Mesmo com problemas de abastecimento, a Aegea anunciou o aumento da tarifa de água no Rio Grande do Sul para 2025, deixando claro que sua preocupação principal não é garantir um serviço de qualidade e acessível para o povo.
Nícolas Behrens Leal | Charquadas (RS)
BRASIL – Desde que a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) foi vendida para a Aegea, empresa privada líder em saneamento no Brasil, pelo governador Eduardo Leite (PSDB), o povo vem enfrentando diversas dificuldades em relação ao abastecimento de água e percebendo a piora da prestação deste serviço tão essencial. Apesar dessa realidade, a Aegea anunciou o aumento da tarifa de água para 2025, deixando claro que sua preocupação principal não é garantir um serviço de qualidade e acessível para o povo, mas precarizar cada vez mais os serviços da antiga estatal e lucrar cada vez mais em cima do desespero do povo e da desassistência às prefeituras.
Além da frequente poluição da água que chega às torneiras e do frequente desabastecimento, a prestadora sequer se compromete a prestar satisfações à população, não informando ou informando de maneira imprecisa o povo e o poder público sobre seus serviços. É o que vem acontecendo, desde janeiro, em diversos municípios gaúchos. Apenas para exemplificar: a Aegea já deixou mais de 56 mil pessoas sem abastecimento de água por três dias inteiros em Charqueadas e São Jerônimo, dois municípios próximos à Região Metropolitana de Porto Alegre.
Essa situação é recorrente em diversos locais do Brasil em que os serviços básicos à vida da população são precarizados em nome do aumento do lucro de alguns empresários, que compram empresas bilionárias construídas com dinheiro público por um valor muitíssimo abaixo do mercado. A verdade é que essa precarização é culpa do neoliberalismo econômico e político, que nada mais é do que uma série de medidas que servem para desfazer tudo o que é público e que garante qualidade de vida para todos os trabalhadores e substituir por empresas privadas que não se importam nem um pouco com a população.
Além disso, o processo de privatização da Corsan no Rio Grande do Sul foi extremamente antidemocrático, passou por cima de diversas irregularidades. Sob pressão de Eduardo Leite, contra a vontade do povo e ignorando os debates públicos, a empresa foi vendida por R$ 4,15 bilhões, mesmo sendo uma empresa pública altamente saudável na época da venda e avaliada em pelo menos R$7 bilhões, segundo estudo solicitado pelo Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Estado do Rio Grande do Sul (Sintec/RS). Durante o processo de privatização, deputados da oposição e o SindiÁgua apontaram outras irregularidades na ganhadora da licitação.
Tudo isso deixa claro que, para o governo do PSDB, a classe trabalhadora não é uma prioridade, ainda que seja a maioria da população. Esta é uma característica recorrente nos governos do sistema econômico e político em que vivemos, o capitalismo.
Todas as privatizações no brasil demonstram que o Estado burguês só serve para beneficiar os ricos e que a solução para isso é organizarmos nosso povo em luta para garantirmos uma nova sociedade e um futuro digno para os trabalhadores, que só pode ser construído com a edificação de um Estado socialista.
Matéria publicada na edição n° 311 do Jornal A Verdade.