Em três meses, mais de 7 mil pessoas passaram a viver nas ruas no Brasil, que já soma 335 mil sem moradia. Em São Paulo, cidade mais rica do país, a população em situação de rua chegou a 96 mil. O avanço da miséria expõe a falta de políticas públicas e o agravamento das contradições do capitalismo.
Jesse Lisboa | Redação
BRASIL – A cada dia, mais brasileiros dormem nas calçadas, debaixo de marquises ou em barracos improvisados. Desde 2013, o número de pessoas em situação de rua cresceu 14 vezes. Esse aumento não é por acaso, mas explicita as contradições do sistema capitalista. Em São Paulo, capital mais rica do país, concentra 96.220 pessoas em situação de rua. A cidade que movimenta bilhões por ano também é palco de sofrimento para milhares que não têm sequer onde morar.
Em março de 2025, o Brasil tinha 335.151 pessoas vivendo nas ruas, segundo dados do Cadastro Único. O número é maior do que o registrado em dezembro de 2024, quando eram 327.925. Em apenas três meses, mais de 7 mil pessoas passaram a viver nessa condição.
É importante lembrar que esse fenômeno já foi descrito por Karl Marx em 1867, na sua obra, O Capital, em que chamou de Lei Geral da Acumulação Capitalista: “Ela condiciona uma acumulação de pobreza correspondente à acumulação de capital. A acumulação de riqueza num polo é, portanto, simultaneamente, acumulação de miséria, tormento de trabalho, escravatura, ignorância, brutalidade e degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz o seu próprio produto como capital”.
O aumento de pessoas em situação de rua tem nome e causa: o desemprego, a alta nos preços e a falta de moradia acessível. O modelo econômico, que prioriza o lucro acima da vida, deixa milhões de pessoas sem acesso a direitos básicos, como casa, comida e trabalho. O que sobra é exclusão.
Em vez de cuidar das pessoas, algumas prefeituras tentam esconder o problema. Em 2023, em Porto Alegre, por exemplo, a prefeitura preferiu “limpar” a cidade retirando os moradores de rua à força, em vez de oferecer apoio de verdade. Essa é a chamada “higienização social”: esconder os pobres como se fossem sujeira. É uma contradição absurda. O Brasil é um país cheio de riquezas. Mesmo assim, cresce o número de pessoas que vivem nas ruas. Por quê? Porque a riqueza está concentrada nas mãos de poucos, enquanto a maioria luta para sobreviver.
O crescimento da população em situação de rua também está relacionado com o fim das políticas de moradia nos últimos anos. Durante o governo do fascista Jair Bolsonaro, que sempre atacou os direitos do povo, praticamente nada foi feito para garantir casa para quem mais precisa.
Entre 2019 e 2021, Bolsonaro não contratou nenhuma nova obra de moradia popular. Só em 2022, e já pressionado pelas eleições, anunciou a construção de apenas 2.450 casas. Um número vergonhoso para um país onde mais de 8 milhões de famílias não têm onde morar.
A pergunta que fica é: por que milhões de trabalhadores que produzem a partir de seu trabalho as riquezas do país são pobres e correm o risco de ir para as ruas?
No Programa da Revolução Socialista Brasileira do PCR, diz: “A causa da pobreza e do desemprego no Brasil está no fato de as fábricas, terras, máquinas, prédios, transportes, etc. serem propriedade privada de um pequeno número de ricos. […] Dito de outro modo, o povo trabalha em benefício dos ricos, sob um contrato, em troca de um salário”.
Para mudarmos essa realidade, é necessário entender que o desenvolvimento do capitalismo só agrava a pobreza e a miséria. Mesmo com promessas de políticas públicas, a desigualdade só aumenta. Isso porque, enquanto o sistema capitalista continuar existindo no Brasil, os ricos continuarão ficando mais ricos e os pobres sendo jogados à margem. Ontem e hoje, a única saída real para mudar esse cenário é a revolução socialista, que pode abrir caminho para um país justo, onde todos tenham casa, trabalho e dignidade.