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quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Campanha “Território Livre do Analfabetismo” chega ao RS

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No Rio Grande do Sul, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) lançou a campanha “Território Livre do Analfabetismo”, organizada pela Escola Nacional Eliana Silva, para alfabetizar jovens e adultos em ocupações e periferias de Porto Alegre. 

Helena Ew e Tâmisa Fleck | Porto Alegre (RS)


LUTA POPULAR – No Rio Grande do Sul ergue-se uma nova frente de luta pela educação popular: a campanha “Território Livre do Analfabetismo”, iniciativa da Escola Nacional Eliana Silva, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), para ensinar a ler e a escrever, além de promover a consciência política e o fortalecimento social para as famílias organizadas.

O primeiro passo da Escola no Rio Grande do Sul foi a formação de educadores populares, ocorrida no mês de maio, juntamente com uma campanha de arrecadação de materiais escolares e a mobilização de alunos nos núcleos organizados pelo MLB. Em junho, duas turmas foram formadas: uma na Ocupação Sepé Tiaraju, situada no Centro de Porto Alegre, e outra na Vila Santa Rosa, no extremo norte da cidade.

O analfabetismo segue como uma ferida aberta no Brasil, especialmente entre as camadas mais pobres e historicamente marginalizadas. Mais de nove milhões de brasileiros com mais de 15 anos ainda não conseguem ler e escrever um bilhete simples, número que equivale à população inteira do Estado de Pernambuco. No Rio Grande do Sul, quase 280 mil pessoas fazem parte dessa estatística, sendo que a taxa de analfabetismo é maior entre a população negra em todas as faixas etárias.

Nesse contexto, a Escola Eliana Silva representa uma ferramenta de emancipação e independência da população periférica, promovendo uma educação que se desenvolve a partir da realidade de quem aprende. Como relata Jair Borges Martins, um dos alunos e morador da Ocupação Sepé Tiaraju: “Em duas semanas de aula, já estou conseguindo escrever, que era a minha dificuldade. Os professores estão me ensinando o som e o significado das palavras. Hoje já estou bem mais desenvolvido, e aprendendo com meus colegas também”.

Inspirada pelo exemplo de Cuba, onde o próprio povo alfabetizou seu povo, a alfabetização popular se edifica como um dos pilares do MLB. Quando o direito à educação é negado, nos organizamos para construí-lo com nossas próprias mãos, com autonomia, solidariedade e consciência de classe.

Na luta e na palavra

Se o sistema nos nega as letras,

o MLB responde em brasa.

Onde a bandeira tremula,

a voz do povo ganha asa.

Se o sistema nos nega abrigo,

somos tijolo, mão e afeto.

O movimento anda contigo,

constrói chão, levanta o teto.

Se trancam portas da escola,

abrimos saber na marreta.

Doutor aqui é formado na luta,

mestra, quem ergue a caneta.

Na luta e na palavra,

se constrói o que nos foi negado.

Na marreta e na caneta,

erguemos o que foi roubado.

Não é favor, nem caridade:

é construção da dignidade.

Da mão que ocupa e cultiva,

nasce a liberdade coletiva.

Matéria publicada na edição impressa  nº319 do jornal A Verdade

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