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sábado, 16 de agosto de 2025

Prefeitura do Recife abre portas para privatização da Rua do Bom Jesus

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A Prefeitura do Recife iniciou processo para privatização: repassar a manutenção e a gestão da Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife Antigo, à iniciativa privada.

Jesse Lisboa e Ludmila Outtes | Recife – PE


BRASIL – Seguindo à risca a cartilha privatista que avança sobre os serviços e espaços públicos em todo o país, a Prefeitura do Recife, sob a gestão de João Campos (PSB), anunciou mais um ataque ao patrimônio do povo recifense. Com o pretexto de “parceria” e “adoção”, a gestão municipal iniciou um processo para entregar o controle e a manutenção da histórica Rua do Bom Jesus, no coração do Recife Antigo, para a iniciativa privada.

A medida, cinicamente chamada de “Contrato de Adoção”, é um mecanismo de privatização disfarçada que busca transferir a responsabilidade da Prefeitura para o capital privado, abrindo um precedente para a apropriação de um dos mais importantes símbolos culturais e turísticos da cidade. Sob a desculpa da falta de recursos – um resultado direto do sucateamento programado dos serviços públicos –, a prefeitura oferece o espaço em troca de manutenção, permitindo que a empresa “adotante” explore sua marca em um local de imenso valor simbólico.

Para a secretária do Gabinete do Centro do Recife, Ana Paula Vilaça, a iniciativa não representa uma privatização. Ao transferir a gestão do patrimônio público para uma empresa, o poder público submete o interesse coletivo à lógica do lucro e do marketing corporativo. O que impede que a empresa selecionada passe a ditar as regras de uso do espaço, priorizando eventos de seu interesse em detrimento das manifestações culturais populares que tradicionalmente ocupam a rua?

Este projeto não é um caso isolado. Ele se insere no mesmo contexto do projeto privatista da governadora Raquel Lyra (PSD) para a Compesa, e da agenda de privatizações do governo federal, a exemplo da privatização do metrô. É o avanço do capital sobre os bens que pertencem ao povo, transformando direitos em mercadorias e espaços públicos em vitrines para grandes corporações.

O que está em jogo na Rua do Bom Jesus é a disputa pela cidade. De um lado, o poder público, que se exime de suas responsabilidades e atua como um mero facilitador para os interesses empresariais. Do outro, a classe trabalhadora e os movimentos populares, que veem seus espaços de convivência, cultura e memória serem entregues à ganância dos grandes ricos.

Movimentos culturais e populares do Recife já denunciam que a medida representa um passo em direção à higienização e elitização do Recife Antigo, expulsando os trabalhadores informais, os artistas de rua e a população mais pobre que vivem e constroem a identidade daquele lugar. A quem servirá uma Rua do Bom Jesus “revitalizada” por uma empresa privada? Aos turistas e às elites, ou ao povo que a construiu?

É fundamental que a classe trabalhadora e a sociedade civil se mobilizem para barrar mais este ataque. A luta contra a privatização da Rua do Bom Jesus é a luta pelo direito à cidade, por um espaço público que sirva aos interesses da maioria, e não ao lucro de uma minoria.

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