Em 16 de junho, Trump ordenou a maior deportação em massa da história dos EUA, focada em imigrantes de grandes cidades, o que já gerou protestos e prisões em Los Angeles.
Natanael Sarmento | Diretório Nacional da UP
INTERNACIONAL – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu fazer uma cruzada de perseguições aos imigrantes de várias nacionalidades que vivem no país, alguns há várias décadas. Trata-se de mais uma política racista comandada por ele. Na sua primeira tentativa de reeleição à Casa Branca, foi derrotado nas urnas pela força do povo negro com o movimento “Vidas Negras Importam”, após o assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, há cindo anos.
Trump pretende prender e deportar o maior número possível de imigrantes. Para isso, ordenou, no último dia 16 de junho, a intensificação das medidas, que chamou de “o maior programa de deportação em massa da história”, mencionando especificamente as cidades mais populosas do país: Nova York, Los Angeles e Chicago.
O presidente chegou a enviar batalhões da Guarda Nacional para Los Angeles, no Estado da Califórnia, para reprimir os manifestantes, que tomaram as ruas da cidade por dias consecutivos. Foi imposto toque de recolher, e dezenas de pessoas foram presas. Posteriormente, o movimento, com o nome de No Kings (Sem Reis) se espalhou para várias regiões dos EUA, mobilizando especialmente a comunidade latina, mas também famílias de origem estadunidense há várias gerações que são contrárias à xenofobia.
Cuba, um caso especial
O triunfo e as conquistas da revolução anti-imperialista e socialista do povo cubano, em 1959, representam, de fato, a esperança de liberdade e vida digna para milhões de trabalhadores e trabalhadoras explorados em todo o mundo, particularmente, para os povos espoliados da América Latina, historicamente tratados como capachos pelos EUA.
A revolução expulsou as empresas estrangeiras exploradoras, transformou o trabalho análogo do escravo em trabalho social, universalizou a educação e a saúde, elevou a autoestima da pequena Ilha em grande país capaz de prestar solidariedade aos pobres e miseráveis de países bem mais ricos, como o Brasil, a exemplo dos médicos que Cuba exporta para o mundo.
Cuba, nos dias correntes, enfrenta os graves problemas da crise mundial agravados pelos ataques criminosos do bloqueio econômico dos EUA, os atos de sabotagens da CIA e a propaganda anticomunista patrocinada pelos monopólios capitalistas para desestabilizar o governo. Essa tática do imperialismo para retroceder aos tempos em que a Ilha era um balneário de lazer para ricos, com seus cassinos e bordeis de luxo, já dura mais de 65 anos.
Apoio do povo
A Revolução Cubana foi construída pelos heróis da pátria Fidel Castro, Ernesto Che Guevara, Raúl Castro, Célia Sanchez, Haydée Santamaria, Juan Almeida, Camilo Cienfuegos, entre outros, e pelo apoio decisivo do seu povo.
A manipulação da imprensa burguesa é desmascarada por memorando do governo estadunidenses assinado por Lestor Mallory, subsecretário para assuntos internacionais da Casa Branca. O documento oficial, intitulado “O declínio e a queda de Fidel”, deixa cair a máscara da propaganda da “ditadura cubana”. Com todas as letras, o governo imperialista reconhece o apoio da maioria da população e estabelece a estratégia para minar a popularidade e desestabilizar o governo: “Não podemos permitir que um país se torne comunista só porque a população o apoia”. Aí está a essência da hipócrita democracia do “mundo livre” burguês: desrespeitar a vontade soberana dos povos, submetê-los a seu jugo.
Aumenta o terrorismo dos EUA
Os parasitas capitalistas dos EUA nunca aceitaram a autodeterminação e libertação dos cubanos. As agressões contra a soberania de Cuba, o objetivo de derrubar o governo popular socialista passa a ser sistemático e continuado na política externa terrorista do Pentágono e da CIA, a serviço dos monopólios capitalistas.
O então presidente John Kennedy publica o Protocolo 3.447 decretando o embargo de todo comércio global com Cuba. Uma medida criminosa, verdadeira declaração de guerra para privar uma nação dos meios necessários à sobrevivência: insumos agrícolas, máquinas, equipamentos, tecnologia, medicamentos, equipamentos hospitalares, enfim, desintegrada do intercâmbio normal das nações do mundo, condenada ao isolamento pela força das armas ameaçadoras dos EUA.
Mas o povo cubano se reinventou criativamente e superou todas as dificuldades, com enormes sacrifícios. E sempre prestou a sua solidariedade internacionalista a todos os povos, todos os movimentos revolucionários e de libertação, na América Latina, África, Ásia. Neste período, no contexto da chamada “Guerra Fria”, foi fundamental o intercâmbio e colaboração com a União Soviética para minimizar os efeitos danosos do embargo. A derrocada da URSS e a consequente mudança das relações entre os países trouxe novos desafios e mais dificuldades para o povo e o governo de Cuba.
Nos governos Clinton e Bush, “democratas” ou “republicanos”, agem igualmente contra os trabalhadores e os povos, reforçam medidas restritivas do bloqueio criminoso contra Cuba, haja vista as “medidas legais” decorrentes da Lei Torricelli, de 1992) e a Lei Helms-Burton, de 1996.
Com a Revolução Bolivariana da Venezuela, sob a liderança de Hugo Chávez, as relações internacionalistas com Cuba minimizam os efeitos criminosos do bloqueio imperialista. Porém, mais boicotes, intervenções e sanções, invasões e sabotagens dos EUA para desestabilizar os governos da Venezuela e de Cuba são intensificadas.
No governo Obama, parecia que as classes dominantes se davam conta da falência dessa política externa e houve certa distensão nas relações com Cuba, sem, todavia, avançar a ponto de suspender o bloqueio e estabelecer relações normais conforme princípios do direito público internacional do respeito à autodeterminação dos povos negado a Cuba pelos EUA.
Com o fascista Donald Trump em seu primeiro mandato na Presidência dos EUA, a partir de 2017, as ações de Estado de caráter terrorista avançam e, em 2020, em plena pandemia de Covid-19, o prejuízo em Cuba é calculado em US$ 20 bilhões.
Casa Branca tinta de sangue
Maior organização do terrorismo internacional, os EUA são os principais responsáveis pelas guerras, genocídios, ameaças de guerra global nuclear e de catástrofe ambiental do planeta. Tenciona a geopolítica mundial para atender à busca de lucro dos monopólios das indústrias armamentistas, petrolíferas e do capital financeiro. Através de invasões e saques, de guerras, busca saídas para a crise, conquistando áreas de influência, dominando territórios e usurpando as riquezas de países subjugados. Promovem guerras de rapina, aprofundam as contradições interimperialistas e produzem a morte de milhares de civis, crianças, desterram os milhões de refugiados.
Diretamente, sustentando países prepostos, como Israel e Ucrânia, a Casa Branca tem suas mãos sujas com o sangue de milhares de pessoas mundo afora. A invasão da Ucrânia pela Rússia agrava ainda mais o sofrimento dos povos e trabalhadores dos dois países explorados por capitalistas neonazistas e imperialistas.
Na Faixa de Gaza e Cisjordânia, o povo palestino sofre o genocídio promovido pelo Estado sionista e colonialista de Israel apoiado pelos EUA. Os governos burgueses das potências ocidentais da Otan, da União Europeia e da Inglaterra são cúmplices desse massacre hediondo, apesar dos grandiosos protestos, generalizados, dos trabalhadores e estudantes em defesa da paz e do fim do genocídio em Gaza nas principais cidades desses países. Gaza envergonha a humanidade como campo de concentração a céu aberto, sem água potável, sem alimento, sob o bombardeio de um exército poderoso, centros hospitalares destruídos, crianças assassinadas, pessoas com fome. Apesar de tudo, cresce a consciência dos povos globalmente em solidariedade ao povo palestino que resiste, bravamente, à tentativa de ocupação do seu território.
A geopolítica do mercado mundial se configura numa bipolaridade entre blocos, um liderado pelos EUA/UE e outro pela China/Rússia, sendo igualmente inegável a diferença de métodos imperialistas e a tentativa de alargar a “rota chinesa” na criação dos BRICS nessa disputa capitalista para controlar os mercados e a economia mundial através dos monopólios.
Sem confundir eventuais alianças táticas com alianças estratégicas, tampouco sem arrefecer a luta de classes do proletariado contra a burguesia nacional e internacionalmente, entendemos que a emancipação do povo trabalhador não passa por escolhas de potências imperialistas nesta disputa, mas pela construção da unidade e luta internacionalista dos povos e trabalhadores em defesa da revolução proletária nos países capitalistas e a defesa das conquistas da revolução e contra o avanço do capital em países que já avançaram no caminho do socialismo.
Matéria publicada na edição impressa nº315 do jornal A Verdade