Enfermeiros da rede municipal do Recife encerraram, no fim de maio, a maior greve da categoria na história da capital pernambucana.
Redação PE
TRABALHADOR UNIDO – Em uma dura campanha salarial com a Prefeitura de Recife, os enfermeiros mostraram que não se rendem aos desmandos da gestão do prefeito João Campos (PSB). Com a data-base de janeiro desrespeitada e tendo uma vergonhosa proposta de 1% de reajuste salarial na mesa de negociações em abril, a categoria, liderada pelo Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco (Seepe) ocupou as ruas para exigir respeito e valorização.
Com a aprovação do estado de greve, a gestão suspendeu as negociações numa clara tentativa de intimidar os trabalhadores, que não abaixaram a cabeça e aprovaram uma greve geral com início no dia 08 de maio. A greve durou setes dias e foi a maior da história do município: adesão de 62% dos enfermeiros do Programa Saúde da Família (postos de saúde); 90% do Programa Mãe Coruja (programa municipal de acompanhamento de gestantes e crianças até seis anos); 30% dos enfermeiros da rede de saúde mental, policlínicas, maternidades e Samu.
Também houve um movimento de devolução dos plantões extras (os enfermeiros recebem hora-extra para cobrir a escala dos serviços onde faltam profissionais efetivos), o que resultou no fechamento de algumas unidades.
Com adesão crescente, chegando a ter a participação de mais de 250 enfermeiros em um dos atos organizados pelo comando de greve, a gestão não teve outra alternativa senão judicializar a greve. A Justiça decretou a greve ilegal, mas, numa decisão inédita, obrigou a gestão municipal a retomar as negociações com a categoria.
Após muita determinação e mobilização, finalmente a campanha salarial foi encerrada no dia 30 de maio, em uma grandiosa assembleia em que foi aprovada a proposta de 3% de reajuste no salário-base para enfermeiros de 40h e 4% para os enfermeiros de 30h; a criação da gratificação para os enfermeiros diaristas (pauta antiga da categoria); outros reajustes em gratificações; abono das faltas nos dias de greve.
“Só conquistamos esses avanços em relação à proposta inicial de 1% porque a greve mostrou a força da categoria. A categoria sai de cabeça erguida e confiante na greve como um instrumento efetivo de luta”, avaliou Ludmila Outtes, presidente do Seepe.
Matéria publicada na edição impressa nº314 do jornal A Verdade