi mobilizado um ato em frente à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para denunciar a tentativa de reintegração de posse da Ocupação Eliana Silva. A manifestação caminhou até o antigo Dops (órgão de repressão da ditadura militar onde centenas de pessoas foram presas, torturadas e mortas), e que depois se tornou um presídio feminino, dando continuidade às atrocidades contra as mulheres, sendo desativado somente em 2015.

Hoje, o prédio está ocupado por militantes do Partido Comunista Revolucionário (PCR) e movimentos sociais para exigir que seja transformado em um memorial por direitos humanos. Falando pelo PCR, Claudiane Lopes apontou: “Não vamos descansar porque nossa luta é também para vingar a morte dos verdadeiros heróis do nosso povo, Manoel Aleixo, Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, e tantos outros. Cada um que está aqui é uma semente viva desses camaradas”. O ato também contou com a presença de Samara Martins, vice-presidente nacional da UP.

No trajeto da manifestação, as ruas da cidade ficaram vermelhas pelas camisetas do movimento, mais de 50 jornais foram vendidos, apoiadores estenderam camisetas do MLB nas janelas dos prédios e o asfalto de todo o caminho foi decorado em tinta branca com as palavras de ordem como “Viva o 6º Congresso Nacional do MLB”, “Pelo fim da escala 6×1” e “Viva o Socialismo!”.

O terceiro dia de atividades reforçou os pilares de sustentação da organização: a autossustentação e a agitação e propaganda. “O MLB é um movimento que trouxe esperança para as nossas vidas. Não é justo que a gente se furte de apresentar essa ferramenta para todo o nosso povo. Precisamos nos dedicar mais e mais, camaradas, para bater na porta de todo trabalhador, chamar pro Movimento e apresentar a eles a saída para o seu sofrimento”, afirmou Fernanda Lopes, do Pará. O principal eixo da construção material do Movimento são as contribuições mensais das famílias organizadas nos núcleos. O papel do jornal na luta ideológica e na formação dos militantes também foi bastante destacado.

Combatividade e alegria

Diversas falas combativas demonstraram a coesão e o espírito de luta dos militantes. Jeanete Gouveia, 75 anos, do Paraná, foi homenageada por estar na luta do MLB desde a sua fundação e declarou: “O comunista só se aposenta quando morre”.

O companheiro Gerson, de 48 anos, do Pará, conta como aprendeu a ler na luta: “O jornal A Verdade foi meu professor, foi ele que me ensinou a ler. E o MLB me ensinou a lutar com dignidade, com força e com garra”. Todas essas falas também demonstram a perspectiva revolucionária dos delegados e delegadas.

Para aprofundar questões mais específicas, 12 grupos de trabalho foram formados para debater temas como núcleos de base e ocupações, núcleos de luta e educação popular, fome, saúde e antitabagismo, agroecologia e comunidades tradicionais, juventude, espiritualidade e periferia, trabalho operário e luta contra as privatizações, mulheres, criminalização dos movimentos e luta antirracista, Programa Minha Casa, Minha Vida e autoconstrução, entre outros, construindo coletivamente a linha política e as resoluções do Congresso.

O último dia do evento foi coroada com canções combativas de autoria da própria militância, como do camarada Raimundo, de Diadema (SP), que canta “O MLB está lutando pra valer, o MLB está fazendo acontecer/ O MLB está lutando pra valer, a luta é grande, mas nós temos que vencer”. Também houve uma apresentação das crianças, com as palavras de ordem e as bandeiras do Movimento, preparada pela comissão de creche, mostrando que a educação política se constrói em todos os nossos espaços e como é indispensável creches bem planejadas nas atividades.

A nova Coordenação Nacional foi eleita por unanimidade ao final da atividade, com representantes de todos os estados onde existe trabalho e com a grande tarefa de organizar nacionalmente o movimento e quadruplicar o tamanho da nossa base até o próximo Congresso. A companheira Poliana Souza foi reeleita como coordenadora geral, reforçando na sua fala como é o trabalho coletivo que nos faz avançar: “Se não fosse o MLB, eu não estaria viva hoje! O MLB nos dá perspectiva e, com certeza, também transformou a vida de todas e todos que estão aqui. Por isso, quando cada um proposto para ser membro dessa Coordenação foi aplaudido, todos nós devemos nos sentir aplaudidos também. Quando um de nós for abraçado, se sinta abraçado também, porque nossa luta é coletiva”.

O 6º Congresso vem colocar toda a militância do MLB espalhada pelo país na direção da construção das grandes lutas de massas, das grandes ocupações com centenas de famílias, das ocupações de grandes redes de mercados, para enfrentar a especulação imobiliária, a fome, a carestia dos alimentos, a escala 6×1 e também para aprofundar o orgulho de construir o Movimento. “Faço parte dessa família do MLB com muito orgulho, com muita garra, porque é a nossa esperança, a esperança para aqueles que não tem mais confiança em nada”, conta a companheira Rosa, 63 anos, da Paraíba. “Eu quero saber que os meus filhos vão viver numa outra sociedade, sem violência, sem exploração, sem fome”, afirma a companheira Raquel, 39 anos, de Santa Catarina.

Todas essas lutas são degraus para construção de uma sociedade em que o povo trabalhador esteja no poder, controlando tudo aquilo o que produz com as próprias mãos. O fortalecimento do MLB em todo o país significa avançar a passos largos rumo à sociedade socialista.

Matéria publicada na edição n° 311 do Jornal A Verdade.

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