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sexta-feira, 25 de julho de 2025

Prefeitura de Melo organiza operação contra trabalhadores da capital gaúcha

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Prefeitura mobilizou mais de 400 policiais em uma megaoperação que tem intimidado moradores no Loteamento Santa Terezinha em Porto Alegre.

Claudiane Lopes | Redação RS


Na manhã de sexta-feira (11) foi iniciada uma operação policial no Loteamento Santa Terezinha, antiga Vila dos Papeleiros, contando com 400 policiais, militares e civis,  cavalaria, força tática e helicóptero, sob o pretexto de “combater e asfixiar o tráfico e outros crimes no local”. 

A justificativa inicial seria cumprir 17 mandados de prisão por crimes de furto de cabos e tráfico de drogas, mas no mesmo dia, o tenente-coronel da Brigada Militar (polícia militar do RS), Hermes Völker, deu entrevista à mídia afirmando que “Essa é uma operação que se torna permanente, não sairemos mais do local. Permanecerá nossa base móvel, viatura da Força Tática, motos fazendo patrulhamento.”

De fato, a luta contra os crimes que roubam as vidas do povo trabalhador de diversas formas é uma luta legítima e popular. Mas o que os moradores do local têm relatado e vivenciado, passa muito dos limites de segurança pública e revela, mais uma vez, o uso do braço armado do Estado para intimidar a classe trabalhadora.

No início desta semana, por exemplo, circulou nas redes digitais um vídeo da prefeitura de Sebastião Melo “recolhendo”, por meio de equipamentos do DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana), materiais de trabalho dos catadores que vivem no loteamento. Os ataques aos trabalhadores mais precarizados da cidade, os catadores e recicladores, não são novidade – Melo investiu milhões em lixeiras anti-catadores pela cidade recentemente.

Além disso, as escolas da região buscaram contato com as famílias pela ausência dos estudantes nas salas de aula. Ao entrar em contato, as denúncias dos estudantes e familiares são de que não conseguem sair de casa, pois quando precisam sair, sofrem vários tipos de abordagens e há o receio de que as casas sejam destruídas – assim como os materiais dos catadores estão sendo recolhidos.

As crianças e adolescentes não vão para a escola por medo do que pode estar acontecendo. O pai de uma criança da região próxima ao loteamento, que frequenta escolinha na região, relatou ao Jornal A Verdade que, no caminho para levar o filho à escola, tentou perguntar aos servidores da EPTC o que estava acontecendo, mas foi tratado com truculência e grosseria. Ao chegar na escola infantil, a turma que normalmente está cheia, não tinha mais que 5 crianças. As outras foram impedidas de sair de casa.

Não há dúvidas que o tráfico, sempre foi financiado e sustentado pela grande burguesia, e o crime organizado, se colocam como inimigos do povo trabalhador. Mas não há dúvidas, não há nada que justifique a busca de 17 foragidos pela presença de um contingente tão grande policial, a ponto de colocar medo em toda a população e impedir que saiam de casa.

Nesse sentido, é fundamental lembrar que o loteamento Santa Terezinha, a Vila dos Papeleiros, está situado em uma região de grande interesse de construtoras e do mercado imobiliário, o 4° Distrito. A região vem sofrendo um forte processo de gentrificação nos últimos anos, por meio da instalação de bares e empresas, com moradores, inclusive, deixando o bairro que viviam há anos pela elevação dos preços dos aluguéis.

Também é fundamental lembrar que essa mesma polícia, a Brigada Militar, esteve em 2024, em um dia de muito frio e muita chuva, realizando o despejo da Ocupação Sarah Domingues, construída principalmente por famílias que perderam tudo nas enchentes.

Enquanto comunistas e comprometidos com a libertação da classe trabalhadora, não podemos aceitar que do povo seja tirado seu direito de morar com dignidade, suas ferramentas de trabalho, sua chance de estudar.

Precisamos estar atentos e denunciar as violências cometidas contra os moradores do loteamento Santa Terezinha, e jamais aceitar que o que estão vivenciando seja tratado como menos do que violência. Precisamos organizar os trabalhadores deste e outros bairros, para poderem ter cada vez mais uma atuação mais forte, lutar contra as violências da Polícia Militar, de Eduardo Leite e de Sebastião Melo. Para poderem seguir o exemplo de lugares como a Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte, onde a própria população organizada impede o crime e o tráfico no seu interior.

 

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