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terça-feira, 24 de junho de 2025

Onda de violência em Pernambuco escancara falência do capitalismo

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PMs reprimem manifestação no Recife. 2021. É isso que as autoridades destinam para a classe trabalhadora. Foto de Manu Rodrigues.

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) publicou os dados do último trimestre de 2025 em relação aos homicídios registrados em Pernambuco. As duas cidades mais ricas do estado e a mais rica do interior estão liderando esse ranking, algo que levanta uma reflexão sobre a realidade política de nossas cidades.

 

Airton Soares e Clóvis Maia–Redação Pernambuco

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) divulgou os dados dos homicídios registrados em Pernambuco no último trimestre e uma coisa chamou atenção. As três cidades mais ricas do estado são as que mais tiveram homicídios, são elas: Recife (159 mortes), Jaboatão dos Guararapes (61 mortes) e Petrolina (50 mortes). Acontece que essas três cidades são as duas mais ricas de Pernambuco, Recife em primeiro lugar, com um PIB de R$54 milhões, Jaboatão em segundo, com R$13 milhões e Petrolina, que apesar de ser a sétima economia do estado, com um PIB de R$5 milhões, é simplesmente a cidade mais rica do interior de Pernambuco.

Esses dados da violência levantam uma discussão que precisa ser feita: de um lado a escancarada hipocrisia da direita, que governam Petrolina e Jaboatão há décadas, mas também a mentira do PSB, que de Socialista só tem o nome, e que mesmo tendo apoio de partidos ditos de esquerda como o PCdoB, PT e PDT, servem para enganar o povo trabalhador, que vê na propaganda um Recife que não existe.

 

Petrolina: riqueza para poucos

 

No final do ano passado uma onda de violência tomou conta de Petrolina, no sertão pernambucano. Entre os dias 20 e 26 de Outubro de 2024, por exemplo, uma crescente onda de violência trouxe preocupação na população.  Pra piorar, o clima de insegurança tem como resposta do poder público local a repressão contra a população de rua e contra as periferias, para maquiar a situação. Giovanny Diniz Carvalho, de 36 anos, era Personal Trainer e foi assassinado a tiros no bairro Vila Mocó. Bruno Ramalho, empresário de 50 anos, foi morto em plena Orla da cidade.  Outra vítima, um jovem identificado apenas como Rafael, foi morta a facadas, dentro de casa, no bairro Pedro Raimundo.

Também no bairro Vivendas, tiros foram disparados durante a tentativa de homicídio contra um homem de 32 anos. Um jovem de 23 anos foi morto a tiros em um estabelecimento comercial no bairro Gercino Coelho e no fim de outubro um tiroteio em pleno Terminal Rodoviário resultou na morte de um jovem de 23 anos e deixou outras duas pessoas feridas. A cidade também lidera o número de casos de violência doméstica no sertão. Até novembro de 2024 foram registrados 2.532 casos.

Petrolina é a terceira cidade mais populosa de Pernambuco (414.083 mil habitantes em 2024 segundo o IBGE) e a 6° maior economia do estado. Ainda assim a situação da violência deixa escancarado que esse poder econômico não está servindo para resolver questões básicas como a segurança. A classe trabalhadora, que luta todos os dias para conseguir o pouco que tem, não quer ter suas coisas roubadas e sua vida interrompida. Porém, ao analisar com a lente do materialismo histórico, do marxismo e da estatística percebemos que essas soluções além de erradas são usadas como ferramenta para aumentar ainda mais a repressão no sistema que vivemos, o capitalismo.

A relação entre o aumento do policiamento e a diminuição da violência já foi provada como errada há muito tempo. Quando aumentamos o efetivo policial e aumentamos a violência da polícia o que acontece é justamente o contrário. Podemos citar por exemplo o Amapá, estado que registra proporcionalmente o maior efeito policial do Brasil (4,2 policiais militares para cada mil habitantes), lidera o ranking dos homicídios brasileiros (45,2 mortes por 100 mil). Santa Catarina fica no extremo oposto: tem o menor efetivo policial do Brasil (1,3 PMs por mil habitantes) e a segunda menor taxa nacional de homicídios (7,9 por 100 mil habitantes). Esse discurso falso de colocar mais repressão e não se preocupar com questões como saúde, educação e cultura continua sendo usado como um instrumento para um projeto de “limpeza” na cidade. Petrolina é governada pela direita há décadas e tem hoje na prefeitura Simão Durando, União Brasil.

 

Jaboatão dos Guararapes. A extrema direita destruiu a cidade

 Já a segunda cidade mais rica do estado, é governada há décadas pelas extrema direita. Jaboatão vem registrando desde 2022 um aumento nos registros de homicídios. Bairros populares como Curado, Prazeres e Cajueiro Seco estão entre os mais atingidos. Apesar de riquíssimo, o segundo mais populoso município de Pernambuco parece completamente abandonado, aparecendo entre as 10 piores ofertas de creches das cidades pernambucanas (Tribunal de Contas de Pernambuco de 2023) e se quer possuí um transporte municipal regular, apesar de um PIB milionário. Como resposta para a situação da violência, o Prefeito, Mano Medeiros (do PL) anunciou no início do mês a intenção de armar a Guarda Municipal, o que vai certamente causar mais problemas, especialmente para os mais pobres. Como se não bastasse, as chuvas, o desemprego, e a falta de um transporte público municipal são gargalos que demonstram o quanto a  cidade se encontra desassistida. Pra se ter uma ideia do abandono, a Prefeitura só recebeu as famílias do residencial Mércia de Albuquerque 2, de Cajueiro Seco, e da ocupação Selma Bandeira, de Dom Helder, depois de vários atos para exigir uma audiência pública com o poder local.

 

Recife: muita diferença entre a vida real e a propaganda

 

A capital de Pernambuco lidera o ranking estadual de homicídios do último trimestre. A cidade mais rica do estado é governada pelo PSB, com apoio de partidos ditos de esquerda como PT, PDT e PCdoB. Porém, quando olhamos para a realidade da cidade vemos que a propaganda da Prefeitura mente. Em 2024 houve um aumento de 4,8% de casos de homicídios na capital (de 597 casos em 2023 para 626 em 2024). Como resposta para o aumento da violência o Prefeito João Campos anunciou em abril que também seguirá a política da extrema direita de armar a Guarda Municipal recifense.

Com toda essa crescente violência e a inércia dessa falsa política, que mesmo disfarçada de esquerda, fica escancarado que, na verdade, estamos vendo é um projeto de uma elite para se manter no poder e lucrar às custas da população mais pobre seguindo as regras do sistema vigente. São grupos e famílias que enriqueceram com a administração pública enquanto vemos nossa população negra, nossos jovens e as periferias de um modo geral desamparadas. Em comum entre essas três cidades, as alianças e as disputas por poder, e o abandono ao ensino, cultura e saúde. Quando professores, enfermeiros ou outros servidores fazem greve, sabemos como tais autoridades tratam as categorias. Seja no âmbito local ou no internacional, o capitalismo prova cada vez mais que ele não tem serventia alguma para a classe trabalhadora, e que só tem como alternativa a organização popular ou mais miséria no capitalismo.

 

 

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