UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

As origens árabes do vaqueiro nordestino

Leia também

A figura do vaqueiro nordestino tem suas origens ligadas diretamente com o povo árabe. Essa relação reforça ainda mais nossas origens brasileiras, bem como nos ajuda a profundar nossos laços de solidariedade com o povo palestino, que tem sofrido com o genocídio promovido pelo Estado de Israel, com patrocínio do imperialismo norte-americano. 

Alberes Simão- Petrolina (PE)


CULTURA– O vaqueiro do sertão, esse herói das caatingas, que vem dessa região árida do nordeste brasileiro, são homens portadores de uma cultura que remete ao nosso passado, uma origem que muitas vezes não é lembrada, mas que se refere a cultura árabe, que chegou até o sertão do nordeste brasileiro por meio dos colonizadores portugueses, a partir do ciclo do gado. Lembrados pelo ‘aboio’, o canto de trabalho do vaqueiro, sua vestimenta característica, sua contribuição permaneceu na fazendas, sítios, vilarejos, pegas de bois e vaquejadas onde se adaptou ao sertão nordestino que permanece até hoje, marcando nossa cultura nacional.

 

Hoje a situação do genocídio da Palestina é assistido pelo mundo inteiro. Por meio das redes sociais, várias denúncias tem crescido junto a solidariedade mundial em favor desse povo que há décadas enfrentam um projeto colonialista promovido por um estado invasor, e resistem. Os palestinos, que são de origem árabe, estão também próximos de nosso povo, seja por meio dos imigrantes, especialmente do Líbano e Síria, mas também por sua cultura e tradições.

 

Segundo o Antropólogo Potiguar Câmara Cascudo, o aboio teria chegado ao Brasil através de escravos Mouros vindos da Ilha da Madeira, que carregavam um legado cântico pastoril arábico do deserto. Esses ‘cânticos’ remontam até a Arábia Saudita, mostrando o quanto temos de proximidade entre nossos vaqueiros e os árabes em suas tradições de enfrentamento ao solo rochoso das áreas desérticas, e sua   capacidade de resistir, se adaptar e transformar as dificuldades características em possibilidade de vida e trabalho, modificando a realidade ao redor. Quando falamos sobre o aboio, logo nos vem à mente a obra de Luiz Gonzaga, que com sua voz robusta e grave registrou inúmeras música onde registrou esse ritmo musical.

 

O aboio e uma convocação para guiar o pasto, assim como os árabes do sertão da Arábia saudita fazem com seus camelos. Luiz Gonzaga do Nascimento, levou o canto nordestino por todo país, retratando o vaqueiro e o lamento sertanejo em suas músicas, popularizou e eternizou o sentimento e a vivência daqueles que vivem no sertão nordestino, o sentimento de um povo trabalhador que vive da agricultura e do trabalho junto a terra.

 

 

Memória cultural

 

Desde 1971 é realizado no sertão pernambucano, na cidade de Serrita, a tradicional missa do vaqueiro, idealizada pelo padre João Câncio, o poeta Pedro Bandeira e o cantor Luiz Gonzaga em memória do vaqueiro Raimundo Jacó, que era primo de Luiz Gonzaga, que foi assassinado em 1954. A história de Raimundo Jacó se tornou um emblema da cultura do vaqueiro nordestino. A missa é realizada ao ar livre, anualmente no parque estadual padre João Câncio, como uma celebração da fé do sertanejo, onde ocorre apresentações culturais, premiações e a famosa pega de boi por dentro dos espinhosos galhos secos do sertão para se comemorar o dia deste guerreiro do semiárido nordestino e reavivar essa cultura popular que se renova.

 

Viva a cultura dos povos.

 

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos