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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Carta para Leandro

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Leandro, estudante de Nutrição, vice-representante da turma e ativo nos movimentos estudantis da universidade, nos deixa lembranças de dedicação, bom humor e amizade.


MEMÓRIA – O Leandro, ou melhor “meu louro”, como se referia carinhosamente a professora Osmarina, fazia parte da nossa subturma, a sub B. Era um colega/amigo, querido por todos, era tranquilo, alto astral, possuía uma presença marcante, muito além por ser “apenas” o vice-representante da nossa turma. Ele se dedicava de verdade a essa função, mesmo sabendo dos desafios que ela trazia. Sempre ocupou o cargo com muito carinho e responsabilidade. Era um dos poucos que conversava com todos da nossa sala, sem exceção.

Era um ótimo aluno, sempre se dedicou às atividades acadêmicas. Ter o Leandro no grupo de trabalho era sinônimo de tranquilidade, pois sempre fora um aluno esforçado que nunca nos deixava na mão. Sempre achava que ia mal nas provas, mas, quando saíam as notas, era sempre o contrário, só tirava notão. Era um dos últimos a sair da prova, muito dedicado em dar o seu melhor. Gostava dos professores (até daqueles de quem ninguém gostava) e levava tudo com bom humor nas conversas do dia a dia.

Puxo na minha mente lembranças ruins do Leandro, mas não consigo. Só imagino ele rindo nas aulas da professora Osmarina, respondendo as perguntas da professora Carla e fazendo os testes na Nutrição, onde era Iniciação Científica. Sempre que ele chegava na faculdade, brincávamos com ele o chamando de “meu louro”, ou falávamos das camisas das bandas que ele gostava.

Das últimas lembranças que tenho dele, perguntei como ele tinha ido na prova de Microbiologia. Ele disse que tinha ido super mal, que estava muito difícil. Mas, como eu já comentei, na hora que as notas saíram, a dele não foi baixa. É engraçado como ele sempre estava enganado em relação a isso. Também lembro do dia em que a Sub B foi ao SEDAN. Saímos muito tarde da última aula (já que o passeio era depois do almoço). Pegamos três ônibus e um ainda foi errado. Chegamos super atrasados, andamos muito, pegamos sol e chuva. Algumas pessoas ficaram molhadas por não terem levado sombrinha, inclusive ele. Todo mundo estava bravo e estressado, mas ele estava lá, todo tranquilo, sempre com aquela calma e aquele sorriso, mesmo com todos esses imprevistos…

Fora da sala, era engajado no laboratório da faculdade de Nutrição e participava de movimentos estudantis. No quarto semestre, lembro dele com o grupo Correnteza, indo de sala em sala sem medo de apresentar as propostas, inclusive ele já foi na nossa dizendo: “Pra quem não sabe, eu sou o Leandro”… Sempre defendendo aquilo em que acreditava, sempre lutando. Lembro-me dele concorrendo como chapa 2 na disputa do Centro Acadêmico de Farmácia e, mesmo tendo perdido, falou que tentaria de novo na próxima. Também me recordo de várias vezes em que o encontrei no sol, distribuindo panfletos pela universidade, sempre presente e atuante.

Mesmo sendo um pouco tímido, ele estava sempre incluído, ali com o nosso pessoal e com todo mundo, pronto para uma boa brincadeira com os amigos mais próximos.

Era vegetariano, gostava de chopp de pudim (ou qualquer outro docinho) e sempre que podia queria ir tomar café durante o dia.

Ele também não gostava de ser o último a apresentar trabalhos. Dizia que ficava nervoso, ansioso, e sempre pedia, se pudesse, para trocar de ordem. E, no meio de tudo isso, ele era alguém que quando você conversava, sabia te ouvir, sendo um assunto sério ou sendo só uma baboseira, ele se interessava de verdade, questionava, dava sua opinião, sempre com muito respeito por tudo e por todos.

Perdemos um representante e um grande amigo, que sempre lutou pelos direitos dos estudantes, o qual jamais será esquecido. Sua partida é muito dolorosa, para nós, seus colegas de classe que convivíamos com ele diariamente, nas aulas teóricas, práticas e estágio.

Todavia, é reconfortante lembrar da forma como ele viveu: com intensidade, entrega, humor e verdade.

Que possamos sempre nos recordar da essência dele. Um jovem inteligente, engajado, que sabia equilibrar seriedade com leveza. Um amigo. Um companheiro de sala.

Com carinho,

Subturma B.

Matéria publicada na edição impressa  nº319 do jornal A Verdade

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