Professores e funcionários da educação têm protagonizado greves em vários estados neste ano para cobrar salários dignos e melhores condições de trabalho. As paralisações mobilizaram milhares em assembleias lotadas e enfrentaram a repressão de governadores e decisões judiciais.
Redação
TRABALHADOR UNIDO – Assembleias lotadas de profissionais da educação tem sido a realidade dos últimos meses em vários estados do país. Diante de anos seguidos de ataques à educação pública, professores e funcionários resistem e denunciam governos que tiram direitos, cortam verbas e tentam impor a militarização das escolas.
Em Alagoas, os trabalhadores da rede estadual fizeram 38 dias de greve para garantir valorização salarial e melhores condições de trabalho.
A greve foi encerrada no último dia 08 de agosto, após ofensiva autoritária do governador Paulo Dantas (MDB), junto com o Tribunal de Justiça. Essa, aliás, é hoje a regra pelo país: diante de massivas greves, os governadores de direita perseguem os grevistas na justiça burguesa.
Apesar disso, a greve mostrou a disposição da categoria. De acordo com Magno Francisco, professor da rede e militante do Movimento Luta de Classes (MLC), “a consciência de classe da categoria se desenvolveu, o que ficou revelado no crescimento da filiação ao sindicato, nas mobilizações, na participação nas assembleias e no crescimento do sentimento de mudança na gestão do sindicato”.
Greve no DF
Essa realidade também se repetiu no Distrito Federal, que, durante o mês de junho, viu uma das maiores greves da rede de educação da história. O governador Ibaneis Rocha (MDB), aliado dos fascistas, colocou a greve na justiça e conseguiu uma perseguição que incluía uma multa diária de R$ 1 milhão contra o sindicato.
Os trabalhadores resistiram e não saíram da greve. No entanto, a direção do sindicato recuou diante da pressão judicial e aceitou encerrar a greve com poucos avanços. Mesmo assim, ficou acordada a nomeação de três mil aprovados em concurso até o fim do ano e a criação de um Grupo de Trabalho para debater a reestruturação da carreira.
Reajuste salarial em SP
Em São Paulo, desde o início do mandato do governador fascista Tarcísio de Freitas (Republicanos), a educação pública vem sofrendo vários ataques. A situação levou a categoria à greve para defender melhores condições de trabalho. Os professores paulistas acumulam perdas salariais, as escolas ainda estão sob a ameaça da privatização e da militarização, que deve ser implementada em dezenas de escolas já neste semestre.
“A greve levou milhares de professores às ruas, indignados e revoltados com a situação da categoria, mas também com muita disposição de transformar essa realidade. Muitas escolas tiveram adesão de 100%. Em algumas, até atividades de paralisação junto com os estudantes e responsáveis foram realizadas para que a comunidade escolar acompanhe a precarização e lute por uma educação pública de qualidade”, afirmou Thaís Gaspirini, professora da rede estadual e militante do MLC.
A greve foi uma importante demonstração de unidade da categoria, pois mostrou a disposição de construir uma luta ainda mais combativa. Foi devido à repercussão positiva que a categoria obteve vitórias importantes, como o reajuste salarial de 5%, ainda que insuficiente para recompor a perda salarial de anos.
Belo Horizonte
Já em Belo Horizonte (MG), a greve dos professores da rede municipal durou quase um mês, em junho, organizada pelo SindRede/BH. O estopim para deflagrar essa greve foi o vergonhoso índice de reajuste salarial de 2,49% oferecido por uma das prefeituras de maior orçamento do Brasil.
No período de greve, o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) estava em Israel, em meio a bombardeios, fazendo negócios com um Estado genocida, em vez de estar na cidade negociando com os professores.
A greve foi forte e importante, marcada pela união da categoria, com assembleias lotadas, com mais de dois mil professores. Os trabalhadores arrancaram alguns benefícios, mas, nem de longe, o que a classe merece e precisa. Mas as reivindicações e a luta continuam.
Movimento sindical
Na realidade, as jornadas grevistas dos profissionais da educação do país neste ano mostram a necessidade de se construir uma alternativa combativa, classista e revolucionária no movimento sindical da educação.
É preciso elevar a consciência da categoria para disputar as direções sindicais, defendendo ações unificadas e combativas que conduzam a vitórias concretas e, ao mesmo tempo, promover um amplo debate sobre as transformações necessárias para a educação pública e para o nosso país.
Matéria publicada na edição impressa nº319 do jornal A Verdade