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quinta-feira, 15 de maio de 2025

Mesmo após perseguição, trabalhadores da SESÉ conquistam Assembleia

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Após perseguição e demissão de um trabalhador que lutava pelo direito dos terceirizados da Volkswagen, em São Carlos (SP), de serem representados na Comissão de Negociação, operários conquistam uma Assembleia. Isso porque nem o direito de eleger seus representantes vinha sendo permitido, o que só foi possível através da luta. A mobilização na categoria segue firme pela valorização dos terceirizados, contra a demissão injusta e pelo direito de se organizarem.

Redação SP


Após perseguição e demissão de um trabalhador que lutava pelo direito dos terceirizados da Volkswagen, em São Carlos (SP), de serem representados na Comissão de Negociação, operários conquistam uma Assembleia. Isso porque nem o direito de eleger seus representantes vinha sendo permitido, o que só foi possível através da luta. A mobilização na categoria segue firme pela valorização dos terceirizados, contra a demissão injusta e pelo direito de se organizarem.

A Assembleia Geral, que aconteceu nesta segunda-feira (12/5) devido à luta realizada pelos trabalhadores da SESÉ Logística juntos com o Movimento Luta de Classes (MLC), foi feita para eleger a Comissão de Negociação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) deste ano.

Fruto de muita luta, panfletagens, agitações e organização dos operários, os terceirizados conquistaram esse espaço, que aconteceu na troca entre o 1º e 2º turno da fábrica, para eleger um representante.

Isso representa uma vitória importante para a categoria que, como relatou o jornal A Verdade, se organiza desde o começo de abril contra a implementação de uma escala 6×1 na Volkswagen, além da associação do PLR a metas produtivas.

Trabalhadores organizados realizam panfletagens contra perseguição política. Foto: JAV/SP.
Trabalhadores organizados realizam panfletagens contra perseguição política. Foto: JAV/SP.

Porém, a categoria continua lutando por mais democracia nas Assembleias, contra a perseguição política que aconteceu na fábrica e contra a recente proposta de negociação recebida da SESÉ.

Terceirizados querem mais democracia nas Assembleias

Ronaldo*, operário da fábrica há vários anos, relata um descontentamento com a forma como a eleição aconteceu: “Essa Assembleia só aconteceu por conta da pressão dos trabalhadores e do MLC. Mas tinha que ter acontecido uma eleição com mais candidatos, o Alessandro já tinha se candidatado. Demitiram ele porque a empresa não queria ele como representante.”

Gabi*, que também trabalha na fábrica de motores de São Carlos, conta que faltou transparência na realização da Assembleia: “Queremos uma Assembleia às claras. Queremos que falem pra gente quando as coisas vão acontecer e como vão acontecer. Não queremos representantes que escondam nada da gente!”

De fato, essa Assembleia Geral, mesmo representando uma conquista muito importante dos operários em luta, foi convocada poucos minutos antes da troca de turno, pegando todos de surpresa.

E é claro que isso não beneficia os trabalhadores. Para a Assembleia ser verdadeiramente democrática, precisamos saber de antemão os pontos que serão discutidos, receber a convocação dias antes dela acontecer, e realizá-la em um horário em que estejam presentes todos os turnos.

Proposta da SESÉ para o PLR enfurece operários

Além disso, nesta quarta-feira (14/5), a SESÉ apresentou sua primeira proposta para o PLR deste ano. A amarração do sábado produtivo ao PLR foi barrada pela luta dos operários – mais uma conquista da classe em luta!

Porém, os gananciosos patrões da SESÉ apresentaram vários descontos no salário para o vale-refeição (VR) e o vale-transporte (VT), além de amarrarem o PLR à quantidade de atestados médicos que o trabalhador apresentar.

“Amarrar o PLR à quantidade de atestados médicos é um crime, isso não pode ser feito! O trabalhador não escolhe ficar doente, então por que a SESÉ quer descontar o que é nosso direito por causa disso?”, disse indignado Alessandro, operário da fábrica que sofreu perseguição política por lutar pelos terceirizados.

Outros operários notaram rapidamente que os descontos do VR e VT podem chegar a até 200% para alguns setores. Em média, os descontos representam 80% do valor anterior.

Num país onde a classe trabalhadora, por ganância dos capitalistas, está sofrendo com preços altos dos alimentos, esses descontos no salário representam um ataque à vida desses trabalhadores.

“Nosso ticket é muito baixo, não tem condição. Minha salvação é que minha filha mais nova parou de usar fralda. Antes, eu não sei nem como eu conseguia pagar as contas de aluguel, luz, água, comida e tudo mais. Meu VR ia inteiro pra fralda e leite”, lamenta Gabi.

A luta contra a perseguição política

A readmissão de Alessandro é mais um ponto que os terceirizados estão reivindicando. A Comissão de Negociação pode e deve exigir que esse operário, demitido por lutar pelo seu direito de ser eleito à negociação, seja readmitido.

A SESÉ demitir um trabalhador que estava se organizando para negociar melhores condições para si e seus colegas deixa bem claro o que essa empresa mais teme: a organização dos terceirizados, os trabalhadores se juntarem para exigirem aquilo que mais querem. É, no fundo, uma tentativa de intimidação aos operários.

É o que pensa Ronaldo: “O pessoal está com medo por causa da demissão, que foi proposital, foi um exemplo de perseguição política dentro da fábrica para intimidar os operários. Mas temos que exigir a readmissão do Alessandro. Aí vamos mostrar que não podem intimidar quem luta.”

* Nomes fictícios para proteger os trabalhadores

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