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terça-feira, 17 de junho de 2025

PREFEITURA DE JOÃO PESSOA (PB) DESPEJA FAMÍLIAS NA BARRA DE GRAMAME

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Gramame, bairro da zona sul de João Pessoa (PB) é alvo da especulação imobiliária e tem enfrentado uma série de perseguições por parte do governo local, que procura garantir aos empresários a terra, enquanto reprime os movimentos sociais e a sociedade civil organizada da região.

 

Redação Paraíba

 

Movimentos sociais resistem contra desmandos do governo local em Gramame, João Pessoa (PB)
Movimentos sociais resistem contra desmandos do governo local em Gramame, João Pessoa (PB). Foto: Redação JAV (PB)

 

LUTA POPULAR- O coletivo Nosso Lugar em Gramame, localizado na região sul da cidade de João Pessoa, é uma organização que protagoniza o debate socioambiental e o direito à moradia, promovendo atividades públicas na região do Parque do Cuiá e Barra de Gramame. Na manhã do dia 09/05, houve um violento despejo da sede da associação e residência de moradores da região, sendo mais um de vários que vêm acontecendo nos últimos meses, fruto do avanço da especulação imobiliária e da concentração fundiária na mão de poucos empresários da cidade. O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) têm se somado às mobilizações para fortalecer as lutas e fazer essa denúncia juntamente ao coletivo.

 

O Plano Diretor da cidade de João Pessoa, aprovado no fim do ano de 2023, decidiu pela entrega da região do bairro de Gramame à iniciativa privada, incentivando o processo de especulação imobiliária. Até então, o bairro fazia parte da zona rural da capital paraibana. Na época, a associação construiu uma resistência organizada, sendo uma das vozes mais ativas contra o plano. Recentemente, moradores denunciaram a atuação das grandes construtoras e grandes proprietários de terra do local, a exemplo de grilagem, expulsões arbitrárias, ataques ao meio ambiente e um absurdo acúmulo de terras[1].

 

Numa programação do Domingo Vermelho do MLB que ocorreu na sede do coletivo no dia 04/05 os mais de 30 moradores presentes discutiram os impactos da especulação imobiliária e o descaso geral da prefeitura ao bairro, que apenas recentemente passou a ser atendido de forma parcial com iluminação pública, e continua não tendo acesso à água, saneamento e aos transportes coletivos, que só realizam 3 viagens por dia. É preciso tornar evidente essa contradição: os moradores se organizam para garantir seus direitos à moradia e denunciar as condições precárias do bairro, e a prefeitura, que deveria estar à serviço de sua população, responde a essa organização com violência e despejo.

 

 

Despejos a serviço de quem?

 

A sede da associação já estava sob ameaça de despejo desde que o antigo interventor da reitoria da UFPB, Valdiney Gouveia, apresentou documentos que alegavam a posse da propriedade por sua família há mais de 35 anos. Mesmo com o coletivo ocupando e exercendo função social naquele terreno desde 2019, o processo de reintegração de posse não permitiu uma audiência para que os moradores e membros do coletivo pudessem apresentar os documentos comprobatórios da ocupação do terreno, mantendo assim, a ordem de despejo. Do mesmo modo, diversas famílias foram vítimas de despejo dos lugares em que vivem há anos, sendo, por vezes, intimidadas e agredidas pela presença de policiais civis e militares armados. Em um dos relatos, sem apresentar documentação apropriada ou processos de reintegração de posse, um suposto dono da propriedade e um policial militar demoliram uma moradia com um trator. O policial chegou a atirar e matar o cachorro dos moradores.

 

 

A luta continua!

 

Para o Jornal A Verdade, Manu Correia, cofundadora do coletivo Nosso Lugar em Gramame e militante do MLB, afirmou que “A nossa perspectiva é reconstruir uma nova sede, institucionalizar o coletivo, promover a alfabetização para as pessoas da Barra, aumentar as atividades educativas e de conscientização no Parque Natural Municipal do Cuiá, além de lutar com mais força por moradia digna. O MLB tem nos ajudado na assessoria jurídica, na conscientização política das pessoas, na construção de unidade entre a comunidade e no apoio às atividades pela luta por direitos.”

 

As atuações do MLB na Paraíba nos mostram que é possível propor um projeto diferente para o povo paraibano, do que o projeto burguês. Enquanto nos empurram o despejo, a especulação imobiliária e a gentrificação, nós respondemos com moradia popular, redes de apoio, e luta pelos direitos dos trabalhadores e pelo socialismo.

 

 

 

COM LUTA, COM GARRA, A CASA SAI NA MARRA!

PELO DIREITO À MORADIA, VIVA O MLB!

 

 

[1] Apenas um proprietário detém 841 propriedades na região.

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