Glauber Braga percorre o país denunciando a perseguição política patrocinada por deputados fascistas e do Centrão.
Felipe Annunziata | Redação
BRASIL – Desde abril do ano passado, o deputado socialista Glauber Braga (PSOL-RJ) é vítima de um processo de perseguição política liderado pelo ex-presidente da Câmara Federal, o latifundiário de direita Arthur Lira (PP-AL), em conluio com provocadores do Movimento Brasil Livre. O deputado socialista é acusado de ter quebrado o decoro parlamentar por ter reagido a agressões realizadas por um provocador fascista, que xingava sua mãe, à época, em condições de saúde críticas. A mãe de Glauber faleceu alguns dias depois do episódio.
Desde então, Lira, que é o principal líder do Centrão (grupo de cerca de 300 deputados de direita que vivem do esquema do orçamento secreto), articulou a aprovação da cassação de Glauber, que foi aprovada no Conselho de Ética da casa no último dia 9 de abril.
O relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), e os outros 13 membros do Conselho que votaram pela cassação foram, de acordo com fontes do Congresso Nacional ouvidas pela nossa reportagem, previamente contatados pelo ex-presidente da Câmara para garantir os votos necessários para dar seguimento à cassação.
Durante a sessão do dia 09, os parlamentares que defendem o mandato democrático de Glauber tentaram obstruir a votação, mas os deputados do Centrão se utilizam de manobras regimentais para acelerar o processo.
“Vou permanecer aqui nessa sala da Comissão e no Congresso Nacional até o fim do processo e, a partir de agora, não vou me alimentar. Vou seguir aguardando aqui com uma decisão irrevogável de que não vou ser derrotado pelo orçamento secreto”, anunciou Glauber. Além da greve de fome, ele também agora recorreu à Comissão de Constituição e Justiça, último passo antes de o processo seguir ao plenário da Câmara.
Agora, o deputado socialista percorre todo país denunciando a perseguição politica e mobilizando militantes e apoiadores para pressionar os deputados do Centrão a votarem contra a cassação. Glauber já percorreu sete estados do país e se prepara para percorrer as demais 20 unidades da federação.
Por que o perseguem?
O deputado, que está no seu quinto mandato, tem se destacado pela defesa de pautas históricas da classe trabalhadora. Sem ter vergonha de se apresentar como um militante socialista num Parlamento cheio de fascistas, ele tem defendido o fim das privatizações, a auditoria da dívida pública, as reformas agrária e urbana, além de uma série de pautas históricas da esquerda socialista. Além disso, Glauber defende a luta contra a escala 6 x 1, a redução do preço dos alimentos, o aumento do salário mínimo e a luta pela punição dos fascistas e golpistas.
Mais recentemente, o deputado tem enfrentado o esquema do orçamento secreto, que tira R$ 50 bilhões do orçamento público e entrega para deputados e senadores poderem utilizar em esquemas de corrupção espalhados pelo país. Já há mais de uma dezena de investigações da Polícia Federal apontando que deputados que receberam emendas do orçamento secreto utilizaram esse recurso para obras superfaturadas, projetos inexistentes e para compra de votos durante o período eleitoral. O próprio relator do processo contra Glauber está na lista de investigados da PF.
Esse esquema é hoje uma das principais bases de sustentação do controle do Centrão sobre o Congresso Nacional e várias áreas do Governo Federal. Glauber tem denunciado todos os dias o envolvimento de Arthur Lira e vários deputados do Centrão nesses esquemas. No plenário da Casa, em suas redes digitais e com agitações políticas nas ruas do Rio de Janeiro, o deputado tem apontado os nomes. A cassação, portanto, é uma resposta dos deputados milionários do Centrão à atuação de Glauber.
Impunidade para fascistas
Não bastasse toda a armação durante a sessão do Conselho de Ética, a hipocrisia dos deputados de direita e fascistas ficou ainda mais evidente com o avanço do processo de cassação. Ao contrário de Glauber, mais de uma dezena de deputados fascistas do PL não receberam nenhuma punição por defenderem a ditadura militar fascista e fazerem apologia à tortura e até ao nazismo. A deputada fascista Carla Zambelli, até hoje, não foi punida no Congresso por ter perseguido, com uma pistola, um homem negro nas ruas de São Paulo na campanha eleitoral de 2022.
O caso mais absurdo é de Chiquinho Brazão, acusado de ter mandado matar Marielle Franco e já condenado pela Justiça. Até agora, seu processo de cassação não foi votado no plenário da Câmara.
O processo contra Glauber Braga é só um pretexto dos fascistas e do Centrão para perseguir quem defende propostas socialistas na sociedade. Na prática, o processo é um golpe contra a democracia e o voto de 78 mil eleitores do Estado do Rio de Janeiro. É preciso continuar a mobilização firme e combativa para barrar o processo de cassação.
Matéria publicada na edição n° 311 do Jornal A Verdade.