Cerca de 175 famílias de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba lutam contra o despejo. Ação é promovida pela COPEL, Companhia Paranaense de Energia, privatizada recentemente pelo governo de Ratinho Jr.
MLB PR
LUTA POPULAR – Após serem ameaçadas de despejo pela COPEL, Companhia Paranaense de Energia, cerca de 175 famílias do bairro São Jorge, em Almirante Tamandaré na região metropolitana de Curitiba se mobilizaram um ato em frente à prefeitura. O ato denunciou o descaso do governo e da empresa com a situação das família. Além disso, conquistou a suspensão das demolições das casas por 60 dias.
Desde 2020, a COPEL tem um projeto de expandir sua rede, mas ele só avançou após a privatização da empresa. Durante o processo de despejo em Almirante Tamandaré, o governo de Ratinho Jr trabalhou para omitir os prejuízos financeiros à COPEL e à imagem do governador, que desabriga centenas de famílias trabalhadoras pobres, em sua maioria, idosos e crianças.
Luta contra o despejo
Somente 33 famílias receberam a notificação com antecedência sobre a “irregularidade” de seus terrenos. Estas famílias poucas famílias conseguiram um acordo que promete a assistência da Companhia Paranaense de Habitação (COHAPAR) em convênio com a COPEL para que serem realocadas e receberem novas moradias.
Porém, o governo têm submetido a grande maioria delas ao constrangimento de promessas vazias. Com a privatização da COPEL em agosto de 2023 a companhia de energia simplesmente decidiu não cumprir o acordo firmado. A COHAPAR, ao invés de notificar as famílias e tentar um novo acordo, suspendeu as reuniões de conciliação. Por isso, a última reunião ocorreu exatamente no mês da conclusão da privatização.
Demolição não respeitou nem idosos
O caso só voltou à tona em 15 de julho de 2025, quando a COPEL demoliu três casas no bairro. Os moradores relataram que tiveram que se mobilizar para retirar os móveis da casa de uma senhora de 87 anos, enquanto as máquinas colocavam a casa abaixo. Após ficar desabrigada, a idosa não teve alternativa e precisou ir morar com seu filho em uma casa de três cômodos e oito pessoas.
Dezenas de moradores acabaram sendo notificados somente quando a data da demolição já estava marcada ou quando deveriam pagar uma multa por não terem abandonado o terreno no prazo determinado. Além disso, muitos denunciaram que tiveram que comprar seus próprios terrenos, pelos quais pagariam impostos, inclusive.
Outra idosa, Maria*, também de 87 anos, contou ao A Verdade que comprou a sua casa e possui até escritura do terreno. Mesmo assim, a idosa recebeu uma carta cobrando uma multa por permanecer no imóvel após o prazo de saída, do qual a notificação nunca chegou. Em depoimento ao jornal A Verdade, ela questionou: “se a escritura não vale, o que vale?”, demonstrando que o direito à propriedade está garantido para empresas capitalistas como a COPEL.
Privatização e precarização da energia
O governo do Paraná privatizou a COPEL em agosto de 2023, por meio de um processo antidemocrático e pouco divulgado pela grande mídia. A partir de uma mudança na legislação, o estado do Paraná não é mais o acionista majoritário e, por isso, perdeu o controle da companhia.
Passando para o controle do capital privado internacional, a empresa deixou de servir aos interesses do povo paranaense. Agora,e passou a ser, unicamente, mais uma ferramenta para a expansão do lucro e da exploração capitalista.
O despejo e o desamparo das famílias são uma prática política coordenada do governo do Paraná que tenta, explicitamente, garantir o lucro da empresa privatizada acima de tudo. Mesmo que para isso tenha de retirar dos paranaenses o direito à moradia e à dignidade.
Ao invés de propor alternativas efetivas de assistência às famílias, o poder público apenas conspira, junto à COPEL para retirar os moradores de suas casas.
Diante disso, resta aos trabalhadores se organizarem e reivindicarem um projeto político capaz de mobilizar as forças populares e revogar os projetos privatistas. Estes são levados a cabo pelo governo e interessam somente aos grandes capitalistas.
Barrar o despejo não é suficiente para garantir a segurança das famílias. É necessário revogar a privatização da COPEL e indenizar as famílias que tiveram as suas casas demolidas.
*Utilizamos nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados.